Com a instabilidade da saúde de Lula, não são poucas as especulações sobre o papel de Geraldo Alckmin na vice-presidência. Um Michel Temer piorado, Alckmin e sua simples presença levantam as mais graves suspeitas sobre o seu objetivo.
Agora, depois que o PT já escolheu Alckmin como vice, e depois que Lula já foi eleito tendo como um vice um homem odiado pela quase totalidade dos trabalhadores de São Paulo, a esquerda alerta sobre a presença dele no governo.
Esse, no entanto, não é o caso de Alex Solnik, jornalista do Brasil 247, que redigiu um texto alertando sobre os perigos do golpe diante da atual situação política e de saúde de Lula. Afirmou, fazendo menção aos acontecimentos da ditadura militar: “Não passa pela cabeça de ninguém que o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, repita a canalhice de Auro de Moura Andrade, mas o fato é que a cadeira do presidente da República está vazia”. E que “não custaria nada Lula passar o bastão a Alckmin enquanto estiver impossibilitado de assumir por inteiro as funções de chefe de estado, para haver um presidente e ninguém se assanhar a ocupar o vazio de poder”.
Que o Senado ou qualquer outra instituição (especialmente o Poder Judiciário) tenha a ideia de tirar Lula, em razão de qualquer problema, e colocar um presidente fantoche, ninguém deveria duvidar. Mas, diante disso, já correr para apostar em Alckmin, é, em si, uma política golpista. Quando do anúncio do vice da chapa de Lula para a eleição de 2022, poucos foram os setores do PT e da esquerda a denunciar que a presença de Alckmin era um desastre. No geral, a ideia era aceitar qualquer coisa no cargo de vice, esquecendo o caso Michel Temer, que ajudou a puxar o tapete de Dilma Rousseff, e, sem um único voto, tornou-se presidente e promoveu ele mesmo uma série de ataques contra o povo, com o PT já fora do páreo.
“Dois anos depois de uma tentativa de depor Lula, todo cuidado é pouco”, afirma Alex Solnic. O cuidado não deveria ter sido tomado anos atrás, antes de colocar Alckmin como vice, ou antes de autorizar Alexandre de Moraes fazer o que bem entender no Supremo Tribunal Federal.
Michel Temer, embora um capacho do imperialismo, ainda era um cacique do PMDB, partido cheio de contradições. Geraldo Alckmin é um homem do PSDB, um típico tucano de um partido muito mais golpista, francamente golpista, e que esteve à disposição do golpe de 2016, para qualquer serviço.
“Todo cuidado é pouco”. O cuidado, na verdade, deveria ter sido tomado quando da adoção, descarada, da política de frente ampla para, supostamente, combater o bolsonarismo. E dentro dessa frente, boa parte dos golpistas de 2016 estão limpando seu currículo.