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HISTÓRIA DA PALESTINA

O discurso do delegado da Palestina à 3ª Internacional – Parte 2

Os britânicos em 1935 já quase completavam 20 anos de dominação da Palestina, o pequeno movimento comunista denunciou essa opressão no 7º Congresso da Commintern 

A Internacional Comunista, criada por Lênin após a Revolução Russa, se manteve durante o período stalinista. O Partido Comunista da Palestina possuia tanto palestinos quando judeus europeus e a partir de 1923 começou a participar dos Congressos da Internacional. Em 1935, o delegado do PCP fez um discurso denunciando a opressão do imperialismo britânico e do sionismo na Palestina. A primeira parte do discurso pode ser lida na parte 1 desse artigo. Nesta segunda parte ele critica diretamente o governo britânico na Palestina:

“Não se pode dizer que tudo está indo bem no campo sionista. Já existem sintomas do crescimento da insatisfação entre os trabalhadores judeus ligados ao aumento do desemprego entre eles. Hoje, mais de 5.000 trabalhadores estão desempregados. Este desemprego ocorre devido ao aumento do fluxo de imigração, ao volume limitado de novas construções e, particularmente, como resultado do crescimento da resistência proveniente das massas árabes à tomada de suas terras e trabalhos pelos judeus. Sem dúvida, o imperialismo inglês já está aumentando sua pressão, exploração e zombaria das massas árabes para empurrar os trabalhadores judeus para a prisão do sionismo.

Como resultado de toda essa política do imperialismo britânico e por causa da crise econômica, a situação das massas trabalhadoras árabes está se deteriorando drasticamente. O número de árabes desempregados cresce a cada dia que passa. Os desempregados, que não recebem assistência, são reduzidos à pobreza e estão condenados a morrer de fome. Exaustos sob o peso de impostos impossíveis de pagar, os menores preços dos produtos agrícolas e, como resultado do saque pelos bancos e agiotas, a economia agrícola está experimentando um declínio constante. O fela (camponês) árabe não pode, com seu próprio trabalho intenso, fornecer o mínimo para sustentar a vida de sua família. Posso referir-me a números da comissão de John Crosby (um dos agentes do imperialismo inglês). Investigando a situação da economia agrícola da Palestina, ele determinou que a renda de uma fazenda camponesa com 100 dunums de terra era de 51 libras palestinas. Deste valor, 22 libras palestinas devem ser deduzidas para custos de produção. O pagamento do aluguel representa 30% da renda em dinheiro. Restam nas mãos do fela 24 libras palestinas, das quais ele deve pagar vários valores de dívidas para o clero, etc. Assim, após a dedução de todas as despesas restantes, o camponês retém um máximo de 16 libras palestinas. Mas o Sr. Crosby verifica que ‘os gastos médios de uma família de um colono autônomo consistem em 162 libras palestinas anuais’. Como você vê, a diferença entre 16 e 162 libras palestinas é pouco mais de 10 vezes. De fato, Crosby pega um camponês com 100 dunums de terra, mas tais camponeses são poucos entre nós: apenas 20-18%. Enquanto as massas restantes do campesinato possuem lotes menores ou então são totalmente sem-terra. Sobre essa categoria, o agente colonialista ‘esqueceu’ de falar. No entanto, mesmo com os materiais do Sr. Crosby, não é difícil ver como vive o fela árabe. Além disso, deve-se notar que os números de Crosby são de 1931, enquanto, como é sabido, após esse ano a situação dos fela árabes piorou consideravelmente.

