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Brasil

O Globo insiste, mas o centro político está morto

A colunista e golpista Vera Magalhães afirma que Lula não deveria polarizar, o que demonstra: é preciso fazer justo o contrário. Não há espaço político para o “centro”

Um artigo de opinião de nome “Polarização como vício” foi publicado no Globo na última quarta-feira, 31 de janeiro. Assinado pela golpista tradicional Vera Magalhães, a coluna aponta que o fator de fortalecimento para Jair Bolsonaro seria Lula, especialmente quando polariza com aquele. No mínimo muito estranha, a colocação, ao longo do texto, demonstra os planos do imperialismo para o Brasil. Vamos aos argumentos.

Polarização, um fenômeno inevitável

“Não bastasse o mal que faz ao debate público, o desgaste que causa às instituições de Estado e o risco que representa para a própria democracia, a polarização política virou uma muleta que os dois lados que dela se alimentam passaram a usar para justificar todas as suas mazelas e exigir do público complacência com as inconsistências de seus projetos de governo.”

Em outras palavras, a matéria escrita por Magalhães busca justamente defender as instituições de Estado, ou seja, os órgãos que estão mais diretamente sob o controle da burguesia. O questionamento das “instituições de Estado” nada mais é que um questionamento do próprio Estado burguês, ainda que este se mantenha sob o fino manto de “democracia”.

Colocado o primeiro ponto, é preciso observar o que é a polarização. De acordo com a colunista do Globo, um dos maiores inimigos dos trabalhadores do Brasil, a polarização seria um jogo retórico, uma falsificação. Mas na realidade a polarização é um fenômeno material, o qual se desenvolve a partir das contradições inerentes ao capitalismo, cujas crises intensificam o conflito entre as duas classes fundamentais deste sistema econômico, a classe operária e a burguesia. É deste conflito fundamental que se trata a polarização.

Conforme a divisão da sociedade se torna mais evidente, e se intensificam as contradições de interesses entre a classe operária e a burguesia, o chamado “centro político” é pulverizado. Afinal, ninguém mais passa a ter condições materiais para apoiar meias-medidas e defesas insossas de pautas insuficientes. A luta se acirra, e vem à tona cada vez mais claramente a luta de classes. A burguesia, classe dominante, já não tem condições concretas para, em meio a crises de insatisfação popular, conciliar com os trabalhadores, e nem para regular seus ataques à classe operária com base na situação política. Com a faca no pescoço pela crise, a burguesia é forçada a atacar os trabalhadores duramente, e estes, portanto, são obrigados a revidar na mesma moeda. Nesse sentido, caso tanto Lula como Bolsonaro não polarizem, estarão cometendo um suicídio político. Os dois, independente de suas vontades, não têm escolha.

Farsa e perseguição política

Vera Magalhães, então, passa a uma tentativa de demonstrar sua afirmação, e falha miseravelmente. Vejamos:

“O clã Bolsonaro — investigado em múltiplas frentes […] — coloca tudo no saco da perseguição política do PT, do Judiciário e da imprensa.”

Ora, mas é óbvia a perseguição a Jair Bolsonaro. Basta ver a condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, por fazer uma reunião e falar nessa reunião. Ou seja, o presidente, antes de se pronunciar, teria que pedir autorização ao TSE, uma evidente condenação política, e que se seguiu com o caso das joias, algo ultra minoritário e, ainda que fosse verdade, seria muito pouco relevante. Bolsonaro é perseguido politicamente.

No entanto, Vera Magalhães, como raposa velha, busca desviar o agente da perseguição, e define o PT, o Judiciário e a imprensa como os que a levam adiante, algo inverídico. A perseguição política a Bolsonaro é levada a cabo pelo imperialismo, ou seja, pelo Judiciário burguês e pela imprensa burguesa, mas o PT, no caso, é meramente um seguidor, está a reboque político da campanha imperialista, não a conduz, e nem teria condições para tanto. E continua a golpista:

“Qual seria o antídoto para evitar que esse expediente diversionista continuasse vicejando? Que o outro lado da disputa política aposentasse as práticas e restabelecesse no trato da política e da coisa pública parâmetros mais impessoais e racionais de atuação. Mas nem sempre tem sido assim.”

Acaba que, lógico, para Vera Magalhães, que tem como vício a servidão ao imperialismo, questionar a campanha de seu senhor é algo diversionista, irracional e pessoal. Para ela, tanto racionalidade como impessoalidade tem o mesmo significado: a servidão. E Lula, enquanto outro perseguido político pelas linhas da imprensa burguesa, também não poderia afirmar que a campanha contra ele, que até foi preso ilegalmente, é uma perseguição. Não devemos, é claro, nos pautar pelo que diz uma jornalista ajoelhada perante o imperialismo.

O pensamento lógico como o seu contrário

“Trata-se de uma tática tão surrada quanto ainda eficaz de criar uma cortina de fumaça para fatos de extrema gravidade. A parcela do público que reza segundo a cartilha do bolsonarismo compra de forma acrítica essa explicação”, afirma Magalhães.

O que ocorre, porém, é o contrário. Vera Magalhães e seu mestre, o imperialismo, utilizam supostos casos de corrupção ou o que seja como cortina de fumaça para ocultar e orquestrar a perseguição política. O público que acredita, seja em Lula, seja em Bolsonaro, contra o que diz a imprensa burguesa, o faz por saber que os interesses dessa imprensa estão totalmente alinhados contra os seus próprios, e que ela diria qualquer coisa para levá-los adiante. Então, de fato, são pessoas não acríticas, mas críticas, que já identificaram — de maneira mais ou menos contraditória — seu pior inimigo, o imperialismo.

A capacho do Globo cita casos em que o governo Lula teria supostamente se portado de maneira inadequada, afirmando: “Às favas o que diz a Constituição quanto aos princípios que devem nortear a administração e a comunicação públicas.” Ora, às favas com a vergonha na cara. É isso o que faz a golpista e antinacional contumaz Vera Magalhães, que tem a audácia de reivindicar a Constituição.

Um governo apartidário ou popular?

Ela ainda fala em “uso partidário das redes de um órgão de Estado”. O governo eleito não deveria utilizar os órgãos que gere de acordo com sua política? E segue: “As declarações recentes de Lula também mostram um presidente totalmente capturado pela contraposição com o bolsonarismo, como se apenas isso pudesse ser um projeto de governo capaz de assegurar sua reeleição daqui a três anos.” Magalhães não quer a polarização porque aquele que segura sua coleira quer um país o mais pacificado possível para melhor exercer sua dominação econômica.

“Lula deveria estar cobrando soluções de seus ministérios para nós concretos que podem macular sua gestão, e não usando uma conferência sobre educação para dizer que ‘vai ter polarização’ e que ele acha ‘bom que tenha’ nas eleições municipais. O resultado é abrir o flanco para a acusação de que a educação é palco de uma guerra ideológica, exatamente como Bolsonaro fez, a um preço altíssimo para o país.’

Só que a guerra não é algo para que se abre ou não espaço. Como colocamos no início desta peça, a luta de classes está colocada. Se as crianças terão refeições nas escolas, se o petróleo será nacional, se o SUS irá prosperar, em toda esfera de governo uma verdadeira guerra está colocada. E, para seguir, Lula não pode hesitar. Caso o faça, incorrerá numa completa falência política, fazendo o jogo da chamada terceira via, completamente impopular. Está demonstrado a qualquer um que observe minimamente a política nacional e internacional: o “centro político” está morto.

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