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Governo Lula

Não existe política de segurança pública ‘de esquerda’

Explorar casos de repercussão nacional não favorecerá em nada na luta política contra a extrema direita

No artigo Na segurança pública, esquerda 2 x 0 extrema-direita; mas é preciso informar o resultado às pessoas, publicado no Brasil 247, o jornalista Bepe Damasco celebra dois resultados recentes obtidos pela Polícia Federal e outros órgãos auxiliares. Disse ele: “o governo federal marcou dois golaços em uma área sensível, como a segurança pública, que lidera o ranking de preocupação dos brasileiros, conforme atestam todas as pesquisas“.

E quais seriam? A prisão de dois fugitivos de um presídio de segurança máxima em Mossoró, no Rio Grande do Norte, e a descoberta dos supostos mandantes do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco.

Antes de analisar a tese propriamente dita, é preciso destacar que ela já é insustentável a partir dos próprios exemplos citados. Isto é, ainda que fosse fato que “golaços” fossem uma vantagem na luta contra a extrema direita, os resultados citados pelo autor não foram “golaços”.

A fuga dos fugitivos foi, na melhor das hipóteses, a correção de uma grande lambança. Dois fugitivos de uma prisão de segurança máxima, supostamente sem comunicação entre eles, teriam conseguido, pela primeira vez na história, fugir. Ainda que não tenha sido necessariamente “culpa” do presidente da República ou mesmo do ministro da Justiça, foi uma grande desmoralização. E igualmente desmoralizante é a demora de 50 dias para recuperar os fugitivos, ainda que mobilizando centenas de agentes e torrando milhões de reais do orçamento público. A caçada ridícula aos fugitivos contou até mesmo com um episódio em que a polícia demorou 16 horas para chegar a um sítio onde haviam recebido a informação de que os fugitivos se encontravam, o que poderia ter abreviado as buscas em mais de 30 dias.

Para quem ansiava pelas investigações sobre a morte de Marielle Franco, o resultado foi visivelmente frustrante. O caso ganhou grande repercussão à época porque estaria vinculado à intervenção militar do governo de Michel Temer (MDB) no Rio de Janeiro e porque estaria vinculado ao próprio ex-presidente Jair Bolsonaro. As investigações, no entanto, não serviram para apontar nada nesse sentido.

Mas suponhamos que tenham sido feitos realmente extraordinários. Haveria o que comemorar? Damasco diz que:

“É necessário mostrar para as pessoas que há luz no fim do túnel no combate à criminalidade alarmante, com base no modelo adotado na prisão dos criminosos de Mossoró, com integração das polícias, compartilhamento de informações, inteligência investigativa, uso de tecnologias e unidade entre as forças de segurança nacionais e estaduais.

Comparar de forma didática essa estratégia com o fracasso da política de segurança conservadora certamente renderá frutos. Veja o caso das operações Verão e Escudo da PM de São Paulo. Além da matança de ‘suspeitos’, em profusão, em nada contribuíram para reduzir os índices de violência e amentar [sic] a sensação de segurança dos paulistas.”

O que o jornalista não leva em consideração são dois problemas. O primeiro deles é que, para conseguir os resultados que ele almeja, é preciso investir pesadamente no aparato de repressão do Estado, que é um inimigo político da esquerda. É preciso fortalecer o Judiciário, a Polícia Federal, o Ministério Público – enfim, equipar o exército inimigo, que foi um pilar decisivo para o golpe de Estado de 2016. Fazer isso para resolver um caso de repercussão nacional por ano não é uma política inteligente.

O segundo aspecto que o jornalista ignora é que a demagogia que a extrema direita faz com a segurança pública é nada mais que… demagogia. Porque isso é tudo o que se pode fazer nessa área. O crime é um problema social, não é um problema de indivíduos. Nesse sentido, não há como combatê-lo por meio da repressão. Ao fazer isso, ainda que evite a demagogia do “bandido bom é bandido morto”, o governo vai estar reforçando a política da direita – a de que o crime tem que ser enfrentado com a mais dura repressão, e não por meio de reformas sociais.

De um jeito ou de outro, estará adotando o programa político da extrema direita.

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