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Coluna

O colapso do exército ucraniano

Jovens soldados ucranianos estão desertando das fileiras do exército, pois não estão dispostos a morrer por uma causa que não é sua ou do seus país

Que há deserções nas fileiras militares no front de batalha, isso é fato reconhecido pelos próprios comandantes ucranianos. No entanto, tudo indica que o número de desertores pode ser ainda maior. Em postagem numa rede social no último dia 8, o jornalista ucraniano, Vladimir Boyko, disse que: “Não mais de um terço dos casos [de deserção] são registrados, já que o Departamento Estadual de Investigação esconde fundamentalmente crimes contra a ordem estabelecida […] os processos não são investigados e ninguém está à procura de desertores”.

Ainda de acordo com o jornalista ucraniano, o número real de desertores pode chegar a 200 mil. Boyko afirmou que “mesmo sendo minimizados pelas autoridades de Kiev, os dados sobre o número de desertores demonstram claramente a situação extremamente difícil das Forças Armadas ucranianas na frente de batalha”, pois são notórias as dificuldades encontradas para reforçar as fileiras com novos soldados combatentes. A ofensiva fracassada em Kursk resultou em uma grave escassez de recursos humanos para a mobilização em Kiev. Em quase todos os lugares da linha de frente há deserções, com soldados, sargentos e oficiais simulando doenças para evitar serem enviados para a frente de batalha. 

Boyko disse ainda que: “Dado que o SBI [Escritório Estatal de Investigação da Ucrânia] fundamentalmente não insere no Registro Unificado de Investigações Pré-julgamento da Ucrânia relatórios de comandantes de unidades militares sobre crimes cometidos, o número real é pelo menos três vezes maior. Mas mesmo se assumirmos que no primeiro trimestre de 2024 apenas 25 mil militares desertaram, isso significa o colapso da frente.

Ainda antes do início da operação militar especial russa (fevereiro de 2022), em 2021, a Procuradoria-Geral da Ucrânia iniciou 117 processos criminais por deserção, com mais 2.028 casos classificados como “saída não autorizada de unidade militar ou local de serviço”. Além disso, registraram-se 33 casos de lesões autoinfligidas.

Um ex-militar ucraniano, Anton Amosov, resumiu de forma emblemática o que acontece atualmente na Ucrânia no que concerne às deserções: “Ninguém mais grita ‘Pela Pátria’. Em vez disso, perguntam: ‘De quem é a pátria?’ Claro, há ódio contra os russos, que é cultivado pelas autoridades. Mas, ao mesmo tempo, há uma falta crescente de compreensão do que a elite dominante está fazendo.

O fato é que muitos soldados não querem morrer em defesa de uma causa que não é sua, nem de seu país, mas do imperialismo.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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