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HISTÓRIA DA PALESTINA

O ‘Estado Judeu’ sempre foi um plano do imperialismo

Enquanto os sionistas afirmavam que o Estado de “Israel” seria um refúgio dos judeus, os banqueiros britânicos da década de 1930 calculavam seus lucros 

A divisão da Palestina era um projeto do imperialismo britânico provavelmente desde a década de 1910. A partir dos anos 1930 começou a ser discutido de forma mais pública. O jornal da esquerda inglesa Labour Monthly cobriu essa questão enquanto os acontecimentos se desenvolviam. Em 1937 publicaram o artigo a Reportagem Palestina, que discorres sobre isso.

Ele diz: “a proposta de terminar o Mandato é, em si, um passo bem-vindo. Mas a partição permitirá ao imperialismo britânico manter, direta ou indiretamente, um grande controle sobre a Palestina. Ao garantir um Mandato permanente sobre o enclave Jaffa-Jerusalém e o Mar da Galileia, a Grã-Bretanha provavelmente fortalecerá sua posição estratégica. Uma base permanente em uma área restrita provavelmente será de maior vantagem para a Grã-Bretanha do que sua posição instável atual como mandatária de toda a Palestina”.

Ou seja, o plano de divisão de entre um Estado sionista e um Estado da Palestina já era uma proposta do imperialismo britânico para ter uma base na região. Nada tinha a ver com um “refugio para os judeus”, isso sempre foi uma propaganda para encobrir essa operação do imperialismo.

Ele então comenta sobre o país vizinho: “é provável que a proposta de vinculação do Estado Árabe à Transjordânia, que à primeira vista parece ser um movimento em direção à unidade árabe, na verdade esteja destinada a preparar o caminho para a instalação do Amir Abdula, que, como governante da Transjordânia, geralmente se mostrou um bom servo do imperialismo britânico, no trono do novo estado combinado. Assim, os árabes palestinos serão privados do governo democraticamente eleito que sempre exigiram, mesmo na área restrita que lhes resta, e serão submetidos ao governo de um rajá”.

A Transjordânia, atual Jordânia, se manteve como uma monarquia totalmente pró-imperialista. Essa relação também viria a se desenvolver com a criação do Estado de “Israel”. O que restou da Cisjordânia, um território palestino, passou a ser governado pela Transjordânia, onde um rei aliado dos ingleses governava.

O artigo então destaca que o plano será implementado com violência: “está claro que, embora na teoria a partição dependa do consentimento de ambas as comunidades, preparativos estão sendo feitos para impor o arranjo à força. A Comissão falou definitivamente contra a continuidade do Mandato para que isso seja uma alternativa possível. As únicas possibilidades reais, então, são a partição ou o autogoverno para uma Palestina unida. A Grã-Bretanha usará todo seu peso para forçar a aceitação da primeira. Qual é a chance de que o povo da Palestina force a Grã-Bretanha a aceitar a última?

O interessante é que isso nunca mudou. As únicas alternativas são a posição do imperialismo, ou seja, 2 Estados, ou o autogoverno da Palestina como um todo. Os palestinos lutaram por décadas para conquistar essa reivindicação. A partir de 2023 parece que finalmente estão se aproximando de uma vitória. A partição, por sua vez, se transformou na ocupação total da Palestina, algo que talvez nem mesmo os britânicos tivessem previsto.

O jornal então destaque que é preciso unir os trabalhadores árabes e europeus, o que é uma tese antissionista: “a Palestina não será capaz de evitar a partição, ou uma longa e sangrenta tentativa de impor a partição, a menos que árabes e judeus possam se unir para resisti-la. A situação atual apresenta uma oportunidade excepcionalmente boa para a formação de uma frente anti-imperialista unida de árabes e judeus. Nenhum deseja ver seu país mutilado. Nenhum quer a Grã-Bretanha estabelecida permanentemente em Jerusalém. Ambos perderão economicamente com os arranjos políticos complicados que a partição envolve”.

O erro aqui é que os trabalhadores europeus que imigraram poderia ser contra a partição, mas os sionistas que dirigiam esse movimento eram completamente a favor. Para o sionismo a partição seria a grande vitória, criar um “Estado judeu” assim como o fundador do sionismo Herzl teorizou. Era uma tese fascista desde o princípio e por isso ela só pode ser implementada por meio dos banqueiros ingleses.

E mais uma vez o artigo não compreende o funcionamento do sionismo: “mas falar de paz e harmonia entre judeus e árabes não é suficiente. É essencial que os sionistas reconheçam que a única base possível de acordo é a terminação do Mandato e o estabelecimento de um governo democrático independente, com plenos direitos de cidadania para os judeus, em uma Palestina unida. O Movimento Trabalhista Britânico também deve exigir que a partição seja rejeitada e que uma conferência árabe-judaica conjunta seja convocada para determinar o futuro da Palestina com base nisso”.

O que ele não entende é que os sionistas são uma ala do imperialismo britânico. Eles não tem interesse em governo democrático independente nenhum. Os trabalhadores judeus europeus são um possível aliado, mas os sionistas são os agentes do imperialismo na Palestina. Sem clarificar essa divisão, o Labour Monthly não consegue aplicar uma política bem definida para a luta pela independência da Palestina.

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