Neste domingo, dia 21 de janeiro, completam-se cem anos desde a morte do arquiteto da revolução russa, Vladimir Lênin. Além de extraordinário dirigente político, responsável por organizar o partido operário mais vitorioso de todos os tempos, Lênin foi também o grande responsável pela expansão da obra dos pais do materialismo histórico, Karl Marx e Friedrich Engels.
Uma vida inteira é insuficiente para estudar a fundo todos os fenômenos analisados por Lênin durante sua breve vida – Vladimir morreria aos 54 anos de idade, vítima de um acidente vascular cerebral. No entanto, entre os seus escritos mais importantes, está a sua contribuição para a compreensão do que é o imperialismo, a fase atual – e, segundo o revolucionário russo, final – do capitalismo.
É por isso que, em meio às celebrações dos cem anos de sua morte, a Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) e a Universidade Marxista homenagearão Lênin com um curso sobre o imperialismo. Esse será o tema da próxima edição da Universidade de Férias do PCO, que acontecerá entre os dias 27 de janeiro e 5 de fevereiro, em São Paulo.
O curso, que será ministrado por Rui Costa Pimenta, contará ainda com palestras, debates, jogos e atividades de lazer para todos os presentes, possibilitando, assim, uma convivência socialista, ao mesmo tempo em que os presentes se aprofundam em um dos temais mais importantes da atualidade.
Não há como compreender o fenômeno do imperialismo, contudo, sem antes entender o que é a exportação de capitais. Lênin dedica toda uma análise sobre o assunto no capítulo 4 de seu livro Imperialismo, fase superior do capitalismo. Apresentando vários dados que estavam disponíveis em sua época, Lênin estabelece que:
“O que caracterizava o velho capitalismo, onde reinava plenamente a livre concorrência, era a exportação de mercadorias. O que caracteriza o capitalismo moderno, no qual impera o monopólio, é a exportação de capital.”
Os primeiros países a acumularem um grande volume de capital seriam, assim, os países que iriam comandar a nova ordem mundial, o imperialismo. O Reino Unido e a França são os países imperialistas que desenvolveram esse processo de maneira mais lenta, assumindo inicialmente um papel protagonista. Alemanha e Estados Unidos, por sua vez, iniciariam o processo de maneira mais tardia, mas rapidamente alcançariam seus demais sócios.
Graças ao volume de capital acumulado desses países, tornou-se possível a exportação não mais de apenas mercadorias, mas também de capital. Isso, por sua vez, estabeleceria uma relação de dependência econômica dos países atrasados para com os grandes monopólios financeiros dos países desenvolvidos.
Neste sentido, Lênin explica que:
“Os países que exportam capitais podem quase sempre obter certas ‘vantagens’, cujo caráter lança luz sobre as particularidades da época do capital financeiro e do monopólio.”
Para ilustrar o que diz, o revolucionário russo então cita um trecho da edição de outubro de 1913 da revista berlinense Die Bank, que diz:
“No mercado internacional de capitais está a representar-se desde há pouco tempo uma comédia digna de um Aristófanes. Um bom número de Estados, desde a Espanha até aos Bálcãs, desde a Rússia até à Argentina, ao Brasil e à China, apresentam-se, aberta ou veladamente, perante os grandes mercados de dinheiro, exigindo, por vezes com extraordinária insistência, a concessão de empréstimos.
Os mercados de dinheiro não se encontram atualmente numa situação muito brilhante, e as perspectivas políticas não são animadoras. Mas nenhum dos mercados monetários se decide a negar um empréstimo com receio de que o vizinho se adiante, o conceda e, ao mesmo tempo, obtenha certos serviços em troca do serviço que presta. Nas transações internacionais deste gênero o credor obtém quase sempre algo em proveito próprio: um favor no tratado de comércio, uma mina de carvão, a construção de um porto, uma concessão lucrativa ou uma encomenda de canhões.”