Soraya Thronicke criticou fortemente uma encenação antiaborto realizados no Senado. Durante esse evento, a contadora de histórias Nyedja Gennari fez uma performance antiaborto, transmitida ao vivo pela TV Senado, que gerou grande repercussão e foi alvo de críticas. Thronicke, em resposta, desafiou a contadora a encenar situações de estupro envolvendo familiares de parlamentares. Ela questionou: “quero ver ela encenando a filha, a neta, a mãe, a avó, a esposa de um parlamentar sendo estuprada. […] Se encenaram um homicídio aqui ontem, que encenem o estupro”.
Thronicke argumentou que se uma parlamentar fosse estuprada e engravidasse, ela deveria levar a gestação a termo, seguindo a linha conservadora que se opõe ao aborto. Ela destacou a hipocrisia de que ninguém delibera sobre o corpo dos homens, enquanto as mulheres são constantemente sujeitas a regulamentações sobre seus corpos. A senadora concluiu reafirmando sua oposição ao aborto, exceto nas exceções previstas em lei: quando a gestação é resultado de estupro, para salvar a vida da mulher, e em casos de feto anencefálico.
A atuação de Soraya Thronicke no Senado também expõe a hipocrisia da representação política na democracia burguesa. Embora ela se apresente como uma defensora dos direitos do povo, suas ações frequentemente beneficiam os interesses da classe dominante. Foi eleita senadora pelo estado do Mato Grosso do Sul em 2018 pelo Partido Social Liberal (PSL), o mesmo partido de Jair Bolsonaro na época. Sua eleição nesse contexto já indica uma clara aliança com a agenda política conservadora e neoliberal que Bolsonaro representava. Em 2022, Soraya lançou sua candidatura à Presidência da República pelo partido União Brasil, um movimento que reflete sua contínua busca por protagonismo político e sua adaptação às necessidades e interesses da classe dominante. Esse paradoxo é uma característica inerente ao sistema político capitalista, onde a verdadeira democracia é substituída por um teatro de fachada.
O fato de Soraya Thronicke ter se elegido pelo PSL, partido que alavancou Jair Bolsonaro à presidência, e posteriormente ter lançado sua candidatura presidencial pelo União Brasil em 2022, demonstra sua constante ligação e dependência dos interesses burgueses. Esses partidos são conhecidos por suas agendas neoliberais e conservadoras, que favorecem a elite econômica e empresarial do país. Sendo ela própria empresária, Soraya tem interesses particulares que se alinham com a classe dominante, reforçando sua atuação como representante dos mesmos no cenário político.
Esse “teatro político” não é um fenômeno novo, mas um reflexo da dinâmica de poder vigente na sociedade capitalista. Os políticos, em sua maioria, são representantes dessa classe dominante e desempenham papéis que visam perpetuar a ideologia burguesa e manter as massas trabalhadoras subjugadas. Nesse contexto, Soraya Thronicke atua como uma atriz nesse grande teatro, onde suas ações são calculadas para atender aos interesses de seus financiadores e aliados políticos, enquanto desvia a atenção das reais necessidades do povo trabalhador.
Ademais, o PL 1904/2024, conhecido como PL do Aborto ou PL da Gravidez Infantil, é uma pauta que serve principalmente para os políticos burgueses aparecerem na imprensa em ano de eleição. A verdadeira intenção desse projeto de lei é permitir que esses políticos se apresentem como defensores da moral e da religião, alinhando-se à ideologia dominante que aliena a classe trabalhadora. Nesse contexto, pouco importa se o PL será aprovado ou sancionado, pois o objetivo principal já foi alcançado: garantir visibilidade e apoio popular através da manipulação ideológica.
A luta pela emancipação feminina está intrinsecamente ligada à luta de classes. A opressão das mulheres na sociedade capitalista é uma ferramenta de controle utilizada pela burguesia para manter sua dominação. A luta por direitos reprodutivos, igualdade salarial e contra a violência de gênero são, portanto, parte integrante da luta mais ampla contra a exploração capitalista.