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Política Internacional

O que explica o resultado das eleições na Europa?

Crescimento da extrema direita em toda a região é consequência da falência da política do imperialismo

No último domingo (9), chegou ao fim a votação para o Parlamento Europeu. Em praticamente todos os países da União Europeia, viu-se o mesmo fenômeno: um crescimento avassalador da extrema direita. Nesse sentido, o pleito foi um verdadeiro desastre para a direita tradicional, ou seja, para o imperialismo e seus representantes.

O caso da França é um dos mais demonstrativos deste crescimento. O partido de Marine Le Pen, o Reagrupamento Nacional, venceu em quase todos os 96 departamentos (o que seriam os estados no Brasil). Contando a região ultramarina da França, que incluiu países como a Guiana Francesa e a Polinésia Francesa, de cinco departamentos, os partidários do atual presidente, Emmanuel Macron, venceram apenas em quatro.

Roxo: Reagrupamento Nacional; Rosa claro: União à esquerda; Amarelo: Ensemble; Vermelho: A França Insubmissa

No geral, o Reagrupamento Nacional teve 31,36% dos votos até o fechamento desta edição, mais que o dobro da votação do partido de Macron, que ficou com 14,6% dos votos. Em termos absolutos, o grupo de Le Pen obteve cerca de 7,7 milhões de votos, apenas um milhão a menos do que obteve nas eleições presidenciais de 2022.

Trata-se de um resultado inédito. A dominação da extrema direita é tão grande que muitos analistas da imprensa burguesa já começam a afirmar que Le Pen caminha para ser a próxima primeira-ministra francesa.

A crise gerada pelo resultado foi tão grande que Emmanuel Macron, presidente do país, foi obrigado a dissolver a Assembleia Nacional (uma espécie de Congresso Nacional) e convocar novas eleições para o final de junho. Uma prova de que a vitória da extrema direita teve consequências importantes para o regime.

A maioria parlamentar de Macron está comprometida, afinal, ele está indo para as eleições legislativas após uma profunda desmoralização diante dos resultados em questão. Ele foi obrigado a convocar um novo pleito no sentido de que, se não fizesse nada, por já ter perdido a maioria na eleição direta, teria um desgaste cada vez maior.

É uma tentativa de controlar a situação política e, nesse sentido, uma aposta. Afinal, ele tem o poder da máquina pública, algo que usará para garantir a maioria no Parlamento. Entretanto, a crise é tão grande que até mesmo isso pode falhar, pois, ao ir para as eleições com uma votação tão significativa no Parlamento Europeu, a extrema direita francesa cria uma onda a seu favor.

Independentemente disso, fato é que a extrema direita deve ganhar muitos assentos e deve crescer, algo que, por si só, já coloca o governo Macron em uma situação de total instabilidade — maior do que já está.

Na Alemanha, a situação é ainda pior se considerarmos que a Alternativa para a Alemanha (AfD) consegue ser ainda mais fascista que o Reagrupamento Nacional. Lá, a AfD passou de 11em 2019 para 17 assentos no Parlamento Europeu, ficando em segundo lugar. Enquanto isso, os social-democratas (SPD), do primeiro-ministro Olaf Scholz, ficaram em terceiro lugar, com 14% dos votos, devendo ficar com 14 cadeiras, duas a menos que em 2019.

Para um balanço mais detalhado das votações, confira o artigo abaixo:

Dominação imperialista sobre a Europa se esfacela

Por que a extrema direita cresceu tanto?

Os resultados apresentados neste artigo são o suficiente para se fazer a seguinte pergunta: qual a causa deste verdadeiro desastre para o imperialismo?

O grande culpado pelo avanço eleitoral da extrema direita é a própria política dos partidos que representam o setor principal do imperialismo. É culpa do neoliberalismo, é culpa do apoio à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), do apoio à Ucrânia, do apoio a “Israel”. Nesse sentido, o resultado das eleições expressa uma verdadeira liquidação da política do imperialismo.

A rejeição popular a essa política é muito grande. Não é à toa que os resultados mais expressivos vieram da França e da Alemanha, os dois principais países não só da União Europeia, como também da OTAN.

O imperialismo simplesmente não consegue manter a sua autoridade sobre as massas, e isso vale para todo o planeta. Na Europa, esse fenômeno se agravou devido à crise econômica que se instaurou na região após as sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra o combustível russo.

Qual deve ser a posição da esquerda?

Finalmente, o que a esquerda europeia deve fazer diante deste avanço avassalador da extrema direita? O resultado das eleições na Áustria indicam o melhor caminho a ser traçado.

Lá, a extrema direita ficou em primeiro lugar, com cerca de 25% dos votos, mas a dita extrema esquerda também cresceu consideravelmente. Ou seja, não é que há uma adesão ideológica da população à política da extrema direita, trata-se de uma rejeição à política do imperialismo e, consequentemente, um aumento da polarização.

A extrema direita cresce mais que a extrema esquerda porque a esquerda está completamente acuada. Essa tendência de revolta da população, consequentemente, se agrupa na extrema direita, que, mesmo que por meio de uma política demagógica, consegue se apresentar como uma alternativa à política neoliberal. A esquerda, por outro lado, segue a reboque do imperialismo.

Ainda dá tempo para a esquerdar romper com essa política e apresentar às massas uma alternativa popular tanto à política do imperialismo, quando à política da extrema direita.

Para isso, entretanto, necessita de uma mudança muito radical em sua política social, econômica e até mesmo na ligada aos costumes. Caso contrário, a situação se tornará cada vez pior para as organizações populares.

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