O Estado do Rio de Janeiro enfrenta uma crise política que parece ser crônica, com o atual governador Cláudio Castro sendo o sétimo chefe do executivo estadual a ser alvo de investigações nos últimos oito anos. Não se trata apenas de “rachadinha” em altos cargos, mas de um sistema estrutural que perpetua a violência e a opressão, a sequência de governadores investigados por corrupção, incluindo o atual Cláudio Castro, não é um acidente, mas também reflete problemas mais profundos relacionados à segurança pública, criminalidade organizada e desigualdade social.
Esse padrão levanta questões profundas sobre a governabilidade e os perigos de administrar um estado marcado por escândalos e corrupção. A situação de Castro evoca lembranças do impeachment de seu antecessor, Wilson Witzel, que também enfrentou acusações graves e foi afastado do cargo.
Cláudio Castro, o sétimo governador a enfrentar investigações em oito anos, está envolvido em acusações que ilustram como o poder público é frequentemente manipulado para enriquecer uma minoria privilegiada. Seu antecessor, Wilson Witzel, também foi afastado sob acusações semelhantes e tentou justificar sua deposição como uma retaliação por enfrentar o crime organizado por deputados de extrema-direita. Como bons cachorros da burguesia, as chamadas milícias, grupos paramilitares controlam territórios e exploram as comunidades, operam com a conivência de muitas autoridades e parlamentares.
Essas acusações somam-se às de Wilson Witzel, que foi afastado e posteriormente destituído. Witzell, em sua defesa, alegou que seu impeachment foi uma retaliação por seu governo ter prendido os executores do assassinato de Marielle Franco e que nunca assumiu compromisso ou acordos de leniência contra esquemas de caixa 2 ou compras de voto, levantando questionamentos sobre a influência de milícias e outros grupos criminosos no cenário político do estado.
O caso de Adriano da Nóbrega, um ex-policial militar ligado a milícias, trouxe à tona as complexidades de enfrentar esses grupos sem um compromisso claro das autoridades públicas. A prisão e o posterior afastamento do delegado Giniton Lages, responsável por investigar os suspeitos do assassinato de Marielle Franco, destacam como a interferência política pode obstruir a justiça e perpetuar a impunidade.
Witzel, que ascendeu politicamente com um discurso alinhado à extrema-direita, adotou a controversa postura de “atirar na cabecinha” ao lidar com criminosos, uma frase que ressoava com a retórica do então presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista para o canal Brasil 247 o bolsonarista rejeitado afirma que ele se distanciou da administração federal em questões críticas, como a postura anti-vacina durante a pandemia, o que alguns interpretaram como uma tentativa de moderar sua imagem.
O afastamento de Witzel, inicialmente por 180 a 360 dias, culminou em um impeachment relâmpago, que invariavelmente desemboca sobre a influência das milícias e outros grupos poderosos na política do estado no processo de obstrução de justiça. O discurso de “enfrentar o inimigo” se torna particularmente problemático quando é usado para justificar ações repressivas que, na prática, muitas vezes exacerbam a exclusão e a marginalização de comunidades já vulneráveis porque o problema de ingovernabilidade no RJ consiste na questão das drogas no porque continua sendo uma discussão delicada.
O debate entre o controle das drogas e a guerra ao tráfico reflete um dilema que transcende o estado, porque que tem implicações diretas na segurança pública e na corrupção. A obstrução da justiça é uma preocupação constante, especialmente em casos que envolvem milícias.
Ao invés de resolver os problemas da criminalidade, essa política reforça um ciclo de opressão contra as comunidades pobres porque as trata como inimigas. A luta pelo controle das drogas, em contraste, propõe uma abordagem que busca desmantelar o poder dos traficantes e das milícias, ao mesmo tempo em que protege os direitos das pessoas porque a política de “guerra às drogas” no Rio de Janeiro é uma expressão da violência estatal que se abate sobre as comunidades pobres, tratadas como zonas de conflito em vez de locais de moradia porque a repressão policial não resolve a criminalidade, mas reforça a opressão e a exclusão.
A situação no Rio de Janeiro é um reflexo de um sistema que privilegia os interesses dos poderosos em detrimento do bem-estar das massas. A luta contra esse estado de coisas não pode se limitar a reformas superficiais; é necessário um movimento radical que marque um contraponto às raízes do poder e da opressão.
O povo precisa se organizar e resistir, construindo um futuro onde a justiça social, a equidade e a dignidade sejam prioridades. É necessário esclarecer sempre que a verdadeira mudança vem de baixo, das lutas das massas contra um sistema que não as serve. O Rio de Janeiro precisa de um movimento popular forte e coeso para enfrentar esses desafios e construir uma sociedade mais justa para todos.
O caso de Cláudio Castro, portanto, não é isolado, mas sim parte de um padrão mais amplo de crises políticas no Rio de Janeiro. A história recente do estado sugere que governar o Rio de Janeiro envolve um cenário político e social altamente complexo, onde a bandalheira e a corrupção parecem muitas vezes prevalecer sobre a governabilidade e o bem-estar público. A permanência desse ciclo de escândalos e investigações questiona a capacidade do estado de se estabilizar e buscar um caminho mais transparente e justo para a população carioca.