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Brasil

O PCO e as eleições

Atitude do Partido da Causa Operária nestas eleições municipais mostra como deve ser a atuação de uma organização revolucionária no terreno eleitoral

No último dia 14, depois de duas semanas de hiato devido a uma viagem para a China, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, realizou sua tradicional análise política, que vai ao ar todos os sábados às 13h na Causa Operária TV. Um dos temas destacados por Pimenta foram as eleições municipais. O PCO segue sendo o único Partido a não ter recebido o fundo eleitoral, num prejuízo incalculável para as mais de 200 candidaturas lançadas em mais de 50 municípios em quase todos os Estados brasileiros.

Em 2022, quando Alexandre de Moraes presidia o Tribunal Superior Eleitoral, o fundo foi entregue à legenda faltando menos de duas semanas para a votação, algo que deve ocorrer novamente agora pelas mãos de Carmen Lúcia, atual presidente do tribunal.

Este ano há um agravante, que é o pedido de cassação do PCO por parte da Procuradoria Geral da República (PGR), liderada por Paulo Gonet, um lavajatista colocado no posto pelo presidente Lula. É a primeira vez que é aberto um pedido de cassação contra um partido desde a Ditadura Militar. O único partido cassado dessa maneira foi anteriormente o Partido Comunista Brasileiro em 1948. O caso aberto contra o PCO, por outro lado, é um mero erro de prestação de contas, extrapolado ao melhor estilo lavajatista para motivo de cassação da legenda.

Por trás da perseguição judicial e do consequente estrangulamento financeiro da campanha eleitoral do PCO está a real motivação da burguesia: silenciar o Partido. “O problema é que o PCO fala as coisas que eles não gostam de ouvir e, pior, é ouvido”, disse Pimenta em sua análise do caso. Isso explica porque candidatos da legenda, quando convidados para entrevistas nos meios de comunicação burgueses, têm menos tempo de fala e são pressionados por jornalistas mais preocupados e exibir seus pontos de vista do que em ouvir o entrevistado.

“Os militantes [do PCO] estão fazendo campanha financeira porque o PCO é um Partido de luta, de combate. A maioria dos partidos brasileiros, se ficar sem repasses, desaparece, diferentemente do PCO, que usa o fundo porque finalmente auxilia, mas não depende dele”, destacou o presidente do Partido.

A perseguição do Partido trotskista, as dificuldades financeiras e restrições contra a campanha, certamente atrapalham. O PCO, porém, tem o potencial de crescer e se destacar porque não vai se submeter à ditadura da burguesia, não vai parar de falar o que os incomoda. Além disso, após inúmeras campanhas persecutórias, o Partido está acostumado a mobilizar sua rede de militantes, simpatizantes e apoiadores para contribuir financeiramente com suas atividades e ir às ruas lutar.

Mesmo sem o fundo eleitoral, o PCO está levando seu programa revolucionário à população brasileira nos terminais de ônibus, nas estações de metrô, e nos locais de trabalho. A distribuição de panfletos, possível através da campanha financeira, é realizada não apenas por militantes, mas por simpatizantes que acreditam no programa do Partido e querem colocá-lo em discussão com a população, algo que a burguesia faz de tudo para impedir.

É dessa forma que um partido revolucionário deve agir diante das eleições, em grande medida um jogo controlado pelas grandes máquinas eleitorais da burguesia. Sem financiamento estatal ou de grandes capitalistas, uma organização revolucionária deve se apoiar em sua base e ir à luta com seu programa, sem recuos – se é que são recuos – como fazem muitos candidatos supostamente de esquerda na tentativa de apelar ao “eleitor conservador”.

O PCO também não se submete às pautas pequenas impostas pelos jornalistas, que quando aceitam entrevistar os candidatos do Partido, se recusam a colocar em discussão os grandes temas políticos, especialmente durante as eleições municipais. Os candidatos do Partido têm dado destaque à questão da dívida pública que, combinada com a elevada taxa de juros, ceifam praticamente metade do orçamento federal. Esse assalto dos banqueiros nacionais e internacionais, apesar de não ser da alçada de prefeitos e vereadores, está ligado com o quadro de abandono de todas as cidades brasileiras, mesmo as mais ricas como São Paulo.

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