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Esporte nacional

O Brasil, as Olimpíadas e a destruição do esporte

A delegação brasileira foi prejudicada sob aspectos da crise imperialista, os cortes em decorrência do golpe de 2016 e a manipulação dos resultados para o Estados Unidos vencer

No ano de 2021, em Tóquio, o Brasil conquistava o melhor resultado nos Jogos Olímpicos da história, foram 21 medalhas sendo 7 de ouro. Em virtude da sequência de melhores resultados desde 2016, a expectativa para este ano era que a delegação de atletas brasileiros superasse esta marca. Nesta Olímpiada na França, o Brasil teve queda 7 para 4 medalhas de ouro, o pior resultado desde 2012. A imprensa procura apresentar explicações vazias para o problema, fala sobre a falta de renovação e a presença das mulheres, mas não toca nas questões fundamentais que dizem respeito a economia e a crise do imperialismo. 

A Olimpíada teve início em 1896 e a primeira participação brasileira foi em Estocolmo, no Jogos Olímpicos de 1912. Na edição seguinte na Antuérpia, em 1920, Guilherme Paraense conquistou a primeira medalha para o Brasil, bronze no tiro esportivo. O primeiro ouro foi conquistado por Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo, nos Jogos Olímpicos de 1948 em Londres. O Brasil conquistaria duas medalhas de ouro em Barcelona (1992) e depois três medalhas de ouro em Atlanta (1996). Na edição seguinte em Sydney, seria a última vez que a delegação brasileira não conquistaria nenhuma medalha de ouro.  

Nos anos seguintes, exceto em 2004 que é um ponto fora da curva, o Brasil seguiria numa crescente de medalhas que foi interrompida em 2024: 

Atenas (2004) Pequim (2008) Londres (2012) Rio de Janeiro (2016) Tóquio (2021) Paris (2024)
Ouro 5 3 3 7 7 4
Prata 2 4 5 6 6 6
Bronze 3 8 9 6 8 10
Total 10 15 17 19 21 20

Evidentemente que os resultados do Brasil estão relacionados diretamente às condições materiais de vida da população. À medida que o país se desenvolveu neste sentido e investiu minimamente no esporte, os resultados se consolidaram e evoluíram cada vez mais. A queda no resultado do Brasil em 2024 tem dois aspectos do mesmo problema, um está relacionado a destruição de programas de incentivo ao esporte e apoio financeiro para atletas de alto desempenho, outro tem a ver com a manipulação dos resultados. Ambos os fatores estão relacionados com a crise do imperialismo 

Em 2016, o imperialismo comandou o golpe contra o governo de Dilma Rousseff (PT) em sua corrida para salvar-se da crise econômica que se encontra há mais de um século. Isso permitiu a ascensão dos governos golpistas de Michel Temer e Jair Bolsonaro, que promoveram a entrega do patrimônio nacional e de recursos públicos para os banqueiros estrangeiros. Uma política que resulta em impactos diretos e indiretos no esporte, corte de bolsas para atletas e falta de recursos para investimentos. 

A decadência do imperialismo se manifesta também na organização dos Jogos Olímpicos, não somente no show de horrores identitário que marcou a abertura do evento, mas também nas péssimas condições que ofereceram aos atletas e pessoas que se deslocaram até Paris. Vale destacar que o Rio de Janeiro foi alvo de uma grande campanha imperialista supostamente por não ter os requisitos para sediar a Olimpíada, não houve nem de longe tantos incidentes negativos quanto os registrados nesta edição. 

Por outro lado, o imperialismo já não consegue dominar as Olimpíadas sem que interferência nas competições e manipulação de resultados. É por esse motivo que a delegação de atletas russos foi proibida de concorrer sob sua própria bandeira desde 2018 e banida da edição de 2024, nada tem a ver com doping ou com supostos crimes de guerra contra a Ucrânia, até porque a Rússia está enfrentando a OTAN e não há “país” mais criminoso que Israel que assassinou 50 mil pessoas incluindo atletas na Faixa de Gaza. 

Os Estados Unidos sofreram para terminar em primeiro lugar no quadro geral de medalhas, empataram com China em número de medalhas de ouro e venceram por ter mais medalhas de prata. O resultado oficial poderia ser diferente se o Brasil não tivesse sido literalmente assaltado no futebol feminino, onde não foi marcado um pênalti contra as norte-americanas mesmo com o recurso do VAR. Evidentemente, outros países foram prejudicados para garantir que a delegação norte-americana terminasse em primeiro lugar. 

Há avaliações de que Brasil pode ter sido desfavorecido em outros esportes que dependem principalmente da subjetividade dos julgadores como é o caso do skate, surf e até mesmo ginástica olímpica. No judô que tem critérios objetivos, a arbitragem não penalizou a sul-coreana que fugiu e deixou a brasileira Rafaela Silva fora da final categoria 57 kg.  

Portanto, a delegação brasileira poderia ter conquistado um resultado melhor nos Jogos Olímpicos deste ano. Contudo, mesmo com toda manipulação e a falta de investimentos, a delegação brasileira teve um resultado muito positivo e que demonstra a força do povo mesmo na adversidade. É possível, em virtude da aposentadoria de muitos atletas importantes como Rebeca Andrade, maior medalhista brasileira em Olimpíada, que o Brasil tenha maiores dificuldades na próxima edição marcada para 2028. O sucesso do país vai depender certamente da luta do povo no terreno político. 

Os Jogos Olímpicos demonstram como o imperialismo interfere no esporte e revela bastante sobre as denúncias que este diário faz sobre o futebol, que tem por trás toda uma indústria cuja movimentação é da ordem do trilhão de dólares. O maior futebol do mundo sequer classificou para Olimpíada de 2024, resultado da política da CBF que evidentemente sofre influência do imperialismo. É assim também para outros esportes como o vôlei masculino, onde o Brasil sempre despontou e se encontra em crise também em função da política da CBV. 

O esporte nacional precisa estar sob controle popular e deve ser financiado totalmente pelo Estado brasileiro. 

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