A pressão crescente e a exploração severa das massas trabalhadoras da Palestina por parte do imperialismo e de seus agentes sionistas só podem resultar no aumento da resistência das massas árabes. Desde o primeiro momento da colonização da Palestina, o movimento anti-imperialista no país tem crescido. Assim como nos anos 1920, 1921, 1922, também nos anos 1929, 1931, 1933, ocorreram poderosas manifestações das massas árabes. A luta anti-imperialista de 1929 destaca-se por sua força particular, quando uma revolta de todo o povo desferiu golpes palpáveis ​​nos colonizadores. É verdade que, no início, o imperialismo inglês através de seus agentes quis dar o caráter de um massacre árabe-judeu a esse poderoso movimento de libertação nacional, mas essa tentativa não foi coroada de sucesso. A revolta popular de 1929 transformou-se em um poderoso movimento anti-imperialista. Não se limitou à Palestina, mas também chamou a atenção de outros países árabes. Trazidas de outras colônias, grandes forças do imperialismo inglês puniram impiedosamente as massas árabes revolucionárias. As terríveis represálias do imperialismo inglês e das unidades armadas sionistas, o papel traiçoeiro das partes reacionárias dos reformistas nacionais – se estes foram capazes de esmagar o movimento revolucionário em sangue, não conseguiram estrangulá-lo após a revolta de 1929. A aparição de um desejo por parte dos trabalhadores árabes de organizar sindicatos é particularmente notável, e uma luta grevista começou a crescer. Confrontos de rua com bandos sionistas e a polícia tornaram-se ocorrências frequentes. Nas aldeias árabes, por sua vez, a agitação não para. A recusa em pagar impostos, a resistência à polícia, o crescimento das unidades guerrilheiras, a manifestação em Nablus em 1931, a luta incessante dos camponeses por suas terras contra os usurpadores sionistas (Wadi Hawares, Shatta, Zubaydat, etc.) bem como os grandes eventos de 1933, tudo claramente testifica o quão grande é a eficácia e o crescimento do movimento revolucionário de libertação das massas árabes. De importância especialmente significativa é a greve de 1935 em Haifa contra as empresas de uma companhia petrolífera. Esta greve de 650 trabalhadores em um ano de intensa crise e desemprego continuou por 16 dias e a batalha de classes foi concluída com a vitória dos trabalhadores. Além de demandas econômicas, os trabalhadores obtiveram o reconhecimento de seu sindicato pela empresa. Esta greve é ainda mais notável por ser a primeira greve poderosa dos trabalhadores árabes, na história do movimento dos trabalhadores árabes da Palestina e na história do PC da Palestina, cuja organização foi realizada com o forte reforço do Partido e sob a hegemonia do Partido. Tal sucesso é um sinal de que o Partido saiu no caminho do trabalho de massas, graças à política de arabização. A greve exerceu uma influência imediata em outros setores dos trabalhadores árabes da Palestina. Uma greve de 130 trabalhadores irrompeu no porto. Uma greve de motoristas em Haifa, agitação entre os trabalhadores na ferrovia e no setor municipal. Estas greves simultâneas inspiraram um tremendo entusiasmo e um impulso para a luta de classes entre os trabalhadores árabes da Palestina, e despertaram a simpatia de amplas camadas das massas trabalhadoras urbanas. Uma nova fase do movimento revolucionário na Palestina também pode ser observada a partir do fato de que, durante o período da última greve em Haifa, o movimento se espalhou para as aldeias vizinhas. Em Harsile, um confronto entre os camponeses e a gendarmaria ao longo de seis horas seguidas terminou com muitos camponeses feridos e um morto. Dessa forma, é formada a unidade do movimento operário-camponês da Palestina e a possibilidade da hegemonia da classe trabalhadora. Quanto à pobreza urbana dos artesãos e da pequena burguesia, essas camadas da população não estão ficando fora do movimento revolucionário. Tudo isso mostra o campo inesgotável para a atividade revolucionária do partido do proletariado que temos na Palestina. E você tem o direito legítimo de se dirigir ao Partido Comunista da Palestina com a pergunta: o que ele foi capaz de fazer nessas condições nos últimos anos? Nosso Partido Comunista da Palestina é uma das seções mais antigas da Internacional Comunista no mundo árabe. Mas deve-se reconhecer que o trabalho do nosso partido até os últimos anos foi obviamente insatisfatório.”

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