Nesta edição, trazemos uma entrevista com a candidata do Partido da Causa Operária (PCO) à prefeitura de Belo Horizonte, a militante Lourdes Francisco.
Quais as características dessas eleições municipais em Belo Horizonte? As eleições em Belo Horizonte são dadas pelo pouco espaço e condições aos candidatos do PCO nos meios de comunicação, tanto televisiva quanto escrita e nas pesquisas onde não aparecemos, apesar de que as propostas dos candidatos dos “partidões” são a mesmice de sempre e não têm nada a oferecer para a população.
São nove candidatos nestas eleições e já se nota a manipulação através das propostas, com forte presença identitária nas candidaturas da esquerda, deixando de lado a realidade diária dos trabalhadores. Não há preocupação com problemas fundamentais. Não citam os interesses imperialistas que operam dentro do país, afetando questões de soberania e autonomia dos municípios, a desindustrialização, constante privatização dos serviços públicos como a Saúde e Educação.
Nem tratam da especulação financeira dos imóveis que causa a falta de moradia, além da especulação financeira que locupletam os bancos com o pagamento de uma dívida pública inexistente e absurda, onde toda carga tributária recai sobre o trabalhador, impedindo inclusive a industrialização que afeta os municípios gravemente, é um crime contra os municípios do Estado e o Brasil.
Como o governo do partido Novo em Minas Gerais e a prefeitura de Belo Horizonte tem atuado na Educação e direitos básicos da população? O Governador Romeu Zema (Novo) e o prefeito Fuad Noman (PSD), que assumiu após renúncia de Alexandre Kalil em 2022 (atual Republicanos), têm cumprido a agenda neoliberal com um esquema onde o povo trabalhador não é respeitado nem tem oportunidades de participação. É um projeto estrutural. A Educação está sendo privatizada e os funcionários públicos estão apenas administrando os desmontes. O trabalhador procura salvar as migalhas e diminuir danos, porque as privatizações são impostas sem diálogo, publicadas no Diário Oficial pelo Estado. Assim como a Saúde e todo o patrimônio estadual e municipal.
Esteve em discussão uma Lei aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito que obriga hospitais públicos e privados de Belo Horizonte a apresentar relatório mensal à Secretaria Municipal de Saúde sobre procedimentos de aborto legal, informando a motivação, faixa etária e identificação étnico-racial da paciente. O que acha do debate e quais propostas relacionadas aos direitos das mulheres você destaca? Não houve nenhum debate sobre a aprovação dessa lei que é um cerceamento dos direitos e a liberdade das mulheres. Trata-se de uma intimidação mesmo nos casos previstos na lei, como em gestação resultado de estupro ou que represente risco para a vida da mulher. Somos uma chapa de mulheres, contra a criminalização do aborto. Acho que deveria haver um amplo debate sobre o tema, inclusive nas periferias, pois há muitas dúvidas e direitos negados. O PCO defende o direito ao aborto, mas principalmente o pleno exercício da maternidade, com garantias às mulheres como licença maternidade, acesso à saúde e educação pública, creches etc.