O agente sionista André Lajst, presidente da StandWithUs Brasil, um órgão dedicado a fazer propaganda em favor do Estado de “Israel”, tem se esforçado para mascarar as características fascistas do sionismo. Em publicações feitas na rede social X (antigo Twitter) no dia 24 de janeiro, ele procura conferir uma cobertura “liberal”, “plural” ao movimento que vem, há mais de sete décadas, esmagando a ferro e fogo o povo palestino.
É possível ser pró-Israel e pró-Palestina?
A primeira tese de Lajst é a de que é possível ser “a favor do direito de ambos os povos à autodeterminação nacional”. “Ser a favor de Israel existir como nação não significa ser contra os palestinos”, afirma o sionista.
Tudo o que podemos dizer é que a história, desde 1948, pelo menos, quando da fundação do Estado israelense, contraria de maneira acachapante as afirmações de Lajst. A tese dos “dois Estados”, um palestino, outro israelense, é justamente a que vem sendo aplicada desde sempre. E o resultado dela? Precisamente a situação que temos hoje: os palestinos não têm o seu próprio Estado, não têm direito algum à autodeterminação, vivem encaixotados nos limites de duas estreitas faixas de terra e sob uma ditadura militar cujas características só encontram paralelo nos regimes fascistas da Itália fascista e da Alemanha nazista.
Cinicamente, Lajst oculta que já está em vigor a tese dos “dois Estados” e que ela é simplesmente uma miragem. Sob o guarda-chuva dos “dois Estados”, a única realidade existente é o Estado de “Israel”, e não poderia ser de outra maneira. O Estado de “Israel” foi fundado sobre a limpeza étnica do povo palestino, sobre o roubo de suas terras e sobre a opressão sistemática deles. Trata-se de um traço constitutivo do Estado israelense, sem o qual ele não poderia existir. O Estado de “Israel” destrói, a cada dia, toda e qualquer possibilidade de autodeterminação do povo palestino. O genocídio do povo palestino está aí para provar todos os dias o absurdo da tese dos “dois Estados”. Nesse sentido, ser pró-Israel, isto é, ser favorável à existência do aparato político sionista, é, sim, estar contra os palestinos, estar contra a autodeterminação desse povo.
A negação do genocídio palestino
Lajst qualifica a acusação da África do Sul, levantada no âmbito da Corte Internacional de Justiça, de que “Israel” estaria cometendo genocídio, como “falsa” e “insustentável”. Para ele, tal acusação “é uma forma perversa de propaganda, que busca demonizar o povo judeu, que sofreu, sim, um verdadeiro genocídio”.
Lajst tenta se safar fazendo a ressalva de que negar a existência de um genocídio na Palestina “não significa apoiar toda e qualquer ação do governo israelense”, mas isso não é senão pura tergiversação. Lajst quer atacar a ação sul-africana, que acusou, corretamente, o Estado israelense de cometer genocídio.
Não há outra palavra para descrever a ação sionista que não “genocídio”. Só em 1948, durante a Nakba, as milícias sionistas expulsaram 750 mil palestinos nativos de suas terras, destruíram mais de 500 aldeias, cometeram mais de 30 massacres brutais e assassinaram mais de 13 mil palestinos como resultado dessa operação. Esses são os números apenas do ano de 1948, um ano chave e decisivo e, por isso, também mais mortal, mas ainda assim, trata-se de um único ano.
Desde então, lá se vão mais de 70 anos de opressão, massacres, assassinatos, bombardeios, prisões arbitrárias e ilegais, mais expulsões etc. Lajst declara que isso não consiste num “verdadeiro genocídio”, e tenta lançar o velho e ardiloso estratagema da “demonização do povo judeu”, um recurso cuja função é apenas criar uma distração para se desviar do real problema.
Voltemos, no entanto, à trilha da realidade, da qual Lajst tenta fugir. Quem está sendo esmagado neste exato momento, alvo da brutalidade criminosa do aparato repressivo israelense, é o povo palestino, e não o povo judeu. Negar essa realidade é apoiar, sem ressalvas, o genocídio do povo palestino.
