América Central

Nicarágua reage a tentativas de desestabilização do regime

O que acontece na Nicarágua é uma nova etapa de ataques contra o governo eleito pelo povo

A Nicarágua deportou mais 135 indivíduos que estavam presos e foram julgados e condenados por crime de traição nacional, motivados por ações políticas contra o governo de Daniel Ortega. Seus bens foram confiscados, e a justificativa dada diz que é para compensar os danos causados à economia da Nicarágua, conforme determina a lei local e esses indivíduos perderam também a nacionalidade nicaraguense.

As acusações contra os deportados foram de violar a soberania, a independência e a autodeterminação do povo. A decisão foi anunciada pela Suprema Corte do país, conforme matéria da Jovem Pan News.

Após a intervenção dos Estados Unidos os prisioneiros foram libertados e enviados à Guatemala onde o secretário de estado dos EUA disse que em decisão conjunta com a Guatemala Washington facilitou o “transporte voluntário” entre as duas nações centro-americanas e que isso ocorreu após meses de negociações. 

Estes dois governos declararam que Daniel Ortega libertou os presos e condenados por “um ato humanitário”, conforme matéria do jornal BBC News Mundo. Com essa nova decisão agora são 451 indivíduos que perderam a nacionalidade desde 2022.

Entre os recém libertados estão 13 membros da organização de missionários Mountain Gateway, laicos católicos, estudantes e outros, conforme comunicado do assessor de assuntos de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. A organização Mountain Gateway disse que 11 de seus pastores haviam sido presos em dezembro de 2023 e condenados no começo deste ano por lavagem de dinheiro, mas ela alega que as acusações eram infundadas.

Em fevereiro do ano passado Ortega já havia deportado 222 pessoas incluindo jornalistas e políticos pela lei aprovada pelo parlamento que permite a perda de nacionalidade por nicaraguense que é condenado como “traidor da pátria”.

Estes foram sentenciados por atos contra a independência, a soberania e a autodeterminação do povo, incitar a violência o terrorismo e a desestabilização econômica. Foram declarados “traidores da pátria” e perderam perpetuamente a habilitação para exercer função pública e a nacionalidade. A sentença ainda decretou a deportação imediata e efetiva. 

Foram enviados a Washington onde o secretário de estado Antony Blinken comemorou a chegada dos renegados nicaraguenses. “A libertação destes indivíduos, um dos quais é cidadão norte-americano, pelo governo da Nicarágua marca um passo construtivo para abordar os abusos dos direitos humanos no país e abre a porta para um maior diálogo entre os Estados Unidos e a Nicarágua sobre temas de interesse, “Blinken disse em um comunicado.

O embaixador da Nicarágua junto à OEA, Arturo McFields, declarou que haviam políticos e sacerdotes através da rede social X. Na lista de presos libertados estão Cristiana Chamorro, Juan Sebastián Chamorro, Felix Maradiaga, o ex – ativista estudantil Lesther Alemán e a ex -guerrilheira sandinista Dora María Téllez. Eles cumpriam prisão em vários centros penais.

O bispo Rolando Álvarez, condenado a prisão domiciliar, foi incluído na lista pelas autoridades mas recusou ser enviado a Washington.

Ortega disse que sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, telefonou ao embaixador norte-americano em Manágua e sugeriu que o país dele aceitasse os prisioneiros. Ele pediu a relação dos prisioneiros e informou a Casa Branca.

Na lista constavam 228 presos e a Casa Branca rejeitou quatro, um deles Eliseu de Jesus de Castro Baltodano, que havia sido preso nos EUA por violência contra mulheres e deportado em fevereiro de 2006. Os outros três vetados seriam Walter Antonio Ruiz Rivera, Jaime Enrique Navarrete Blandón e o advogado José Manuel Urbina Lara.

Dos 224 aceito pelos EUA apenas 222 embarcaram para Washington, dois se recusaram a embarcar, o bispo Rolando Álvarez e Fanor Alejandro Ramos, este último condenado nos EUA por tráfico de drogas. Ambos foram encaminhados a presídios para cumprir pena.

O governo dos EUA afirmou que a decisão de libertar os presos foi uma decisão unilateral do governo da Nicarágua e que Washington apenas “facilitou” o transporte deles. O mesmo disse Daniel Ortega quando perguntado por jornalistas e disse ainda que não havia nenhum acordo com os EUA para a libertação dos presos. A OEA comemorou a libertação dos presos como “uma grande notícia” mas exigiu que Ortega devolva os direitos dos presos.

A crise política e social que vive a Nicarágua desde a “primavera de 2018” se agravou depois das eleições de novembro de 2021. Os comícios e o resultado das eleições foram desacreditados pela comunidade internacional e Ortega foi eleito para seu quinto mandato e quarto consecutivo, diz outra matéria da BBC News Mundo.

Como noticiou a BBC, há uma crise política e social na Nicarágua como nos demais países da América Latina. E em todos os casos notamos a “mão invisível” do imperialismo dos EUA querendo preservar a dominação que exerce nesses países que são fontes de enormes riquezas como petróleo, ouro, lítio, terras férteis e uma bem desenvolvida agricultura.

Querem tentar preservar a dominação no continente pois já não tem tido fôlego para manter a dominação no Oriente Médio e Ásia como vemos nos casos da Ucrânia e Palestina. Os vários golpes de estado sabidamente patrocinados pelo governo e pelas embaixadas dos EUA e a própria CIA, ocorreram e estão em curso em toda América. Brasil em 2016 e atual forte pressão contra o governo do Lula, Bolívia depondo Evo Morales, Rafael Correa no Equador, Pedro Castillo no Peru e tantos outros.

No caso da Nicarágua está claro o envolvimento da embaixada, do departamento de estado e Segurança Nacional dos EUA onde os prisioneiros considerados traidores da pátria foram acolhidos “generosamente” por Washington.

Pela quantidade de extradições por motivo político e traição à pátria, cerca de 451 pessoas, dá para perceber que está acontecendo um forte ataque ao governo nacionalista de Daniel Ortega que consegui se eleger mesmo com toda a dificuldade.

Também temos visto o mesmo acontecer com Nicolás Maduro onde as eleições foram conturbadas e os resultados também não foram reconhecidos pela “comunidade internacional”, e foram ataques claros pela extrema direita venezuelana com interferência dos EUA.

Essa é a tática tradicional do imperialismo, que sempre alega fraude em derrotas ocorridas em eleições, o que serve de pretexto para os “salvadores da pátria” levarem a “democracia”aos países atrasados, o que tradicionalmente, é feito no poder da bala. É o que assistimos no Iraque, na Síria, no Afeganistão que se libertou recentemente e também contra os palestinos que estão prestes a perder o controle como no Afeganistão.

O que acontece na Nicarágua é uma nova etapa de ataques contra o governo eleito pelo povo, em eleições aprovadas pelos órgãos eleitorais  internos e soberanos e é isso que o imperialismo não quer, governos nacionalistas e soberanos que não se submetem ao imperialismo fascista, sionista e quer tratar todos os países como seu brinquedo.

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