Eleições municipais

O que diz Boulos candidato e o que dizia Boulos do MTST

Postulante do PSOL vai cada vez mais à direita na esperança de chegar ao segundo turno

O candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, tem mostrado a verdadeira face da sua política durante a campanha eleitoral deste ano. O dito progressista agora manifesta-se como um conservador.

Em 2018, enquanto concorria ao cargo de presidente da república, Boulos escreveu em seu Facebook:

“Não há justificativa para que o aborto seguro seja ilegal e as mulheres que o praticam e os profissionais (ou, no pior dos casos, não profissionais) que as assistem sejam considerados criminosos. Todos os argumentos que, ao longo do tempo, têm sido oferecidos a modo de justificativa para manter a atual legislação não passam de um conjunto mal articulado de mentiras, omissões e hipocrisias cujo efeito se mede, anualmente, em vidas humanas. Vidas indiscutíveis, seja pela ciência, seja pela filosofia, seja pela religião, de mulheres já nascidas. E o único motivo para isso é a vontade de uma parcela do sistema político e das instituições religiosas de impor pela força suas crenças e preceitos morais ao conjunto da população, ferindo a laicidade do Estado.”

Três anos antes, o candidato já havia apresentado a mesma posição:

A questão não é defender ou não o aborto. A questão é se uma mulher que pratica o aborto deve ser punida, presa ou criminalizada por isso e se o Estado não deve, sabendo que o aborto existe independentemente da vontade de quem quer que seja, tratar isso como caso de saúde pública, atender no SUS e garantir”, disse Boulos em 2015, em uma edição do programa Havana Connection.

Contudo, quando questionado sobre o aborto durante uma entrevista à rádio evangélica Música FM neste ano, Boulos disse defender o aborto apenas em situações já legais no Brasil:

“Eu defendo que a lei seja cumprida. A lei, por exemplo, sobre interrupção de gravidez, é muito clara. Ela permite o aborto em casos de estupro, quando o feto é anencéfalo ou quando há risco de vida para a mãe”.

Outro ponto caro ao candidato – ou pelo menos parecia ser – é a legalização das drogas. Guilherme Boulos fez diversas declarações em favor da “descriminalização” das drogas e da legalização da maconha. Durante a campanha eleitoral de 2018, Boulos concedeu uma entrevista à Tv 247 em que defendia a “descriminalização” de todas as drogas:

“Nós defendemos também o fim da guerra às drogas. É preciso descriminalizar as drogas no brasil. É preciso legalizar a maconha. Como o Uruguai fez, Canadá fez, estados norte-americanos fizeram como vários países europeus fizeram”.

No mesmo ano, concedeu uma entrevista ao jornal Nexo em que afirmava o fracasso da guerra às drogas e reafirmava a importância da legalização:

“A política de guerra às drogas fracassou. (…) É preciso construir uma política, debatida com a sociedade, de descriminalização e tributação. Isso, sim, terá condições muito mais efetivas de combater o crime organizado e o narcotráfico do que uma política que está fazendo isso há 20 anos e não obteve sucesso algum.”

Em 2019, após a marcha da maconha, Boulos publicou no Twitter:

“A marcha da maconha reuniu milhares cobrando o julgamento do STF e o fim da insana guerra às drogas. 1/3 dos presos brasileiros responde por pequeno porte. O uso de drogas não deve ser caso do Código Penal. Muito menos da ponta do fuzil. Todo apoio à luta pela descriminalização! ”.

A virada de sua política aconteceu em 2024 ao longo da campanha para a prefeitura de São Paulo. Na entrevista à Música FM, Boulos disse ao pastor Sezar Cavalvante que não era mais a favor da legalização:

“No caso das drogas, minha posição não é legalização, minha posição é […] de resgate. Tem gente que só quer apontar o dedo, tem gente que quer botar o dependente químico na cadeia. Eu não acho que tem que ser por aí. Eu acho que a gente tem que estender a mão e resgatar”.

A mudança de Boulos sobre a legalização das drogas vem acompanhada pela sua mais nova política para a segurança pública de São Paulo. O candidato do PSOL tem como objetivo dobrar o efetivo da Guarda Civil Municipal (GCM) e implementar uma estratégia de policiamento de proximidade, segundo o candidato esta política tem por objetivo aumentar a presença da polícia nas ruas de São Paulo.

Acrescentando a política de segurança pública de Boulos, o psolista colocou o antigo chefe da Rota – Alexandre Gasparian – como assessor do seu gabinete de segurança pública. Gasparian foi chefe da Rota em 2015, durante o governo de Geraldo Alckmin e a secretaria de segurança pública de Alexandre de Moraes. Gasparian era chefe do batalhão durante a Chacina de Osasco e Barueri.

A composição da atual chapa de Boulos é ainda mais contraditória se comparada com o seu programa de governo durante a campanha eleitoral de 2020 – ano em que também concorria para a prefeitura de São Paulo. Há quatro anos, Boulos defendia uma política de segurança pública em que movimentos sociais ajudariam na “formação” da GCM através de cursos, os quais abordariam temas como o “enfrentamento ao racismo estrutural, violência de gênero, lgbtfobia, machismo, xenofobia e violência contra a juventude e suas manifestações culturais, além de outros assuntos que reforçam a visão de segurança como um marco da proteção dos direitos humanos”.

Em seu atual programa, Boulos defende apenas a “Valorização da Guarda Civil Metropolitana”, ou seja, o aumento de seus salários e de seus números. A GCM que é conhecida pela população paulistana como a polícia que bate em moradores de rua e roubas seus cobertores. Boulos passou de um demagogo “defensor dos direitos humanos” para um descarado apoiador da repressão do Estado.

O psolista ainda negligencia todo a sua atuação enquanto liderança do MTST. Em entrevista ao portal G1, afirmou que não era mais líder do MTST, mas sim deputado federal:

“Agora, quando você está liderando um movimento com pessoas que nunca foram escutadas, com pessoas que estavam lá para ter o básico de dignidade, que era um teto, o meu papel era defender essas pessoas com unhas e dentes, representá-las. Hoje, eu estou em outro lugar, eu não sou mais líder de movimento social. Hoje, inclusive, eu sou deputado federal.”

 

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