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HISTÓRIA DA PALESTINA

O acordo de 17 de maio de 1983

População libanesa não aceitou paz com os inimigos sionistas em 1983 mesmo contra os interesses entreguistas de seu governo

O Acordo de 17 de Maio de 1983 entre “Israel” e Líbano foi uma tentativa fracassada de alcançar a paz após anos de conflito orquestrado pelo imperialismo entre o povo libanês e o exército sionista e suas milícias, mas sua breve existência apenas intensificou a justificada revolta no país contra o enclave sionista no Oriente Médio. Embora aprovado pelo parlamento libanês, o acordo nunca se materializou, sendo rotulado como um “fracasso perfeito” pelo historiador canadense Neil Caplan. Ele foi assinado no âmbito da invasão israelense ao Líbano em 1982, que teve como objetivo expulsar as forças da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada por Yasser Arafat, e garantir um governo pró-imperialista que aumentasse a força de “Israel” na região.

O Acordo surgiu após anos de tensão, intensificada pela invasão de “Israel” em 1982, quando o exército israelense cercou e ocupou Beirute. A invasão foi facilitada por Bashir Gemayel, jovem líder da Falange Libanesa e opositor ferrenho da OLP, cuja presença no Líbano era vista como uma ameaça tanto por “Israel” quanto por facções cristãs libanesas. A Falange foi a responsável, junto a “Israel”, pelo massacre de Sabra e Chatila. Bashir foi eleito presidente em agosto de 1982, mas foi assassinado em setembro do mesmo ano. Com sua morte, seu irmão, Amin Gemayel, assumiu a presidência.

Apesar do clima de instabilidade e do assassinato de seu irmão, Amin prosseguiu com negociações com o exército de ocupação, auxiliado pelo sanguinário ministro da Defesa israelense, Ariel Sharon. As conversas foram mediadas pelos Estados Unidos e culminaram no Acordo de 17 de Maio, que buscava normalizar as relações entre os dois países e garantir a retirada das tropas israelenses do sul do Líbano, em troca da complacência libanesa com a entidade sionista ao seu lado mesmo após massacres e chacinas contra os árabes do norte e sul. A proposta incluía o estabelecimento de uma zona de segurança administrada pelo exército libanês para afastar combatentes palestinos da fronteira.

As negociações oficiais começaram em dezembro de 1982 na cidade de Khaldeh, ao sul de Beirute, envolvendo diplomatas libaneses e israelenses, com mediação do enviado especial dos Estados Unidos, Morris Draper. O acordo final previa a retirada israelense em oito a 12 semanas, supervisionada por um comitê conjunto dos dois países e liderado pelos EUA. Em troca, “Israel” exigiu que o exército libanês criasse uma zona de segurança no sul do país.

No entanto, o acordo encontrou resistência desde o início. No Líbano, existiam facções pró e contra a normalização com os israelenses, enquanto uma forte pressão civil pela não normalização. No mundo árabe, a situação não era diferente. O presidente sírio Hafez al-Assad, que mantinha tropas no Líbano, rejeitou o acordo, qualificando-o como “insultuoso”. A rejeição síria foi acompanhada por líderes como Yasser Arafat, Muammar Gaddafi e Saddam Hussein, que se opuseram publicamente ao pacto.

Apesar das objeções, o presidente Amin Gemayel encaminhou o acordo ao parlamento libanês, onde foi debatido em 13 e 14 de junho de 1983. Dos 72 parlamentares presentes, apenas cinco não aprovaram o acordo: três abstiveram-se e dois votaram contra. Entre os que se opuseram, destacam-se parlamentares nacionalistas e líderes religiosos. Por outro lado, fora do parlamento, formou-se uma coalizão contra o acordo, liderada por Nabih Berri, então chefe do Movimento Amal, e outros líderes de peso, como Walid Jumblatt e o ex-primeiro-ministro Rashid Karami. Em 23 de julho de 1983, eles estabeleceram a Frente de Salvação Nacional (FSN) para combater o Acordo de 17 de Maio.

As tensões aumentaram e, em 6 de fevereiro de 1984, manifestações lideradas por Nabih Berri desencadearam a chamada “Intifada de 6 de Fevereiro”, que culminou em confrontos violentos entre manifestantes e o exército libanês. A violência espalhou-se pelo país, resultando em uma crise política que enfraqueceu o governo de Amin Gemayel. Além dos conflitos internos, o acordo também foi diretamente responsável pelo início da Guerra da Montanha em setembro de 1983, quando as Forças Libanesas entraram no distrito de Chouf, provocando um confronto sangrento com os combatentes drusos leais a Walid Jumblatt. A guerra durou um ano e gerou mais divisões dentro do Líbano.

A situação tornou-se insustentável para os pró-imperialistas com duas operações da resistência em Beirute. Em outubro de 1983, um caminhão-bomba atingiu o quartel dos fuzileiros navais dos EUA, eliminando 241 soldados norte-americanos. Foi o maior ataque contra forças dos EUA desde a Segunda Guerra Mundial. Cinco meses antes, a embaixada norte-americana também havia sido alvo de uma operação que deixou 17 mortos.

Essas operações e a crescente instabilidade mostraram que o Acordo de 17 de Maio não traria a paz esperada. Em março de 1984, sob pressão de todas as partes, o governo libanês repudiou formalmente o acordo. Amin Gemayel, o arquiteto do pacto, também o abandonou, encerrando oficialmente as tentativas de normalização com os sionistas.

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