Na última quinta-feira, dia 8 de fevereiro, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski, demitiu o chefe das Forças Armadas na Ucrânia, o general Valeri Zalujni. Em troca, Zelenski optou por uma via impopular, Aleksandr Sirski. Segundo o atual presidente ucraniano, o exército teria que ser “renovado”. Em declarações anteriores, o chefe de Estado já falava em substituir as lideranças: “Discutimos que é preciso uma renovação nas Forças Armadas. Também discutimos quem poderia estar na liderança renovada […]. O momento para esta renovação é agora” – afirmara Zelenski.
“A partir de hoje [8], uma nova equipe de gestão está assumindo a liderança […] nomeei o coronel general Sirski como novo comandante das Forças Armadas da Ucrânia”
A decisão tomada por Zelenski é extremamente impopular, pois, segundo o jornal imperialista The Washington Post, Sirski, foi responsável por prolongar o conflito na cidade de Artiomovsk (Bakhmut, na denominação ucraniana). Segundo as tropas ucranianas, o exército deveria ter sido retirado, o que não aconteceu com o novo chefe das Forças Armadas na Ucrânia. Segundo informes apontados pela agência de notícias russa, Sputnik, morreram de 300 a 1000 soldados ucranianos por dia, justificando porque Aleksander Sirski é tão impopular.
A situação ucraniana é muito grave, segundo o analista Mark Sleboda a Sputnik, já que o recrutamento forçado pode até mesmo reduzir a natalidade do país: “Não sobrou ninguém para ter filhos”, disse o analista. Em entrevista, Sleboda ainda afirmou que a Ucrânia não se pode dar ao luxo de perder mais jovens na guerra:
“Depois que chegamos aos anos 90 e particularmente em meados dos anos 90, as pessoas não tinham filhos. O resultado disso é um estreitamento demográfico na faixa etária mais baixa”, explicou Sleboda. “Há quatro vezes mais pessoas na faixa etária de 35 a 45 anos, [e mais] na faixa etária de 45 a 55 anos, do que na faixa etária de 18 a 30 anos”, esclareceu o analista. E acrescentou:
“[A Ucrânia] literalmente não pode se dar ao luxo de perder mais jovens porque então não sobrará ninguém para ter filhos”. “E odeio dizer a vocês que um grande número das suas mulheres foi para a Europa e vão ter filhos europeus e não vão voltar”, observou ele, acrescentando que era “um pouco desagradável”, mas “é verdade”.
O analista também criticou o novo comandante das Forças Armadas por repetir a “estratégia fracassada” em Artiomovsk [Bakhmut] e, além disso, dobrando as apostas em um cerco ainda mais acirrado:
“Sirski […] está retirando tropas de todas as outras frentes, retirando as últimas reservas estratégicas do país […] e as está enviando para Avdeevka, o que significa que não se trata apenas de manter as tropas que estão lá, trata-se de lançar, pelo menos, eu diria 10.000 reforços na situação”, ponderou o analista.
A situação ilustra uma crise profunda do regime ucraniano, pois, diante da situação, os nazistas do Pravi Sektor [Setor Direita] e outros batalhões fascistas estão se colocando contra a política de intensificar os conflitos, sendo este o verdadeiro motivo da substituição de Valeri Zalujni. A respeito da extrema-direita ucraniana, o analista norte-americano Larry Johnson acredita que as tropas fascistas detêm maior poder sobre o exército, de forma que isto pode ocasionar uma revolta e uma insurreição contra o atual presidente. Em última instância, pode haver movimentações de um golpe de estado em andamento.
“O cara com a arma geralmente ganha e da última vez que verifiquei Zalujni tem mais armas do que Zelenski (…) Eu não quero apresentar Zalujni como algum tipo de gênio militar ou realmente um homem de bom coração (…) [Ele é] um pouco de um canalha [que] abraça a ideologia neonazista (…) Ele tem muito cuidado para não inserir as tropas mais ideologicamente dirigidas – o Azov e as unidades de Krav.” – afirmou Johnson.
Seguramente é possível afirmar que existe uma crise insustentável na Ucrânia. A situação pode envolver até mesmo as grandes massas, já que o imperialismo destruiu o país inteiro.