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HISTÓRIA DA PALESTINA

O choque do movimento operário com o sionismo na década de 1920

O congresso da Central Sindical sionista, Histadrut, de 1923, mostrava a tendência da pequena classe operária de imigrantes judeus na Palestina de lutar contra o sionismo 

Na década de 1920, a comunidade de judeus europeus na Palestina começava a criar uma classe operária moderna. Em uma conjuntura revolucionária no mundo, inclusive na Inglaterra, que controlava o Mandato Britânico da Palestina, o movimento operário começou a crescer e se fortalecer. Os sionistas de esquerda controlavam o movimento, mas conforme ele cresceu, a ala esquerda rachou e fundou o Partido Comunista da Palestina. Joseph Berger foi um dos principais líderes desse racha e, depois, um dos grandes dirigentes do PCP. Ele escreveu um texto para o Daily Worker em 1925 que permite compreender bem essa realidade.

Ele analisa o Congresso da central Sindical sionista da Palestina: “segundo o relatório de seu Comitê Executivo, a ‘Organização Geral dos Trabalhadores Judeus’ (Histadrut) tem cerca de 25.000 membros. Isso representaria uma força significativa na Palestina, onde tanto a população quanto o desenvolvimento capitalista são relativamente pequenos. No entanto, mais de um terço dos membros da Histadrut são imigrantes desempregados da Europa, que dependem do apoio da organização sionista. Outro terço faz parte de cooperativas financiadas por grupos sionistas, e apenas uma pequena parcela são realmente assalariados, principalmente empregados em pequenos negócios ou colônias agrícolas”.

O grande número de desempregados mostra que o projeto sionista criava essa sociedade artificial, trazendo o máximo de pessoas mesmo que não houvesse um destino claro. As cooperativas financiadas por sionistas também mostram que os banqueiros do imperialismo estavam financiando a imigração para a Palestina. Mas ainda assim havia operários, tanto no campo, como ele cita, como também nas mais importantes cidades, Jafa (“Telavive”) e Haifa.

Então ele fala sobre a direção da central: “a liderança da Histadrut é composta por socialistas sionistas que priorizam os objetivos sionistas em detrimento dos interesses dos trabalhadores. Em vez de promover a luta de classes contra o imperialismo e os empregadores, eles buscam realizar o sionismo em colaboração com os líderes sionistas”. Hoje ela seria considerada uma central sindical patronal, só que os patrões eram os sionistas, ligados diretamente ao imperialismo inglês. Esse direitismo da Histadrut abriu margem para o crescimento do PCP. O partido passou a ser perseguido pelos sionistas de esquerda e pelo governo colonial.

Berger continua: “no terceiro Congresso da Histadrut, realizado em Telavive de 5 a 22 de julho, o foco foi o estado do sionismo. Líderes, incluindo o Dr. Arlosoroff, reconheceram que a situação atual do sionismo estava ‘falida’, sem propostas concretas para resolver o desemprego ou aumentar os esforços de colonização. Apesar disso, eles apelaram ao romantismo e à lealdade dos membros, instando-os a permanecerem fiéis aos ideais sionistas”. O debate se deu em meio a uma crise econômica da comunidade de imigrantes judeus na Palestina. A central não apresentou uma proposta de luta, mas apenas de confiança no sionismo. Dado que os banqueiros imperialistas queriam garantir o avanço do projeto sionista, o financiamento chegou para garantir esse avanço.

Ele descreve um pouco mais a situação: “a maioria sionista falhou em fornecer soluções concretas para os problemas dos trabalhadores. Os delegados de esquerda argumentaram que a solução para as massas judias empobrecidas não estava no sionismo ou no imperialismo, mas na solidariedade com as massas árabes, que estavam liderando um movimento anti-imperialista. Essa sugestão foi recebida com hostilidade, e os esquerdistas foram rotulados de ‘traidores’ e ‘inimigos do povo’. Apesar desses ataques, o Congresso mostrou alguns avanços”.

A tendência da ala esquerda era de adotar a política correta. Unificar trabalhadores e árabes, e rachar com os sionistas, com o imperialismo inglês e participar do movimento nacionalista árabe que existia em toda a região, não apenas na Palestina. E isso não era apenas nas ideias da esquerda, houve também um avanço, na prática do sindicato, que mostra a pressão das bases.

Ele afirma: “pela primeira vez, trabalhadores árabes foram admitidos como convidados, e resoluções foram aprovadas defendendo a organização dos trabalhadores árabes e protestando contra as duras sentenças trabalhistas britânicas e deportações. Uma resolução apoiando a Revolução Russa e os esforços de colonização soviéticos também foi adotada, embora temperada com críticas ao tratamento dos sionistas na União Soviética”.

O que os inglesas haviam criado era uma sociedade segredada entre os palestinos e os judeus imigrantes. Mas a tendência da classe operária é de união e até mesmo dentro da central sindical sionista ela se expressava. Posteriormente, os setores que de fato eram combativos começaram a migrar para o PCP, até que ele foi destruído pela intervenção do stalinismo. O próprio Berger foi perseguido e preso em um Gulag por décadas.

Mas o jovem comunista ainda no início da sua militância conclui positivamente: “no geral, embora o Congresso tenha reafirmado o alinhamento da Histadrut com o sionismo, houve sinais de uma mudança de sentimento entre seus membros, indicando uma crescente insatisfação com as políticas da liderança”.

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