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HISTÓRIA DA PALESTINA

O que governos trabalhistas dizem sobre o ‘sionismo de esquerda’

A tentativa de criar uma distinção entre “sionismo progressista” e a ala mais abertamente racista e belicista dos partidos de direita é um golpe para enganar incautos

Ben-Gurion and Golda Meir

A ideia de um “sionismo de esquerda” é uma contradição em termos, desmentida pela própria história dos governos trabalhistas de “Israel”. Desde a fundação do Estado sionista, com David Ben-Gurion à frente, até as supostas iniciativas de paz nos anos 1990 com Yitzhak Rabin e Shimon Peres, os líderes trabalhistas desempenharam um papel central na consolidação da política expansionista e na opressão brutal contra o povo palestino.

A retórica de um “sionismo de esquerda”, que supostamente conciliaria a existência de um estado judeu com a justiça social e a harmonia com os palestinos, se desmancha diante das ações concretas desses governos: a mesma prática de expulsão, massacres e ocupação que os partidos abertamente de direita promoveram.

O exemplo mais sangrento da “esquerda” sionista é a Nakba (catástrofe), liderada por Ben-Gurion em 1948. O governo de Ben-Gurion colocou em prática um plano calculado e sistemático de expulsão dos palestinos de suas terras, forçando cerca de um milhão a fugirem de suas casas e se tornarem refugiados. Essa limpeza étnica foi o verdadeiro alicerce do Estado de “Israel”, criando uma maioria judia às custas de uma população que até então ocupava aquelas terras há séculos.

O próprio Ben-Gurion, que gostava de se apresentar como um líder pragmático e progressista, admitiu em várias ocasiões que o objetivo era destruir as aldeias palestinas para impossibilitar o retorno dos moradores expulsos, tamanha a monstruosidade da operação. Aldeias inteiras foram varridas do mapa e os sobreviventes sofreram tortura, execução e deportação. Essas ações, iniciadas por um governo trabalhista, definiram o padrão para as décadas seguintes: expandir o controle sobre a Palestina, sem reconhecer a legitimidade dos direitos do povo palestino.

Outro marco da repressão dos governos trabalhistas foi durante a administração de Levi Eshkol, responsável por desencadear a Guerra dos Seis Dias em 1967. Sob o comando de Eshkol, Israel lançou ataques que resultaram na ocupação da Cisjordânia, da Faixa de Gaza, de Jerusalém Oriental e das Colinas de Golã. A guerra ampliou as fronteiras do Estado sionista, dobrando o número de palestinos sob domínio militar israelense e levando à construção massiva de assentamentos ilegais—política que perdura até hoje.

Eshkol também foi responsável pela criação dos primeiros assentamentos em Hebron, uma das ações mais provocativas da ocupação, transformando a vida da comunidade palestina local em um pesadelo diário. A resposta militarizada e violenta à Resistência Palestina durante o governo de Eshkol deixou claro que o “diálogo” que os trabalhistas defendiam era, no fundo, um monólogo sustentado pelo uso da força.

Golda Meir, que chefiou o governo trabalhista entre 1969 e 1974, personificou o desprezo absoluto pela existência do povo palestino. Sua famosa afirmação de que “não há palestinos” encapsula o racismo descarado e a desumanização que sempre estiveram no cerne do sionismo, seja de direita ou de esquerda. Sob seu governo, a repressão aos palestinos foi intensificada, enquanto o regime de apartheid se consolidava nos territórios ocupados. Mesmo diante de uma conjuntura internacional que começava a questionar mais veementemente as práticas israelenses, Meir se manteve intransigente na defesa do expansionismo do enclave imperialista sobre os territórios árabes e na repressão criminosa contra os palestinos.

O discurso enganoso da paz só emergiu com Yitzhak Rabin e os Acordos de Oslo em 1993. É preciso lembrar, no entanto, o que motivou o governo trabalhista a entrar nessa farsa: a Intifada (palavra árabe que significa Revolta, sendo usada para descrever insurreições revolucionárias). A primeira Intifada (1987-1993) colocou em xeque o projeto sionista como nenhuma outra revolta palestina havia feito antes.

A mobilização em massa dos palestinos desafiou a ocupação militar, desgastou o poder de repressão de “Israel” e recolocou a questão palestina no centro das discussões em todo o planeta. Os Acordos de Oslo, por sua vez, não foram uma vitória, mas uma manobra desesperada para desmobilizar o levante e fragmentar a resistência palestina. E quem melhor do que Rabin, um general que esteve diretamente envolvido na repressão da revolta e em inúmeras ações militares contra palestinos, para negociar uma “paz” que, na prática, significou a expansão dos assentamentos, o confisco de mais terras palestinas e a continuação do cerco aos territórios ocupados.

Oslo foi um divisor de águas ao promover a ilusão de uma “paz justa”, mas a realidade é que o número de assentamentos nos territórios ocupados dobrou durante o período que se seguiu aos Acordos. Rabin, o “homem da paz”, intensificou a construção de colônias e permitiu que a violência dos colonos contra palestinos se alastrasse, o que logo minou qualquer credibilidade que as negociações pudessem ter. Para o povo palestino, Oslo se tornou sinônimo de traição e desespero: uma prova de que os trabalhadores israelenses e suas lideranças jamais abandonariam o sionismo e seu caráter colonialista.

A posição de Rabin foi posteriormente mantida por Shimon Peres, que o substituiu após seu assassinato e continuou a implementar políticas repressivas. Peres pode até ser lembrado como um dos “arquitetos da paz”, mas sua administração promoveu o cerco militar à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, além de consolidar a presença militar nos postos de controle que sufocam a vida diária dos palestinos.

Durante seu governo, a ocupação se intensificou sob o pretexto de “segurança”. Enquanto assinava documentos em frente às câmeras, a máquina de guerra israelense massacrou o povo palestino na Operação “Vinhas da Ira”, um ataque brutal que deixou mais de 100 civis mortos no Líbano e ampliou a repressão nos territórios palestinos.

A história dos governos trabalhistas israelenses é marcada pelo uso de uma retórica que mascara sua verdadeira intenção: a manutenção de uma ditadura sionista que nada deixa a dever ao nazismo e não tem outro objetivo além de oprimir com a máxima brutalidade o povo palestino. O sionismo, seja ele de direita ou “de esquerda”, é uma política criada para facilitar a manutenção da colônia imperialista no Mundo Árabe, razão pela qual “Israel” é tão apoiada por esses países.

A tentativa de criar uma distinção entre “sionismo progressista” e a ala mais abertamente racista e belicista dos partidos de direita é um golpe para enganar incautos, tentando dar ao colonialismo sionista uma fachada de civilidade. Os fatos, contudo, não mentem: enquanto houver ocupação e enquanto as políticas de apartheid continuarem, não há “sionismo de esquerda”, só há sionismo—um projeto de dominação colonial e criminosolda .

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