No programa Análise Internacional, transmitido em 4 de novembro pelo canal do Diário Causa Operária (DCO) no YouTube, Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), e o comandante Robinson Farinazzo denunciaram o papel do imperialismo norte-americano na manutenção das guerras ao redor do mundo. O programa abordou os principais problemas atualmente, desde uma análise sobre o avanço russo na Ucrânia, até as tensões no Oriente Médio e as implicações das eleições presidenciais norte-americanas.
O debate começou pela guerra na Ucrânia, onde a situação do país foi descrita como crítica. Segundo o New York Times, a Ucrânia vive um momento em que a falta de armas e de soldados tornou-se um problema agudo. Farinazzo enfatizou o que considerou uma “fragilidade da indústria de armas imperialista” diante da “potência logística e industrial da Rússia”. Ele classificou a atual situação ucraniana como desesperadora, observando que o país já recorre a prisioneiros para compor suas forças militares. “Esse é um sinal de desespero total”, afirmou Farinazzo, que vê poucas opções para o país continuar sustentando o conflito.
Rui Costa Pimenta, por sua vez, observou que a deterioração da Ucrânia vai além do aspecto militar. “O que estamos vendo é o fim de linha da operação imperialista na Ucrânia”, declarou. Ele destacou que, além das derrotas no campo de batalha, a Ucrânia enfrenta levantes internos contra o recrutamento forçado, o que, em sua visão, é um reflexo da “desestruturação” do país. Pimenta também mencionou uma reportagem da RT, segundo a qual, caso a Ucrânia caia, países europeus poderiam ser arrastados para um confronto direto com a Rússia. “A Ucrânia já está destruída, e o problema vai estourar na Europa”, alertou, apontando para o alto custo que as nações europeias podem pagar como consequência dessa guerra promovida pelo imperialismo.
Em seguida, o programa abordou a situação no Oriente Médio, com enfoque no recente conflito entre o Irã e “Israel”. Para Pimenta, o Irã já chegou à conclusão de que as negociações com “Israel” são inviáveis e que o uso da força é uma resposta necessária para defender sua soberania. “A situação deixou claro para o Irã que o que está em jogo é a sua própria sobrevivência. O uso da força é inevitável”, disse. Farinazzo acrescentou que o Hesbolá intensificou seus ataques contra “Israel”, indicando uma escalada no conflito, e que a escassez de munições antiaéreas no arsenal israelense, junto à retirada de um porta-aviões norte-americano da região, revelam a fragilidade da posição do imperialismo no Oriente Médio. “Estamos vendo um recuo do imperialismo, que já não consegue sustentar uma guerra nessa área”, explicou o comandante.
Outro ponto da análise foi a questão do uso da fome como arma de guerra, prática que, segundo Farinazzo, já foi utilizada pelo imperialismo em conflitos anteriores. Ele mencionou a Guerra da Coreia, quando os Estados Unidos bombardearam reservatórios de água que alimentavam plantações de arroz, causando fome na população norte-coreana. “A fome sempre foi uma ferramenta do imperialismo para subjugar populações”, disse Farinazzo, criticando a decisão de “Israel” de encerrar a parceria com a agência de direitos humanos da ONU para a Palestina (UNRWA, na sigla em inglês), o que inviabilizaria o abastecimento de alimentos e recursos básicos à população palestina. “Querem usar a fome para enfraquecer a resistência, exatamente como fizeram na Coreia”, denunciou o comandante, acrescentando que a imprensa evita qualificar essa prática como genocídio.
As eleições presidenciais norte-americanas foram o destaque desta edição da Análise Internacional. Um editorial recente do New York Times manifestou apoio a Kamala Harris, considerando a vitória de Trump como um perigo. Para os analistas, o editorial é um sinal claro de que o imperialismo está temeroso quanto à reeleição de Trump. Segundo Farinazzo, o regime político norte-americano é frágil e não suportaria uma ruptura como a que Trump representa. Já Pimenta afirmou que “o colapso do regime político norte-americano é um fato”, e que a adesão massiva das grandes corporações e do complexo industrial-militar ao campo de Harris demonstra a preocupação em manter o controle sobre o sistema político. Para ele, “o apoio dos grandes interesses a Harris mostra que o imperialismo precisa desesperadamente de alguém que mantenha as coisas sob controle”.
Em relação à possibilidade de fraude eleitoral, Pimenta declarou que o cenário de “empate técnico” nas pesquisas favorece a manipulação dos resultados, uma prática comum do imperialismo em várias partes do mundo. “Não seria surpresa se tentassem fraudar a eleição, como já fizeram em tantos outros países”, afirmou. Para ele, o controle do processo eleitoral faz parte da política imperialista de dominação, especialmente em um país com tamanha influência no cenário internacional.
Ele também lembrou o caso recente da eleição na Moldávia, onde a vitória da candidata pró-imperialista foi garantida por restrições de votação aos moldavos que vivem na Rússia, considerando o episódio uma clara interferência para assegurar um resultado favorável ao imperialismo.
Pimenta também criticou a cobertura da imprensa da eleição, observando que, no Brasil, a Rede Globo enviou até o âncora William Bonner para os Estados Unidos, o que, para ele, reflete a submissão da imprensa brasileira aos interesses norte-americanos. “É como se o Brasil não tivesse seus próprios problemas para resolver”, ironizou. Ele criticou duramente a ideia de que a vitória de Kamala Harris representaria uma vitória para a democracia. “Esse pessoal que se apresenta como defensor da democracia não passa de terrorista em escala planetária”, afirmou Pimenta, argumentando que a política dos democratas norte-americanos não difere das ações de repressão promovidas pelo imperialismo.
A crise das organizações internacionais imperialistas também foi tema de análise. Pimenta destacou que a ONU e outras organizações estão cada vez mais impotentes diante dos conflitos, e que essa fraqueza reflete o esgotamento da ordem imposta pelo imperialismo após a Segunda Guerra Mundial. “O que estamos vendo é o fim da ordem mundial imposta pelo imperialismo norte-americano”, disse ele, sugerindo que as tensões crescentes e o enfraquecimento dessas instituições são sintomas de um processo mais amplo de decadência do sistema capitalista. Para Pimenta, “é o fim de uma era”, e ele prevê que o papel da ONU e de outras entidades internacionais se tornará cada vez mais irrelevante.
O programa encerrou com uma convocação para o ato dos Comitês de Luta durante a Cúpula do G20, que ocorrerá em 18 de novembro no Rio de Janeiro. Rui Costa Pimenta convidou a militância e os espectadores a participarem do evento, que, segundo ele, será uma grande manifestação de resistência contra o imperialismo e suas políticas de guerra e exploração. “É uma manifestação contra o imperialismo e a exploração, uma resposta popular contra aqueles que defendem a dominação mundial”, declarou. Ele destacou que o evento será uma oportunidade para unir forças contra as políticas genocidas dos países do G7 e encorajou o público a apoiar as caravanas organizadas. “Cada um que puder ajudar com um pouco, faz uma grande diferença”, disse Pimenta.
Abaixo, você assiste à Análise Internacional desta semana na íntegra: