Nessa terça-feira (8), a Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) publicou uma nota oficial sobre as eleições municipais, cujos resultados foram apurados no último domingo (6).
No documento, o partido faz duas afirmações mais gerais que merecem discussão: a de que o PT obteve um resultado positivo no pleito e a de que este resultado é consequência da criação de uma “frente política democrática”, ou seja, da frente ampla. Nesse sentido, o PT diz:
“Nossa principal tarefa, neste segundo turno, é fortalecer as campanhas nas 13 cidades em que estamos disputando, e lutar com todas as forças pela vitória de Boulos e Marta, unindo o campo popular e democrático contra a extrema direita na maior cidade do país.
Com o mesmo empenho, vamos nos engajar nas campanhas de candidatos de outros partidos nas cidades onde haverá segundo turno contra candidatos da extrema direita, sem vacilações. O PT sempre teve lado, o lado do Brasil e do povo, e nunca se omitiu na defesa da democracia.”
A primeira alegação, da vitória eleitoral do PT nas eleições deste ano, é absurda. Os dados mostram que não só o PT saiu enfraquecido do pleito, como o grande vencedor foi a extrema direita. Esta discussão, entretanto, já foi feita em outros artigos publicados neste Diário.
Aqui, vamos nos deter à estratégia que o PT diz adotar para este segundo turno, a de fortalecer uma suposta luta contra a extrema direita ao apoiar candidaturas do “campo popular e democrático”. Mais especificamente, ao apoio dado à candidatura de Guilherme Boulos.
Desde o fim da ditadura militar, o grande problema para a burguesia no Brasil é domesticar os representantes do movimento operário e popular. O principal representante desses movimentos é o PT. Ainda que a burguesia tenha conseguido tornar o PT um partido muito moderado e, em grande medida, ineficiente para mobilizar o povo, a sua política, ainda que muito recuada, já é demais para o sistema.
O que quer a classe dominante são políticos como os do PSDB. Pessoas que, sem fazer alarde, bem vestidos e com termos técnicos, vão vender o País para o estrangeiro, roubar a aposentadoria, os direitos trabalhistas, acabar com o salário mínimo e fazer do Brasil uma terra arrasada e do povo brasileiro um povo escravo dos interesses capitalistas.
Para atingir este fim, eles atacam toda e qualquer coisa que se mostre diferente desse monstro que eles querem que governe. Mas viram que a esquerda e os movimentos populares não conseguiam ser derrotados pelos ataques abertos, feitos pela direita e o fascismo. Era preciso desarmar o povo por dentro.
A burguesia utiliza de falsos amigos e infiltrados para desarmar o povo e preparar seu esmagamento. Foi assim no Chile, na Grécia, França e foi assim durante a ditadura aqui no Brasil.
Na época moderna, são grupos como o PSOL e candidatos como Guilherme Boulos que representam esses falsos amigos.
Os jornais, os apoiadores de Boulos e até pretensos inimigos dele dirão que é preciso votar no menos pior, que a eleição do candidato X ou Y é o fim do mundo. Tentarão coagir a população a votar em algo que ela não quer. Mas fato é que esta eleição não é tudo.
Se a direita vencer a eleição, mas o povo disser não aos falsos amigos, lutará de cabeça erguida contra o inimigo declarado e ficará mais forte. Se o povo ceder ao falso amigo e declará-lo amigo, lentamente a esquerda autêntica será substituída por estes falsos amigos e, quando menos se esperar, a esquerda de verdade, aquela que dá expressão à luta do povo, ficará muito enfraquecida. O movimento dos trabalhadores será vencido por um Cavalo de Troia.
O povo só pode confiar em si mesmo. Nesse sentido, deve escolher pessoas que sejam representantes do movimento popular e operário. Nenhum ataque externo pode derrubar a fortaleza que é o povo brasileiro, o que traz a tarefa de garantir que o interior da fortaleza esteja bem protegido.