Em 23 de outubro de 1983, a resistência palestina executou um dos ataques mais devastadores contra as forças imperialistas no Líbano, explodindo dois quartéis ocupados por soldados dos Estados Unidos e da França. Ao todo, 299 militares foram mortos, marcando a ação mais letal sofrida pelos fuzileiros navais dos EUA desde a Segunda Guerra Mundial. O atentado, reivindicado pelo grupo xiita Jiade Islâmica, atingiu diretamente o quartel dos fuzileiros navais dos EUA em Beirute, onde um caminhão carregado com 5,4 toneladas de explosivos foi lançado contra o portão principal, demolindo o edifício de quatro andares e matando 241 militares norte-americanos.
Minutos depois, outro ataque semelhante ocorreu no oeste de Beirute, onde um homem-bomba destruiu o quartel de paraquedistas franceses, resultando na morte de 58 soldados. Essas ações da resistência foram um golpe direto contra a ocupação estrangeira que se desenrolava no país árabe durante da Guerra Civil Libanesa.
Iniciada em 1975 e agravada pela ocupação imperialista, a guerra civil tinha esse nome, mas era principalmente uma guerra de libertação nacional, com a extrema direita fascista comandando um regime brutal de dominação imperialista do país e as forças nacionalistas, principalmente muçulmanos xiitas. Foi também amplamente influenciada pela leva de refugiados palestinos no Líbano. Muitos desses refugiados eram combatentes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que buscavam resistir à presença israelense e imperialista na região.
Quando a OLP firmou um cessar-fogo com “Israel” em 1982, forças multinacionais compostas por tropas dos EUA, França e Itália foram enviadas ao Líbano com o pretexto de manter a paz e garantir a saída segura da OLP. No entanto, após a retirada da OLP, essas forças imperialistas se mostraram indiferentes quanto à barbárie sionista, incapazes de por exemplo, impedir massacres como o de Sabra e Chatila, onde milícias cristãs, apoiadas por “Israel”, massacraram centenas de palestinos.
O retorno das tropas imperialistas ao Líbano, sob o pretexto de “manutenção da paz”, serviu apenas para reforçar a ocupação, levando à intensificação da resistência libanesa. O ataque de 1983 demonstrou o fracasso da ocupação estrangeira e consolidou a vitória da resistência popular, que contava com o apoio generalizado da população libanesa. Em menos de seis meses, as tropas norte-americanas começaram sua retirada do Líbano, culminando com a saída definitiva dos últimos fuzileiros em 26 de fevereiro de 1984.
A explosão dos quartéis de Beirute se tornou um símbolo da resistência contra a ocupação e marcou um momento decisivo na luta contra as forças imperialistas no Oriente Médio.
Frutos da ocupação
A Guerra Civil Libanesa prolongou-se de 1975 até a década de 1990, tendo como causas o declínio da administração otomana e a ocupação imperialista. O fluxo de refugiados palestinos para o Líbano desempenhou um papel considerável nos eventos.
Junto com os refugiados, formaram-se naturalmente grupos de combate armado contra a ocupação imperialista, especialmente após a fundação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em 1964.
Em determinado momento, todos os grupos armados presentes na Síria, Jordânia e Egito foram expulsos desses territórios, e muitos se dirigiram para o sul do Líbano. Essa polarização resultou na formação de milícias tanto revolucionárias quanto contrarrevolucionárias.
Em 1982, a OLP celebrou um acordo de cessar-fogo com “Israel”, que incluía a entrada de uma força multinacional de manutenção da paz composta por Estados Unidos, França e Itália. O objetivo era garantir a saída da OLP e a segurança dos civis que permaneciam no território libanês.
Após a retirada das forças da OLP, a maioria das tropas de “manutenção da paz” se retirou para embarcações no Mar Mediterrâneo. O resultado desse acordo foi que as milícias cristãs ficaram livres para realizar o massacre de centenas a milhares de civis palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila.
Esse episódio foi utilizado como justificativa para o retorno das tropas imperialistas sob o pretexto de “manutenção da paz”. Os fatos, no entanto, demonstraram a parcialidade dessas forças, cujo retorno representou mais um passo na política de ocupação imperialista na região.
O primeiro quartel a ser demolido estava ocupado por fuzileiros navais dos EUA. Foi explodido quando um caminhão carregado com 5,4 toneladas de explosivos foi lançado contra seu portão frontal. O edifício de quatro andares foi destruído, matando 241 militares norte-americanos, sendo 220 fuzileiros navais, 18 marinheiros e 3 soldados. Essa foi a maior baixa sofrida pelos fuzileiros dos EUA desde a Batalha de Iwo Jima, em 1945.
Momentos depois, outro quartel, ocupado por paraquedistas franceses no oeste de Beirute, também foi destruído. Um homem-bomba entrou no edifício e detonou os explosivos, derrubando o prédio e matando 58 soldados.
A resistência intensa, apoiada pela população, foi vitoriosa, forçando a retirada das forças imperialistas de “manutenção da paz”. Em 26 de fevereiro de 1984, os últimos fuzileiros estadunidenses deixaram Beirute.