É possível ser solidário aos palestinos repudiando o Hamas?
A cada tese lançada, Lajst injeta uma nova dose de cinismo à sua argumentação. Mais adiante, ele diz que “é possível ser solidário aos palestinos, desejar um cessar-fogo imediato e, ao mesmo tempo, reconhecer o sofrimento dos israelenses, repudiar os crimes do Hamas no 7 de outubro”. Segundo ele, o conflito na Palestina é “complexo” e exigiria “formas não-binárias” (sic) de pensamento como “o único caminho para a paz”.
Lajst se diz solidário aos palestinos, mas repudia a ação do Hamas, que, para ele, seria “terrorista”. O verdadeiro sentido do que Lajst quer dizer é o seguinte: é possível ser solidário aos palestinos desde que estes permaneçam como escravos dóceis e pacíficos. Repudiar o Hamas é o mesmo que repudiar a luta e resistência palestinas. O Hamas não é um raio em céu azul, uma entidade alienígena ou extemporânea. O Hamas é o produto da experiência de anos e anos de luta da resistência palestina. É quem de fato dirige a luta pela real autodeterminação dos palestinos, que Lajst diz tanto defender.
Ao repudiar a ação do Hamas, Lajst repudia os próprios palestinos. Nada do que diga tem condições de alterar isso.
O Hamas teve o mérito histórico de levar a luta dos palestinos pela sua libertação ao ponto mais alto de sua história até hoje. É justamente isso que Lajst repudia ― o avanço das condições políticas de libertação dos palestinos. O presidente da agência de propaganda sionista no Brasil se esforça para parecer “liberal”, “razoável” e “moderado”, mas o sionismo, a ideologia que fundamenta sua atuação, fala mais alto e cobra seu preço. A suposta solidariedade aos palestinos é uma farsa. Melhor seria dizer que se trata de uma provocação.
O que é ser sionista?
“Ser sionista nada mais é do que apoiar a autodeterminação do povo judeu. Tentar demonizar essa palavra – arrancando-a do seu contexto histórico ligado ao sonho de uma minoria perseguida ter seu próprio país – é parte do problema. Nunca escondi isso e aqui volto a repetir letra por letra. O sionismo é um movimento nacional plural. Da mesma forma que muitos brasileiros têm ideias distintas de como o Brasil deve ser governado, também em Israel e entre os sionistas do mundo inteiro”, explica Lajst.
A definição de Lajst a respeito do sionismo é simplesmente falsa. Dizer que o sionismo é um movimento de autodeterminação equivaleria a dizer que os judeus são um povo lutando para constituir um Estado próprio em seu território. Mas o caso de “Israel” não tem absolutamente nada a ver com isso.
“Israel” é produto da invasão de cidadãos europeus, financiados pela burguesia europeia, a um território ocupado por outro povo, os palestinos. Não se trata de nada parecido com qualquer movimento de autodeterminação, mas antes corresponde inteiramente a um movimento colonial, opressor.
O sionismo jamais foi um movimento do “povo judeu”. Trata-se de uma corrente política surgida dentro de uma faixa minoritária da comunidade judaica europeia que defendia a constituição de um Estado fundado sobre bases essencialmente coloniais e raciais. Fundado sobre um território ocupado por outro povo, ele não poderia se apoiar senão no esmagamento, no despojamento e no aniquilamento desse povo. Sendo um Estado oficialmente “judeu”, ele não poderia existir senão inserindo uma divisão dentro da própria população existente em seus limites: enquanto os “judeus” são cidadãos plenos, os árabes e palestinos, isto é, a população nativa, são cidadãos de segunda categoria.
O sionista, seja de direita, de centro ou de esquerda, defende impreterivelmente essa entidade política colonial e racista. Não é por outro motivo que não há nada mais parecido com um fascista do que um sionista liberal.




