A passos largos, avança, no Brasil, a censura e a repressão dos direitos democráticos – e o mais notável, porém, é o posicionamento da esquerda pequeno burguesa. Inicialmente, apoiaram o STF em um suposto combate ao bolsonarismo, mas atualmente travam uma luta de diversas frontes contra alguns direitos democráticos fundamentais.
Setores amplos de esquerda acreditam que a luta contra o bolsonarismo e a extrema direita deva ser travada por meio do judiciário, não da mobilização nas ruas. Enquanto inicialmente Jair Bolsonaro e seus apoiadores reuniram mais de trinta mil pessoas na Avenida Paulista, a esquerda, que tentou desmoralizar o agrupamento de direita, reuniu cerca de 500 pessoas, ontem, em um ato no largo São Francisco. A crença de não ser tão importante mobilizar grupos reais de trabalhadores nas ruas, porém, passa pelo problema anterior da crença no sistema judiciário como mecanismo de luta contra a direita.
Em lugar algum do mundo, tal estratégia saiu vitoriosa. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, o ex-presidente do Partido Republicano, Donald Trump, já acumula mais de noventa processos de interrupção da sua candidatura. Já houve processos feitos em âmbito federal, em âmbito estadual, dos mais diferentes níveis, e a constatação segue sendo apenas uma: o crescimento de sua popularidade. Apesar dos fatos, a esquerda insiste que sim, este é o caminho, e que será desta forma que a extrema direita será derrotada.
No entanto, o fracasso dessa política da esquerda pequeno burguesa pode ser enxergada, dentre tantos lugares, no último sábado (23). Em um ato no largo São Francisco, em São Paulo, reuniu-se uma turma de 500 pessoas em nome de uma resposta ao bolsonarismo. Essa é a resposta que a esquerda deve dar? Enquanto não convocam as massas para as ruas, defendem que o Supremo Tribunal Federal vá defender a esquerda e os trabalhadores das políticas dos tubarões da direita. Isso não só não existe, como fracassaria caso existisse. A direção dos movimentos de esquerda estão conduzindo uma verdadeira farsa, como foi o ato de ontem que não passou de duas horas de duração. Se comparar com os bolsonaristas, verão que duas horas foi o tempo que a Avenida Paulista encheu antes mesmo de seu começo. O fato de falarem, inclusive, que não é uma farsa, fortalece a tese de que essa política levará a classe trabalhadora a uma dura derrota perante a extrema direita – a não ser que se mude de política.
É preciso que, sobretudo a partir de 31 de março, mude-se a situação, convocando verdadeiras manifestações, que sejam demonstrativas de força e guiadoras da política correta de enfrentamento ao bolsonarismo, sem a horda de oportunistas nas direções dos atos. É preciso que o Partido dos Trabalhadores, o maior partido de esquerda da América Latina, mobilize a CUT, a maior central única de trabalhadores da América, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e todos os movimentos populares que estão sob sua égide de influência. A esquerda deve fazer uma ampla reflexão sobre o que aconteceu neste último sábado, compreendendo que não basta deixar o enfrentamento ao bolsonarismo para o Supremo Tribunal Federal. O STF fracassará e quem precisa fazer isso são as massas nas ruas. Para isso, é preciso que elas sejam chamadas, portanto, compreendendo que o circo pequeno-burguês não combaterá nada.