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Meio ambiente

O ‘apocalipse climático’ e a defesa dos banqueiros

Neoliberalismo dilapidou o patrimônio público, impedindo o governo de atuar contra queimadas. Para a esquerda, porém, o problema é o aquecimento global

O artigo “ra do fogo: o piroceno pode ameaçar a espécie humana, escrito pelo teólogo Leonardo Boff e publicado no site do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), é mais uma tentativa de pintar o desenvolvimento econômico e a produção industrial como vilões que destroem o planeta. Utilizando um vocabulário repleto de catastrofismos, o autor parece mais preocupado em disseminar pânico e sentimento de culpa do que em analisar as reais causas por trás dos chamados “megaincêndios” que afligem o Brasil e outras regiões do mundo.

No entanto, Boff ignora um fato fundamental: o problema não é o desenvolvimento industrial, mas sim a rapina dos recursos públicos pelo sistema financeiro, que deliberadamente enfraquece as estruturas de prevenção e combate aos incêndios. Ao invés de apontar o verdadeiro inimigo — o saque institucionalizado do tesouro nacional pelos banqueiros —, o teólogo embarca em um discurso moralizante e ambientalista que desvia a atenção do real problema.

O “apocalipse ecológico” que Boff evoca nada mais é do que um espantalho para justificar o ataque ao desenvolvimento econômico e às nações que ousam trilhar um caminho independente, como Brasil, Índia e China. Ao difundir esse tipo de ideologia, Boff não defende a natureza, mas sim os interesses do imperialismo que, sob o manto da “proteção ambiental”, busca enfraquecer os países mais avançados entre os atrasados.

O principal argumento de Boff é que os “megaincêndios” são uma consequência direta do aquecimento global e do comportamento predatório da indústria moderna. Essa visão, porém, ignora a verdadeira origem do problema: o desmonte sistemático dos órgãos responsáveis por prevenir e combater incêndios florestais.

Os cortes drásticos no orçamento destinado à prevenção e ao combate de incêndios são resultado de políticas neoliberais de transferência de recursos públicos para os bancos. O saque dos cofres públicos em prol dos interesses financeiros e a consequente destruição das capacidades estatais de proteção ambiental não são mencionados no artigo de Boff, evidenciando uma clara omissão.

Os números falam por si: de 2010 a 2014, o Brasil investia entre R$2,5 bilhões e R$3,5 bilhões anualmente em prevenção de incêndios florestais. No entanto, a partir de 2015, esse valor começou a cair drasticamente, chegando a apenas R$1,5 bilhão em 2020.

Em 2022, a situação se agravou ainda mais, com apenas R$60 milhões destinados ao combate de incêndios em todo o território nacional. Em 2024, mesmo com um leve aumento para R$111,3 milhões, o montante é insuficiente para lidar com a magnitude do problema.

É evidente que, sem verbas adequadas e sem pessoal suficiente, o combate aos incêndios se torna uma tarefa impossível. Essa falta de estrutura reflete diretamente na incapacidade do governo em controlar as queimadas, que se alastram facilmente durante a estação seca e de ventos intensos.

Boff escolhe ignorar esse contexto e foca em aspectos cosméticos, como o “antropoceno” e o “piroceno”, termos que, no fundo, servem apenas para dar uma roupagem científica a argumentos sem substância. O verdadeiro incêndio é o que consome o erário público, alimentando o apetite voraz dos banqueiros e impedindo o Estado de atuar de forma eficiente na prevenção de catástrofes ambientais.

A lógica por trás do desmonte das políticas ambientais é simples: quanto mais frágeis os serviços públicos, mais fácil se torna justificar privatizações e entregas de patrimônio estatal a interesses privados. Além de ocultar as causas reais dos “megaincêndios”, Boff abraça o discurso do aquecimento global como se fosse uma verdade inquestionável.

O teólogo cita dados como a emissão de 37,5 bilhões de toneladas de CO₂ em 2023 e a suposta antecipação do aumento da temperatura global para justificar o que ele chama de “guerra contra a Terra”. Mas de onde vêm esses dados?

A maior parte das informações usadas por Boff e outros ambientalistas vem de órgãos ligados ao imperialismo, como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), cujos relatórios muitas vezes ignoram as condições específicas dos países em desenvolvimento. Ao acusar o desenvolvimento econômico de ser o responsável pelo suposto “colapso climático”, Boff repete o mesmo mantra propagado pelos centros imperialistas.

O objetivo é claro: impor limitações artificiais ao crescimento de países como o Brasil, para que nunca se desenvolvam plenamente e permaneçam dependentes das grandes potências. No caso brasileiro, a política ambientalista se volta contra a própria soberania nacional, tentando impedir o avanço de projetos estratégicos de desenvolvimento, sob a justificativa de proteção ambiental.

Esse ataque velado contra o desenvolvimento brasileiro se dá principalmente em setores como a agropecuária, a mineração e a infraestrutura, que são alvos constantes da propaganda ecológica. Ao demonizar esses setores, Boff se alinha à política de dominação imperialista, que busca inviabilizar a industrialização e o crescimento econômico do País. É o mesmo discurso utilizado contra a Índia e a China, países que também sofrem pressão internacional para reduzir suas emissões de carbono, mesmo que isso signifique frear suas economias e manter bilhões de pessoas na pobreza.

Ao final, o argumento de Boff revela-se não como uma defesa genuína do meio ambiente, mas como uma defesa indireta dos interesses do imperialismo. Seu discurso, que evoca Gaia e o “antropoceno”, apenas serve para encobrir a verdadeira causa dos incêndios florestais: o desmonte do Estado pelo roubo bancário, que impede a criação de uma infraestrutura sólida e eficiente para lidar com as queimadas.

O “apocalipse ecológico” que Boff tanto teme é, na verdade, uma farsa conveniente, utilizada pelo imperialismo para frear o desenvolvimento das nações mais avançadas entre as atrasadas, garantindo que permaneçam presas em um ciclo de subdesenvolvimento. Os setores da esquerda que realmente defendem os interesses do povo brasileiro, dos trabalhadores e das amplas massas, devem rejeitar o catastrofismo ambientalista e a subserviência ao imperialismo que ele representa.

É necessário lutar por uma política econômica que priorize o crescimento, a soberania nacional e a criação de uma infraestrutura capaz de proteger o meio ambiente sem sacrificar o desenvolvimento. A ideologia do “apocalipse climático”, defendida por Boff, deve ser combatida vigorosamente, pois ela se coloca contra os interesses da classe trabalhadora e do povo.

O verdadeiro perigo não é a extinção da espécie humana, mas a perpetuação de um sistema de pilhagem financeira que devasta o País. Esse sim é o incêndio que devemos apagar: o incêndio das riquezas nacionais sendo consumidas pelo imperialismo. É necessário expor a falácia do “apocalipse ecológico” e defender um projeto de desenvolvimento soberano, que garanta progresso social e econômico para todos.

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