Nessa sexta-feira (21), durante entrevista à Rádio Mirante News FM, do Maranhão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou que seu governo vai explorar o petróleo na Margem Equatorial. “Nós vamos explorar a Margem Equatorial […] Por enquanto, não é explorar. O que nós queremos é fazer um processo de medição para a gente saber se tem e qual a quantidade de riqueza que tem lá embaixo”, afirmou o presidente.
Na mesma ocasião, Lula argumentou contra a alegação feita, principalmente, pelo Ibama e pelo Ministério do Meio Ambiente, de que a proximidade de um dos blocos da Margem Equatorial com a Foz do Amazonas inviabilizaria a exploração devido a riscos ambientais. “Quando a gente fala da Margem Equatorial, o pessoal fala: mas é perto da Amazônia. É o seguinte: são 575 quilômetros da margem do Amazonas. Ou seja, uma distância enorme”, disse.
Sobre a questão ambiental, o presidente brasileiro também elogiou a Petrobrás: “E se tiver, nós temos uma coisa que é o seguinte: a nossa Petrobrás é uma empresa de maior competência tecnológica para explorar petróleo em águas profundas”.
Além disso, ao afirmar que o governo vai estudar a presença de pré-sal na região, ele ressaltou a certeza de que a Margem Equatorial será explorada. “Pode ficar certo de que vamos explorar”, afirmou.
As declarações de Lula na Rádio Mirante News FM vão ao encontro do que afirmou durante a cerimônia de posse da nova presidente da Petrobrás, Magda Chambriard. Na ocasião, ele defendeu a petroleira brasileira e denunciou que a Lava Jato tentou destruí-la. Ao mesmo tempo, tanto Chambriard, quanto Alexandre Silveira, ministro das Minas e Energia, defenderam a exploração na Margem Equatorial.
“Com o falso argumento de combater a corrupção, a operação Lava Jato mirava, na verdade, o desmonte e a privatização da Petrobrás. Se o objetivo fosse de fato combater a corrupção, que se punissem os corruptos, deixando intacto o patrimônio do nosso povo. O que queriam mesmo era, mais uma vez, entregar esse extraordinário patrimônio nas mãos das petrolíferas estrangeiras. Era isso que queriam: o desmonte da Petrobrás. Os estragos foram muitos em todo o ecossistema da produção de petróleo. Fatiaram a Petrobrás, venderam refinarias e ativos importantes, a exemplo da BR Distribuidora. E mesmo assim não conseguiram destruí-la. Jamais conseguirão”, disse Lula.
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Ainda no evento, que foi feito na última quarta-feira (20), o chefe do Executivo brasileiro criticou as privatizações de grandes empresas do País, citando, diretamente, a Eletrobrás e a Vale do Rio Doce.
“A gente poderia estar melhor. A gente poderia ter aqui do nosso lado a Eletrobrás, que era a maior empresa de energia do nosso país. A gente poderia ter do nosso lado a Vale que foi privatizada e rifada para diferentes fundos. E não tem um dono para você conversar”, disse, lamentando o fato de que ambas as empresas poderiam estar atuando ao lado da Petrobrás no desenvolvimento da economia nacional.
A Eletrobrás foi vendida “a preço de banana” pelo governo Jair Bolsonaro em 2022. A Vale do Rio Doce, por sua vez, foi vendida em 1997 durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, que dividiu a empresa entre vários capitalistas diferentes. Isso foi, inclusive, alvo de crítica por parte de Lula durante a posse de Chambriard:
“Quando eu digo que não há dono para conversar é porque, desde os desastres das barragens de Mariana e de Brumadinho, não foi paga a indenização daquele povo. Eles estão esperando casas e o ressarcimento do estrago. Uma empresa boa e grande precisa ter alguém responsável para que as coisas possam funcionar corretamente. Minha mãe dizia que cachorro com muito dono morre de fome porque todo mundo pensa que o outro deu comida e no final ninguém dá comida pra ele. Então uma empresa onde ninguém manda, muitas vezes, não cumpre aquele papel social que é importante cumprir”, disse Lula.
Nas últimas semanas, Lula tem feito uma série de declarações em oposição à pressão que a burguesia faz para que seu governo vá para a direita. É o caso, além das citadas, do embate que travou com o Banco Central, denunciando a ligação de Campos Neto, presidente da autarquia, com o bolsonarismo e com o mercado financeiro como um todo.
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Fato é que o Brasil está devastado. O golpe de Estado e os governos que este colocou no poder acabaram com a economia nacional, jogando o povo em uma miséria quase que sem precedentes e destruindo a indústria brasileira.
É preciso, portanto, um esforço econômico no sentido oposto à política neoliberal, à política do golpe que acabou com o País. Finalmente, o Brasil precisa se desenvolver, e isso está em contradição direta com o parasitismo dos bancos e com os interesses dos grandes monopólios imperialistas, representados, por exemplo, pelo próprio Campos Neto.
A única maneira de pôr em marcha este desenvolvimento econômico é por meio do Estado. Os capitalistas não querem e não irão investir no Brasil, pois isso não é vantajoso para eles. Nesse sentido, Lula está absolutamente correto em sua defesa tanto da Petrobrás e da exploração da Margem Equatorial, quanto da reestatização da Eletrobrás e da Vale.
Mais do que isso, seu posicionamento expressa uma tendência de um enfrentamento com o imperialismo. Algo que, para ser levado às últimas consequências, precisa, necessariamente, do povo nas ruas. Esta é a única forma de colocar a burguesia contra a parede e impulsionar de maneira decidida o desenvolvimento nacional.