Na última quinta-feira, 7 de março de 2024, o presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, concedeu uma entrevista ao canal Arte da Guerra, no YouTube. O comandante Robinson Farinazzo, anfitrião do canal, convidou Rui Pimenta por ocasião de sua recente viagem ao Catar, onde se encontrou com o birô político do partido palestino Hamas. Diante desse importante fato jornalístico, Farinazo perguntou ao presidente do PCO sobre a viagem, as reuniões e pediu informações de interesse do público brasileiro sobre as opiniões e funcionamento do Hamas, além de outros temas internacionais.
Para começar, o presidente do PCO explicou o que levou o partido brasileiro a buscar o encontro com os líderes do partido palestino: “nós [PCO] apoiamos a Palestina desde sempre. A luta dos palestinos, para nós, é uma das questões fundamentais da situação política internacional e da luta dos povos. É um caso especial.” Para aprofundar no tema, ele esmiuçou o histórico do apoio do partido à luta dos palestinos, esclarecendo que o apoio do Partido ao Hamas vem de muito antes do 7 de outubro. Em seguida, falou sobre como conseguiram a reunião, através de contatos com a comunidade palestina no Brasil. O objetivo da viagem, segundo Pimenta, era “tirar o estigma de bicho-papão do Hamas. Queremos mostrar o Hamas como o que ele é: um partido político sério.” Ele falou também rapidamente sobre as reuniões e entrevistas que o partido realizou e deu uma impressão geral sobre os dirigentes palestinos.
O entrevistador quis saber sobre o esquema de segurança do Hamas no local. Sobre isto, Rui Pimenta respondeu que há uma equipe grande, mas não é algo muito ostensivo. O presidente do PCO destacou que os líderes palestinos são pessoas experientes e tocam o trabalho de maneira tranquila. Porém, salientou que “todas as pessoas com quem a gente se entrevistou estão marcadas para morrer pelo Mossad”. Farinazzo concordou com essa avaliação e acrescentou que “olhando o aspecto militar, as coisas não estão indo bem pra ‘Israel’”.
O comandante também quis saber sobre as diferenças entre a organização política do Hamas e a militar, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, pois circulam comentários de que haveria divergências importantes entre as duas seções do partido. Pimenta esclareceu que a unidade e organização do partido palestino é muito grande. “Eles pareceram não apenas tranquilos, como confiantes na vitória. […] São pessoas experientes, são pessoas que estão nisso há muito tempo”.
Em seguida, Farinazzo ingressou numa discussão de grande importância para o público que se interessa pelos temas da política nacional e internacional. Ele fez um preâmbulo sobre a situação da luta contra o imperialismo e perguntou como o entrevistado acha que os palestinos e “Israel” vão se inserir nessa conjuntura. De início, o presidente do PCO conclui que “essa história só terá conclusão com o desaparecimento do Estado de ‘Israel’”. Ele caracterizou a situação atual fazendo uma retrospectiva histórica desde o fim da II Guerra Mundial e mostrando a deterioração do regime político “israelense”. Pimenta também esclareceu que essa conclusão “não implica que o fim do Estado de ‘Israel’ será um genocídio dos judeus.” Para fechar o ponto, ele comentou sobre sua perspectiva para um futuro governo do Hamas, após o fim do conflito, e pressupôs que esse governo fará parte do setor no mundo que combate o imperialismo.
O entrevistador relacionou a crise do governo Biden, nos Estados Unidos, e do governo “israelense”, comandando por Netaniarru, para perguntar sobre as perspectivas da queda do mandatário de “Israel”. Rui Pimenta faz uma análise sobre a fragilidade do regime político “israelense”, incorporando nessa avaliação as opiniões dos líderes do Hamas com quem conversou na viagem. Ele mencionou o êxodo de pessoas com dupla nacionalidade (fenômeno abundante em “Israel”) desde o início do conflito como uma evidência dessa fragilidade, em razão da qual os líderes do Hamas classificaram “Israel” como um Estado artificial, segundo Pimenta. No entanto, explicou os problemas que a queda do primeiro-ministro “israelense” causariam para o imperialismo, pois acirraria o conflito com os árabes, visto que, ainda que seja um político de extrema-direita, a tendência é que essa queda fortaleceria setores ainda mais violentos internamente, o que não é do interesse do imperialismo, pois tornaria a situação no Oriente Médio ainda mais difícil de administrar.
Sobre as perspectivas de conclusão do conflito, Farinazzo perguntou quais as chances de “Israel” vencer. Rui enfatizou: “o que está acontecendo na Palestina é uma revolução”. Ele explicou o porquê dessa caracterização, levando em consideração a história centenária da situação e relacionando com outras revoluções que ocorreram. Isso para determinar que a possibilidade de vitória de “Israel” é muito pequena.
No final da conversa, o entrevistador perguntou sobre a perseguição que o PCO, partido do qual Rui Pimenta é dirigente, vem sofrendo por conta de sua defesa da luta dos palestinos. A pergunta desencadeou considerações sobre as relações entre a luta na Palestina e no Brasil contra o imperialismo e a opressão. Também discutiram sobre o recrudescimento dos ataques à liberdade de expressão no Brasil e no mundo. Para finalizar, Pimenta falou sobre a campanha de seu partido para recuperar o dinheiro pago para o ex-governador de São Paulo, João Dória, por conta de um processo de censura que o partido perdeu. Concluindo com a necessidade de lutar pela liberdade de expressão para existir a possibilidade de defender os palestinos.
Veja na íntegra a entrevista de Rui Costa Pimenta no canal Arte da Guerra: