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Brasil

O que o Banco Central deveria fazer diante da disparada do dólar

As consequências da inércia do BC para equilibrar o valor do real são que o País fica com maiores taxas de inflação e menor capacidade de investimento

A economia brasileira vem sendo vítima de um ataque especulativo contra a moeda nacional, o real, o que vem provocando aumentos expressivos e inexplicáveis da cotação da principal moeda do comércio mundial: o dólar. A consequência deste desequilíbrio são os prejuízos sofridos pela economia, pelas reservas internacionais do País e principalmente para os trabalhadores, que perdem o poder de compras devido ao aumento generalizado da inflação acarretado com o encarecimento de tudo o que a nação precisa importar, o que se tratando de uma economia atrasada, é sempre uma quantidade significativa de bens.

A disparada do valor do dólar traz como consequência aumento dos preços dos produtos importados como matérias primas, vestuário, eletrônicos e até alimentos, que por sua vez implica na diminuição do poder de compra dos salários, devido à alta dos preços dos produtos.

Quando isso ocorre na economia, é dever do Banco Central atuar no mercado, exercendo a política cambial para conter a tendência à alta da moeda estrangeira. As opções disponíveis são vender dólares no mercado, aumentando a oferta e assim, forçando preço para baixo, e também pode fazer as chamadas operações de swap, trocando contratos com taxas pós-fixadas por pré-fixadas e com isso, contendo a tendência de elevação do valor do dólar.

Com o aumento da inflação, o Banco Central  tende a aumentar ainda mais os juros para diminuir o consumo e reduzir a pressão inflacionária, o que favorece a especulação financeira, onde os banqueiros obtém maiores retornos em aplicações financeiras ao invés de aplicar o dinheiro em investimentos produtivos com menores rendimentos.

Não há consenso de que essa política dá bons resultados, uma vez que as crises são sempre de excesso de produção não de consumo e a inflação tem como resultado diminuição do poder de compra dos salários e neste momento, ela está sob controle, fechando o ano de 2023 em 4,62%, conforme dados do IBGE. A expectativa do Conselho Monetário Nacional para 2024 é de 3,25% com variação entre 1,5% e 4,75%.

O Banco Central está se omitindo de interferir no mercado do dólar, como resultado de políticas que estão em desacordo com a política econômica do governo federal, numa queda de braço com o presidente e que leva a economia brasileira rumo ao abismo. Isso não aconteceria se o Banco Central não fosse independente do governo, pois tanto o governo como o Banco Central trabalham com o mesmo objetivo, mesma política econômica.

Encontramos no sítio do Banco Central a definição de suas funções, que são as seguintes:

“O BC gerencia o meio circulante, que nada mais é do que garantir, para a população, o fornecimento adequado de dinheiro em espécie. Garantir a estabilidade do poder de compra da moeda, zelar por um sistema financeiro sólido, eficiente e competitivo, e fomentar o bem-estar econômico da sociedade”.

A alta do dólar está ocorrendo em todo o planeta, não só no Brasil, e é resultado do aumento da taxa de juros nos EUA devido ao aumento dos custos de produção, de transporte e desequilíbrio entre oferta e demanda de produtos lá.

Sendo o dólar a moeda internacional de troca, o aumento dos juros internos afeta a economia de todo o planeta negativamente, exportando os custos elevados internos para todos os países que precisam comprar dólares mais caros para as transações comerciais internacionais.

Dentro desse quadro, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, vem alegando que não baixa mais os juros devido à política fiscal do governo que não está cortando gastos no nível que ele acha adequado, porém o desequilíbrio fiscal não é preocupante, como indica o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostrando que o déficit dos últimos doze meses ficou em R$ 27,5 bilhões e no mesmo período de 2023 apresentou resultado superavitário.

Como vimos acima, a alta do dólar não tem nada a ver com a situação fiscal e sim com a política de ajuste de juros internos nos EUA. Como comparativo, temos a dívida interna dos EUA, em 123% do seu PIB, o que corresponde a mais de 34 trilhões de dólares. Prova que o problema fiscal não é o fator chave.

Com políticas de juros altos os bancos são favorecidos pois aumentam seus lucros, por viverem de juros. Considerando que a maioria dos estados nacionais estão bastante endividados, inclusive o Brasil, quanto maior a taxa de juros maior fica a dívida pública desses estados.

Há muitos anos o governo federal gasta mais de 40% do orçamento com o pagamento dos juros da dívida, conforme informações da Auditoria Cidadã da Dívida, perdendo muito a capacidade de investimentos em infraestrutura, saúde, educação e transportes, prejudicando a qualidade de vida da população.

As consequências da não intervenção do Banco Central para equilibrar o valor da moeda nacional são que o País fica com maiores taxas de inflação, menores chances de equilíbrio fiscal com déficits altos e menor capacidade de investir na economia. Além disso, a falta de ação do Banco Central leva o mercado ao total descontrole com situação de alta crescente do dólar, um caos que prejudica muito a economia nacional.

Com o valor da moeda equilibrado o governo federal tem maior capacidade de  gerar investimentos que por sua vez melhoraria o nível de emprego, aumentaria a produção de bens e serviços e consequentemente, a lucratividade das empresas e finalmente, a arrecadação . 

Assim, a economia teria as condições de aumentar a produção interna e reduziria a dependência de fatores externos como a alta dos juros nos EUA. Com o dólar supervalorizado, uma parte significativa da renda nacional é enviada a eles, e o Brasil reduz a capacidade de melhorar a economia e sair da crise.

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