Um dia essa semana estava ouvindo um episódio do Ask the Inspector de Scott Ritter, um podcast de análise militar e política de muita qualidade. No entanto, o algoritmo sionista do Spotify iniciou imediatamente após o fim do episódio um podcast sionista, foi um verdadeiro show de horrores. O podcast era de Sam Harris, um antigo militante ateu que se tornou um defensor ferrenho da política do imperialismo, seu entrevistado era um suposto especialista em guerra urbana. Quando ouvi as apresentações, sabia que seria terrível, mas não estava preparado para o nível de loucura que chegou o sionismo.
O Hamas é referido o tempo inteiro como um grupo terrorista, até aí é relativamente normal. Eles, no entanto, falam que a organização é movida apenas pelo “ódio jiadista”, nenhuma menção sobre o motivo que os palestinos estariam lutando. Então o podcast começa a falar dos “horrores do 7 de outubro”. Após 7 meses de genocídio em Gaza eles não se referem em nada ao sofrimento dos palestinos, focam completamente em falar das falsas barbaridades que até hoje não foram comprovadas. Os supostos estupros e brutalidades do Hamas.
Mas quando vem a “analise militar” que começa o mundo mágico. Para eles, “Israel” não fez nada de errado, literalmente nada. Ao ser perguntando para falar um erro de “Israel” o convidado diz que seu único erro foi não travar uma guerra de propaganda bem feita. Ele afirma que o assassinato de crianças, de jornalistas, de membros da ONU, etc., tudo ou é mentira, ou tem uma bela justificativa. Inclusive para ele o bombardeio em Gaza mata menos gente do que não bombardear, esse é o nível de loucura.
O Hamas é comparado com o Estado Islâmico e é colocado como pior do que essa organização. Isso porque o Hamas sabe “usar os escudos humanos” de forma mais eficiente. Teria elevado essa estratégia para um novo estágio, dos “sacrifícios humanos”. O que seria isso? Ele controla a população de civis para maximizar as mortes. E “Israel”, vítima dessa política, estaria matando mais palestinos.
É obvio que esse especialista tem um comentário sobre a Ucrânia. Lá, sim, é a guerra real. Lá onde em dois anos de guerra em um país com 20 vezes a população de Gaza não houve nada nem perto do que se vê na Palestina. Lá, cada uma das poucas crianças que morreu, a culpa é toda de Putin. Já em Gaza o pobre Netaniahu foi obrigado a assassinar 15 mil crianças.
No fim, o grande argumento é que as guerras hoje são divulgadas nas redes sociais e isso seria o diferencial. De fato, caso houvesse essa divulgação há 20 anos, os protestos em defesa do Iraque, do Afeganistão, da Síria, do Iêmen, da Líbia seria muito maiores. Os sionistas são saudosistas da invasão do Iraque, quando os EUA podiam matar um milhão de pessoas sem gerar uma comoção internacional.
Para justificar um genocídio é preciso criar um mundo mágico. Os genocidas são as vítimas eternas. A culpa de tudo é daqueles que lutam contra os genocidas. Esses são os “terroristas”. Uma das grandes vitórias do Hamas foi tornar todos esses propagandistas do sionismo pessoas ridículas.