No último sábado, 8 de junho, “Israel” cometeu um dos piores massacres contra os palestinos desde o dia 7 de outubro. O campo de concentração de Nusseirat foi destruído e 274 palestinos, sobretudo crianças, foram assassinados pelos sionistas.
El-Nemer, uma engenheira de software de 37 anos, oriunda da parte norte de Gaza, estava entre a multidão que assistiu à carnificina israelita.
“Eu estava correndo pela rua com outras mulheres. Ficamos apavorados”, disse ela para a emissora libanesa Al Mayadeen, que entrevistou uma série de sobreviventes do incidente.
Segundo a mesma emissora, os sobreviventes passaram apressadamente por clínicas de saúde e escolas, locais onde poderiam ter procurado refúgio no passado, mas agora os evitam devido aos ataques deliberados de “Israel” a essas instalações.
Haroun, de 29 anos, estava fazendo compras para sua filha quando o massacre começou. Ao ouvir a comoção, ela correu para fora da loja e se deparou com uma multidão desesperada, sendo alvejada pelos soldados israelenses. Logo helicópteros e quadricópteros se juntariam ao ataque, resultando em centenas de vítimas e corpos espalhados pelas ruas.
“A rua em que eu estava tinha apenas 50 metros de comprimento, mas estava lotada de centenas de pessoas, todas correndo. Uma mulher ao meu lado desmaiou de terror e vi vendedores abandonando suas mercadorias na beira da estrada para fugir”, afirmou Haroun.
Algumas horas depois, chegaria ao conhecimento de El-Nemer e Haroun que tudo o que vivenciaram foi feito para recuperar quatro prisioneiros israelenses.
Ao contrário do que “Israel” relata, não houve nada de glorioso na operação. Pode-se até arriscar dizer que foi tudo planejado para que houvesse o máximo de vítimas possíveis, sobretudo civis.
Raed Tawfiq, um morador que estava no hospital acompanhando seu filho, que estava em estado crítico de saúde, afirmou que seu primo viu soldados israelenses chegando em um caminhão de ajuda humanitária. Os soldados teriam saído do caminhão, cumprimentado as pessoas em uma casa, entrado na casa e começado o massacre ali mesmo.
Muitas denúncias dos sobreviventes inclusive afirmam que forças do exército norte-americano estavam presentes no ataque, participando ativamente em conjunto com outras forçar que planejavam o massacre há mais de um mês.
“Foi uma visão terrivelmente difícil”, afirmou o médico Ali Ibrahim Tawil, “os feridos que recebemos eram de todas as idades: crianças, mulheres, homens, idosos, e havia todos os tipos de ferimentos […] muitos estavam no chão, as camas foram colocadas no pátio, numa grande tenda ao ar livre, literalmente todos os lugares do hospital estavam cheios de feridos, mortos ou seus familiares. A sala de emergência estava tão cheia que você não conseguia nem se espremer por causa do grande volume de pessoas”.
Abu Youssef, de 42 anos, conseguiu sobreviver aos ataques, mas poderia ter sido facilmente mais uma vítima: “Minha casa fica perto do Hospital Al-Awda, […] Embora esteja a centenas de metros do prédio que eles atacaram, houve muitos ataques aéreos e todos os tipos de ataques na área para encobrir sua operação covarde”. Ele já perdeu três filhos em outros massacres, com o quarto muito ferido e com mínimas chances de sobrevivência: “Todos na minha família e nas famílias dos meus irmãos foram mortos ou feridos. Três das minhas sobrinhas morreram até agora; minha irmã continua lutando por sua vida”.
Outro relato chocante foi o de um homem que não quis se identificar, mas foi um dos poucos que sobreviveu ao bombardeio de uma casa onde haviam mais de 50 pessoas. Ele já havia perdido 40 membros da sua família desde o 7 de outubro, mas ainda continuou lutando por sua vida em meio ao massacre. Ele afirmou que assim que várias mulheres e crianças entraram na casa, o bombardeio começou e matou quase todos que estavam lá dentro, com exceção dele mesmo, seu pai, sua esposa e mais um sobrevivente.