Em discurso de pouco mais de uma hora, transmitido para dezenas de milhares de libaneses, Hassan Nasralá, liderança máxima do Hesbolá (Partido de Deus), afirmou que o recente assassinato de Salah al-Arouri, vice-presidente do gabinete político do Hamas, “vai ter uma resposta”. Al-Arouri foi assassinado no dia dois de janeiro em um ataque de drones realizado em Beirute, capital libanesa.
O discurso de Nasralá já era esperado, mesmo antes do assassinato da liderança palestina. Afinal, o dia 3 de janeiro já havia se tornado uma data importante para a resistência árabe, uma vez que é a data em que os Estados Unidos assassinaram Qasem Soleimani, uma das figuras mais importantes do regime iraniano. No entanto, aquilo que já era esperado para ser um discurso contundente contra o imperialismo, acabou ganhando contornos ainda mais radicais, uma vez que o líder do Hesbolá precisava se pronunciar publicamente sobre a provocação de “Israel”, que invadiu uma cidade libanesa para assassinar al-Arouri.
A provocação ainda não foi suficiente para que Nasralá declarasse uma “guerra total” a “Israel”. Isso é, no final das contas, justamente o que o Estado sionista quer, pois forçaria os Estados Unidos a ampliar o apoio ao enclave imperialista. Trata-se de um ato de desespero do governo de Benjamin Netanyahu. Por isso, ainda que seja necessário responder os ataques israelenses, o Hesbolá tem evitado fazer com que o conflito se expanda.
Conforme explicado por Nasralá, o Hesbolá entrou na guerra contra “Israel” após o 7 de Outubro com “honestidade”, alegando francamente que o seu objetivo era “apoiar os palestinos”, reduzindo a “tensão” do exército sionista sobre a resistência em Gaza e na Cisjordânia. Essa guerra, no entanto, vem acontecendo somente na fronteira entre “Israel” e o Líbano. Uma guerra, conforme explicou Nasralá, cheia de “equações” – isto é, de cálculos para que o conflito não se expandisse.
No entanto, as agressões de “Israel” estão praticamente obrigando o Hesbolá a tomar uma atitude mais enérgica. A fala de Nasralá, neste sentido, foi, em grande medida, um ultimato ao enclave imperialista. Disse ele:
“Estamos lutando no sul do Líbano com equações definidas. Se o inimigo pensar em uma guerra contra o Líbano, nosso combate será sem limites, sem equações, e ele sabe muito bem o que significa isso. Apenas vou falar essas poucas palavras. Não temos medo da guerra, não temos dúvidas. Todo mundo já nos ameaçou, os norte-americanos, os ingleses. Isso não nos fez temer. Se o Estado de ‘Israel’ entrar em guerra com a gente, eles vão se arrepender”.
Sobre o assassinato da liderança do Hamas, Nasralá também foi claro: “esse assassinato vai ter uma resposta. Vai ter punição”.





