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História nacional

O Brasil é uma nação de estupradores?

Se o estupro é parte da cultura do País, como resolver o problema?

O PL do Aborto acendeu a discussão sobre a luta por esse direito no Brasil. Assim, algumas ideias sobre os direitos das mulheres acabam reaparecendo. Um artigo de 2016, publicado no portal Socialista Morena, assinado por Cynara Menezes, mostra a total confusão em que está afundado um setor da esquerda. Com o título de A cultura do estupro não só existe como está em nosso DNA enquanto nação, o artigo defende a tese de que o estupro seria quase uma condição da formação do Brasil.

“Não é exagero afirmar que o primeiro mestiço nascido nesta terra, o primeiro ‘brasileiro’, pode ter sido o fruto do estupro de uma índia por um português. Nossa nação foi engendrada sob o signo do estupro cotidiano, corriqueiro e impune de indígenas e africanas”. A articulista afirma que uma nação inteira é resultado de estupro, mas devemos aceitar que isso não é exagero.

Mesmo se fosse correta a afirmação de que o primeiro brasileiro foi fruto de estupro, seria um exagero. Mas não é fato. A história conta – e Cynara deveria levar isso em consideração – que os primeiro portugueses que chegaram no Brasil casaram-se com as índias e foram incorporados nas tribos, é o caso do famoso João Ramalho, apenas para ficar em um exemplo.

Cynara também ignora o que a maioria dos historiadores mostra sobre a política do Imperio Português nas colônias. A orientação dos portugueses não era o estupro das pessoas, mas a integração às sociedades conquistadas. Foi assim na Índia, por exemplo, onde a sociedade era mais complexa. Essa política foi transplantada para o Brasil com as comunidades dos índios.

Cynara tem todo o direito de contestar tais ideias e fatos, mas ela parece ignorar tudo isso, o que serve para a sua tese estapafúrdia.

Por isso, é possível afirmar que não houve estupro? Claro que não. Como qualquer processo de colonização, há todo o tipo de abuso. Mas afirmar que o Brasil foi formado por um “cotidiano de estupros” é algo sem base histórica. Como seria possível que uma sociedade pudesse manter-se minimamente coesa na base do estupro cotidiano e corriqueiro?

Na sequência, Cynara afirma: “a violência sexual contra a mulher faz parte, portanto (e infelizmente), de nossa história como nação. Nascemos do estupro. Como não haveria uma cultura do estupro em nosso país se ele está em nosso DNA?”.

Ou seja, nas veias dos brasileiros, corre um sangue de estupradores. Homens, mulheres, crianças, todo brasileiro é um estuprador em potencial. A própria Cynara não se dá conta de que se o estupro faz parte do “DNA cultural”, não existe muito a ser feito para resolver esse problema das mulheres.

Ao dizer que a violência contra a mulher faz parte de nossa história, Cynara dá a impressão de que o Brasil é o único país em que houve violência no processo de formação. Todos os países do mundo, não apenas aqueles que sofreram com o colonialismo, tiveram todo o tipo de violência, incluindo estupro. Ou apenas o Brasil foi assim, o que seria absurdo de se pensar; ou o mundo inteiro está condenado ao fogo do inferno, o mundo inteiro tem DNA de estuprador. Por que falar só do Brasil?

Cynara fala do Brasil porque, no fundo, sua concepção é anti-nacional. Cynara faz coro com os inimigos do País. E quem são eles? Os países imperialistas, que querem desmoralizar o Brasil como nação para, assim, conseguirem roubar o País.

Outro problema é que a tese de Cynara Menezes retira do capitalismo e da exploração de classes a causa fundamental da opressão da mulher. Seria uma questão de “cultura”, de “DNA”, assim não há o que fazer concretamente a não ser tentar impor uma mudança nesse DNA, nessa cultura. Não mudar o capitalismo, mas mudar a mente das pessoas. Uma concepção idealista, religiosa do problema.

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