No artigo ONU descobre o estupro na guerra, publicado pela Folha de S. Paulo, a jornalista Mariliz Pereira Jorge, uma notória difamadora das organizações de luta do povo palestino, voltou à cena com sua campanha cínica sobre os supostos estupros cometidos no dia 7 de outubro de 2023 pelo Hamas. O gancho para o seu artigo foi a divulgação de um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) que afirma haver “indícios” de “violência sexual” praticada por palestinos contra israelenses e praticada por israelenses contra palestinos.
O tal relatório é recheado de patifarias, como “no festival de música e em seus arredores, há motivos razoáveis para acreditar que ocorreram vários incidentes de violência sexual […] Fontes confiáveis descreveram ter encontrado indivíduos assassinados, em sua maioria mulheres, cujos corpos estavam nus da cintura para baixo –e alguns totalmente nus– amarrados com as mãos atrás das costas, muitos dos quais foram baleados na cabeça”. Isto é, não há prova alguma de que o Hamas tenha praticado qualquer “violência sexual”, o que há são relatos de “fontes confiáveis”. Quem seriam essas fontes? Mulheres sob a tutela dos brutamontes das forças armadas israelenses? E quem garante que as mulheres nuas foram de fato despidas pelo Hamas, uma vez que “Israel” tem tanto respeito com cadáveres que rouba os seus órgãos?
O relatório é ridículo. Mas mais ridícula ainda é a posição de Pereira Jorge, que crítica o documento por ser insuficientemente sionista! Diz ela:
“Os ‘especialistas’ contaram que as vítimas foram encontradas nuas, amarradas, baleadas em várias partes do corpo e apontam um padrão de violência, tortura e abuso. Silêncio, a ONU descobriu que o estupro foi usado como arma de guerra contra judias. A demora em se posicionar com dados confiáveis é mais do que incompetência, tem viés ideológico, e é responsável pelo processo de desumanização tanto de judeus como de palestinos. Enfraquece a discussão sobre a vulnerabilidade feminina nos conflitos, atenua a gravidade da violência sexual.”
Nem a ONU apresentou qualquer prova confiável sobre a prática de estupros por parte do Hamas, nem veio a público, no período de cinco meses, qualquer prova contundente. O que a autora acha que são provas irrefutáveis são, na verdade, pura propaganda do Estado de “Israel”. Não se trata, portanto, da defesa das mulheres, que teriam sido violentadas e que não estão sendo acolhidas. Mariliz Pereira Jorge é tão somente um papagaio do genocida Benjamin Netaniahu, um criminoso de guerra e um mentiroso profissional.
A posição da ONU tem, sim, um “viés ideológico”. Mas ele não está em sua demora: está no fato de que a organização, que tanto fala em nome dos direitos humanos, decidiu fazer parte de uma encenação cujo único objetivo é esconder os crimes de guerra de “Israel”. Entre eles, os crimes praticados contra as mulheres palestinas. Afinal, comparar os “indícios” de que o Hamas teria cometido estupros, que nada mais são que propaganda sionista, com o sofrimento das mulheres palestinas, expresso no assassinato de milhares de mulheres, na morte de seus filhos, nas agressões, nas prisões e, inclusive, nos estupros; é algo verdadeiramente desumano.
Mariliz Pereira Jorge e a ONU são quem efetivamente contribuem para a “desumanização” das palestinas. Ao se mostrarem tão preocupadas com os estupros inventados por Netaniahu, indicam a todo o mundo que a vida da mulher palestina não tem a menor importância.