No dia 11 de janeiro, o imperialismo cruzou uma linha vermelha em sua guerra no Oriente Médio; bombardeando o Iêmen. Após tentar impedir as ações do país no Mar Vermelho sem sucesso, os EUA e o Reino Unido aumentaram a ofensiva bombardeando um dos países mais pobres do mundo. Só nessa ação foram gastos 200 milhões de dólares, o equivalente a 1% do PIB do Iêmen! No entanto, isso não demonstra a força do imperialismo, pelo contrário, é um sinal de fraqueza e desespero. E ao que tudo indica, mais uma derrota está prestes a ser colhida.
Primeiro é preciso entender os objetivos do imperialismo na guerra contra o Iêmen. O país, localizado no sul da península arábica, é o único país do mundo que declarou guerra contra “Israel” em apoio a Palestina. Ele encontra a entrada para o Mar Vermelho, o estreito de Babalmande, por isso começou a atacar todos os navios que se dirigem à “Israel” impondo um importante bloqueio econômico. O imperialismo, tentando defender os sionistas, lançou uma operação naval chamada “Guardiã da Prosperidade”. Os EUA são a principal força na operação e mandaram dezenas de navios para o Mar Vermelho.
O Iêmen, no entanto, não se intimidou. Continuou seus ataques a navios que se dirigem à “Israel”. Os EUA, no dia 31 de dezembro, atacaram navios do Iêmen que realizavam operações no mar, assassinando 10 marinheiros. Foi o primeiro ataque direto do imperialismo contra o Iêmen. Os iemenitas então reagiram atacando diretamente a marinha dos EUA. A guerra do Iêmen contra o imperialismo já havia começado. Os EUA e a Inglaterra então cruzaram mais uma linha, transformaram a guerra no mar numa guerra no território. E agora os iemenitas preparam a respostas.
A questão que fica é, qual seria o objetivo do imperialismo? O ideal seria a derrubada do governo do Ansar Alá (também chamados de Hutis), isso se demonstrou impossível, pois o imperialismo tentou essa manobra entre 2014 e 2022 e a popularidade do governo agora está mais alta que nunca. O objetivo menor seria então impedir que o Iêmen afete a economia de “Israel”, isso também está se demonstrando um fracasso total. Fica evidente que o imperialismo está fazendo, na verdade, é transformar o bloqueio parcial do Mar Vermelho em um bloqueio total.
Desde o princípio, o Iêmen declarou que os alvos eram apenas os navios que se dirijam à “Israel”. Nesse sentido, a esmagadora maioria das embarcações poderia seguir na rota do Mar Vermelho. O que tornou o mar inseguro, foram os anúncios do imperialismo que iriam retaliar na região. Muito diferente de um mar proibido para “Israel” é um mar onde há uma guerra em que a frota naval dos EUA está participando. Nenhuma transportadora tem a coragem de mandar seus navios para uma região com um conflito militar desse tamanho. E agora é justamente isso que está acontecendo. A guerra contra o Iêmen, portanto, está fortalecendo a política do Iêmen, de gerar um dano econômico como forma de apoiar luta dos palestinos.
E o dano econômico não vem apenas por meio do bloqueio. Essa guerra também tem um gasto absurdo para o imperialismo. O Iêmen, sendo um dos países mais pobres do mundo, possui como principal armamento para atacar os navios drones baratos produzidos pelo Irã, alguns chegam a custar apenas 6 mil dólares. Os EUA, por sua vez, tem sistemas de defesa que custam entre um milhão e quatro milhões de dólares para cada projetil abatido. Sendo assim, o gasto da guerra para o imperialismo pode rapidamente chegar na casa dos bilhões, enquanto para o Iêmen estará custando poucos milhões. E isso apenas com os gastos do sistema de defesa. Ainda há o custo de manter toda uma frota enorme no Oriente Médio.
E não é só isso, o imperialismo pode ter uma gigantesca derrota política mesmo com uma pequena vitória militar no Iêmen. Basta imaginar o que aconteceria se um das dezenas de milhares de drones iemenitas atingisse um navio norte-americano. Seria uma gigantesca desmoralização para o imperialismo, a frota “mais poderosa do mundo” sendo atingida por um dos países mais pobres do planeta. Isso é algo que não tem precedentes na história. O Iêmen, na verdade, antes mesmo dos confrontos, já desmoralizou completamente o domínio do imperialismo sobre os mares. Ele demonstra que os EUA perderam o controle marítimo que haviam conquistado no fim da Segunda Guerra Mundial.
Nesse sentido, o imperialismo já entra na guerra do Iêmen perdendo. Os seus dois objetivos não serão alcançados, o governo do Ansar Alá se tornará mais popular e o Mar Vermelho seguirá bloqueado. E não só isso como o imperialismo acumulará mais derrotadas. É mais uma desmoralização política para Joe Biden que entrou em uma nova guerra, é uma desmoralização militar, pois mostra a fraqueza das tropas norte-americanas, é mais um estímulo para a resistência armada em todo o Oriente Médio que agora novamente vê um país árabe sendo bombardeado pelos EUA.
A vitória do Iêmen se deu, na verdade, em 2022, quando a coalização militar criada pelos EUA foi derrotada. O país se tornou areia movediça para o imperialismo, quando mais tentam impedir seu avanço, mais afundam. E o governo do Ansar Alá tem plena consciência disso, e por isso atuam de forma tão determinada.