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Eleições municipais

Não há fundo do poço para a vigarice política

Alex Solnik achou poucas as concessões de Boulos ao grande capital

No artigo “Boulos resolveu fazer tudo errado”, publicado no Brasil 247, Alex Solnik critica a postura do candidato psolista Guilherme Boulos no segundo turno das eleições em São Paulo. Segundo Solnik, Boulos deveria buscar alianças ainda mais “ao centro” e adotar uma postura mais “moderada” para aumentar suas chances de vitória. O que Solnik não percebe, no entanto, é que Boulos já foi tão longe quanto possível em sua subserviência ao grande capital e à política conservadora. O problema de Boulos não é que ele tenha “errado” em sua estratégia eleitoral, como sugere o colunista, mas que ele se revelou, ao longo dessa campanha, um político muito mais alinhado com a direita do que com qualquer coisa de esquerda.

A crítica de Solnik é reveladora porque expõe um setor da esquerda que está disposto a adotar integralmente o programa da direita, tudo em nome de uma “frente ampla” que não leva a avanço algum dos setores progressistas. Boulos, por sua vez, é a expressão máxima dessa política. Na tentativa desesperada de se viabilizar como candidato, ele abandonou qualquer resquício de compromisso com as lutas populares. Apoiador de políticas como o “empreendedorismo”, defensor das reintegrações de posse e alguém que se recusa a se posicionar contra o genocídio palestino, Boulos se afasta cada vez mais da esquerda que diz representar.

O que Solnik defende em seu artigo é que Boulos deveria se curvar ainda mais ao grande capital. É uma posição que reflete a desmoralização completa de um setor da esquerda, que já não acredita na possibilidade de confrontar o neoliberalismo e, por isso, está disposto a aderir ao seu programa por completo. A questão é que Boulos já fez isso. Ele não precisa “se moderar” mais, como sugere Solnik, porque sua campanha já foi marcada pela completa submissão aos interesses da burguesia. Não foi à toa que ele prometeu que, sob sua gestão, haveria o menor número de ocupações em São Paulo, uma cidade marcada pela falta de moradias.

A crítica de Solnik apenas reforça o fato de que existe um setor da esquerda que se ilude com a ideia de que pode “governar” ao lado da direita, sem perceber que essa capitulação apenas fortalece as políticas neoliberais que tanto dizem combater. Boulos, ao longo de sua carreira, tentou se apresentar como um líder popular, mas, na prática, se revelou em mais um político conservador disposto a fazer o que for preciso para ganhar uma eleição, mesmo que isso signifique trair os princípios que supostamente defende.

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