Neste sábado, dia 27 de janeiro, ocorreu mais uma tradicional Análise Política da Semana, apresentada pelo presidente nacional do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta. Confira abaixo os principais temas comentados.
Ataque às liberdades democráticas
A Análise Política da Semana, com Rui Costa Pimenta, tem começado sempre falando sobre o aumento dos ataques à liberdade de expressão e às liberdades democráticas de forma geral. Pimenta chamou a atenção para o fato de que, a despeito de falar sobre isso toda semana, novos acontecimentos de grande porte alimentam a necessidade de fazer essa campanha.
Na última semana, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) entrou com um processo pedindo a prisão do ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoíno por conta de uma entrevista em que ele diz que seria positivo boicotar as “empresas de judeus” como forma de combater o genocídio israelense na Palestina. Como agravante, o embaixador israelense reiterou o pedido da Conib. Uma clara e absurda interferência de um governo estrangeiro na política nacional. Também nesta semana, um deputado federal do PP entrou com um pedido de prisão por incitação ao crime contra o dirigente do MST João Pedro Stédile, por este último ter feito uma avaliação de que as ocupações de terra vão aumentar, dado que a situação dos trabalhadores sem terra vem se degradando. O último dos casos mais graves da semana é o do juiz que processou mais de 160 pessoas por usarem a hashtag #estuproculposo nas redes sociais ridicularizando um caso que ele julgou.
Rui lembrou que o PCO se opôs a campanha contra a liberdade de expressão desde o início. Não só se opôs como foi o único partido na esquerda a fazê-lo. Ainda até hoje há críticas por outros setores da própria esquerda que não entendem os riscos do aumento da repressão política. Ele relacionou a situação atual com a análise de Leon Trótski sobre a ascensão de Hitler, demonstrando como o regime político alemão foi se transformando gradativamente até se tornar uma ditadura fascista. “Nós estamos caminhando para um regime político cada vez mais repressivo”, disse ele. Rui esclareceu que essa onda direitista está arrastando todo mundo, inclusive essa parte da esquerda que apoia o aumento da repressão, sem se dar conta de que as instituições que exercem a repressão são direitistas e estão indo cada vez mais para a extrema-direita.
100 anos da morte de Lenin
Por ocasião do centenário de morte de Vladimir Lenin, ocorrida em 21 de janeiro de 1924, foi feita uma breve explicação sobre a importância do principal dirigente da Revolução Russa de 1917, de sua história e suas teses. Rui esclareceu sobre a contribuição teórica de Lenin para o marxismo, mencionou suas conquistas à frente do movimento operário internacional, dispersou confusões comuns sobre o assunto e deu um panorama do impacto que sua morte teve para a classe operária. Além disso, lembrou que o PCO fará diversas atividades ao longo do ano em homenagem a essa data. Começando pela Universidade de Férias e Acampamento da Aliança da Juventude Revolucionária, que começa nesse domingo, 28 e vai até o dia 05 de fevereiro, com o tema “Imperialismo: Fase Superior do Capitalismo”, por ser uma das principais obras de Lenin e ter uma importância decisiva para a luta política atualmente.
Julgamento preliminar da CIJ
O principal acontecimento dessa semana foi o julgamento do processo promovido pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça contra o genocídio realizado por Israel na Palestina. Apesar de muito insuficiente, o julgamento da corte de que há sinais de genocídio na Faixa de Gaza pode ser considerado uma vitória dos palestinos. Esse fato tem uma importância do ponto de vista da propaganda e da pressão política contra o massacre perpetrado por “Israel”.
O governo Lula, no entanto, comete um grave erro ao equiparar o genocídio aos prisioneiros feitos pelo Hamas. Essa política do governo joga água no moinho da direita e é um dos principais motivos para não haver no Brasil um amplo e poderoso movimento popular em defesa da Palestina. Além disso, esse tipo de declaração vinda do maior partido de esquerda do país e atual detentor da presidência da República dá munição para os ataques sofridos pelo PCO, Breno Altman, Genoíno e qualquer pessoa que defenda claramente os palestinos.
Rui mencionou a recente nota oficial do Hamas que desmente todas as acusações israelenses sobre o 7 de outubro e mostrou a desumanidade que é o fato dessa nota não ter sido levada a sério pelo governo brasileiro. Foi abandonada a ideia de que um povo oprimido tem o direito de se defender. Ele demonstrou que esse tipo de comportamento mostra uma preocupante defensiva do PT e do governo Lula, que deveria abandonar essa política de condenar a resistência e aumentar o tom contra os representantes de Israel que interferem na política nacional. O sionismo está atuando como se controlasse a política brasileira e o governo não dá demonstrações de que irá enfrentar esse problema, ao contrário, está cedendo.
A conclusão que deve ser tirada de toda a situação envolvendo a questão palestina é que o imperialismo está extremamente debilitado e a operação do Hamas revelou isso de forma inequívoca. As vitórias da resistência iemenita e libanesa deixam essa debilidade ainda mais evidente. No entanto, isso também demonstra que não há uma esquerda verdadeiramente revolucionária no mundo. Ao final da exposição, Rui relacionou a falta de oportunidade da esquerda ao não desenvolver uma luta geral contra o imperialismo com a falta de ação da esquerda argentina, a repressão no Equador e a desmobilização do movimento pela Palestina no Brasil.