Há um nome que, por semanas, tem sido o centro dos holofotes: P. Diddy. Sean John Combs, mais conhecido como Diddy, é um rapper norte-americano que recebeu destaque pelas acusações que vão de assassinato a tráfico humano, operando uma rede de abusos e estupros. O ponto de virada desse escândalo, no entanto, se dá pelo fato de que as denúncias não envolvem apenas Diddy. As vítimas e os algozes incluem nomes conhecidos da música e do cinema de Hollywood, como Jay-Z, Rihanna, Justin Bieber, Will Smith e seu filho, Jaden Smith, entre outros.
A crise teve início em novembro de 2023, quando a cantora Cassie, sua ex-namorada, processou Diddy, alegando violência física e coerção sexual durante o relacionamento. Cassie, que começou o namoro aos 19 anos com o então empresário de 37, descreveu uma relação marcada por agressões e situações em que era forçada a participar de atos sexuais não consensuais. Dias após a denúncia, surgiram mais acusações de estupro e violência contra o rapper.
Em março de 2024, vídeos de câmeras de segurança revelaram Diddy agredindo Cassie em um hotel, com cenas em que o músico e empresário derruba sua então namorada, a agride com socos e pontapés, tanto em pé quanto no chão, e a arrasta pelo hotel, aumentando a pressão sobre o artista. Pouco depois, uma investigação resultou na apreensão de armas, drogas, diversos lubrificantes, munições e outros materiais nas residências de Diddy em Miami e Los Angeles. O rapper foi formalmente preso em setembro de 2024 e acusado de operar um esquema criminoso que envolvia exploração e coerção sexual.
Ao longo de sua carreira, Diddy conquistou vários prêmios e foi proprietário de diversas gravadoras e empreendimentos, como a vodka Ciroc. Os assassinatos dos artistas Tupac e Notorious B.I.G., por exemplo, estão ligados a um nome em comum: P. Diddy. Ambos os rappers foram mortos em tiroteios em 1997, mas as investigações ainda não chegaram a uma conclusão. Suspeita-se que as mortes ocorreram por motivos comerciais, já que Tupac e Notorious eram os maiores nomes da gravadora rival de Diddy. Essa suspeita é reforçada por declarações de Charlie, a ex-namorada de Diddy.
Dois anos depois, em 1999, Diddy se envolveu em outro tiroteio, no qual três pessoas foram baleadas. Enquanto um amigo de Diddy foi acusado e detido por tentativa de homicídio, o rapper apenas recebeu uma acusação formal de porte de arma ilegal e foi absolvido poucos dias depois.
Vários artistas que faziam parte da gravadora de Diddy relataram, a partir de então, que presenciaram e foram vítimas de abusos sexuais cometidos por ele e por outras pessoas associadas à sua empresa. Entre os eventos mais sombrios estão as chamadas “Freak-Offs”, festas organizadas por Diddy que, segundo testemunhas, duravam dias e envolviam trabalhadores sexuais drogados e forçados a participar de atos prolongados. Essas festas foram filmadas por uma equipe profissional e usadas como chantagem contra as vítimas, que incluem figuras conhecidas como Rihanna, Justin Bieber e Jaden Smith.
O caso de Justin Bieber é particularmente emblemático. Descoberto por Diddy e Usher, há um vídeo em que Diddy, ao conhecer Bieber ainda menor de idade, diz: “Não tenho a guarda legal de Bieber, mas pelas próximas 48 horas ele estará comigo e vamos enlouquecer”. Uma década depois, Bieber supostamente denunciou as “Freak-Offs” na letra e no clipe de sua música “Yummy”.
O escândalo reflete a decadência de Hollywood e da indústria do entretenimento sob o imperialismo, onde jovens talentos são explorados pela indústria capitalista e, se souberem demais ou desagradar, podem ter destinos trágicos, como Aaliyah e Lisa Lopes, cujas mortes até hoje não foram esclarecidas. As denúncias envolvendo Diddy estão diretamente conectadas à crise moral e estrutural da classe artística dos EUA, que espelha a própria crise do imperialismo.
Se Diddy cair, diversos nomes importantes poderão cair junto, como Jay-Z e Will Smith. Já são 11 processos contra Diddy, que incluem crimes de conspiração, extorsão, tráfico sexual, homicídio, abuso de menores e tráfico de drogas.
A defesa de Diddy já pediu sua liberdade três vezes, todas negadas. O último processo de estupro envolve 120 pessoas, sendo 25 menores de idade. “Todos que sabiam, consentiram ou participaram devem estar preocupados, pois em breve estarão no banco dos réus”, declarou o promotor, que também prometeu que bancos, indústrias e farmacêuticas podem ser implicados junto aos artistas mencionados.