Se há algo pelo qual a polícia no Brasil é conhecida é por ser assassina. No ano passado, 4.025 pessoas foram assassinadas durante todo o ano, enquanto que, apenas no primeiro semestre deste ano, 3.148. Esses números, no entanto, não são completamente confiáveis, devendo ficar muito abaixo do que é a realidade no Brasil.
Fato é que os casos de violência policial e, sobretudo, os assassinatos causados pela polícia são muito conhecidos do povo brasileiro, já que, há décadas, o extermínio sistemático da população pobre acontece em nosso país.
Destaca-se, neste ano, a violência policial por parte da polícia de São Paulo, com inúmeros casos assustadores, como o de Ryan da Silva Andrade, um menino de apenas 4 anos que já havia perdido o pai em fevereiro durante a Operação Verão. Além de assassinar a criança, a polícia ainda compareceu a seu funeral para intimidar sua família.
Outro caso famoso ainda em São Paulo foi o do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta e o caso no qual um policial atirou um entregador de cima de uma ponte.
O nível de repressão à população está tão absurdo, que parte da burguesia começou a ficar com medo da repercussão, temendo que uma explosão no Brasil, como o que aconteceu em junho de 2013, após a polícia do PSDB de Geraldo Alckmin atacar manifestantes que pediam o passe livre nos meios de transporte do estado. Isso levou, por exemplo, a que o Estadão publicasse um texto de Flávia Oliveira intitulado “É preciso evitar que barbárie de SP se espalhe”.
Em seu texto, a jornalista defende que algo deva ser feito para impedir que a violência policial no estado de São Paulo contamine o restante do país, lembrando do aumento expressivo da violência policial após o início do governo de Tarcísio. Acontece, no entanto, que não é somente a polícia de Tarcísio que tem imposto o terror para a população brasileira.
Recentemente, por exemplo, o jornal Carta Capital publicou uma matéria com o seguinte título Câmeras em uniformes de policiais do RJ mostraram tiro pelas costas, mortes de PMs e pedidos de propina, no qual é possível ver relatos de muitos atos completamente ilícitos por parte da polícia.
Também ficou famoso o caso de um policial da Polícia Civil de Pernambuco que matou um entregador de aplicativo por não querer pagar 7 reais da corrida que o rapaz havia feito. Após o assassinato, a população tentou linchar o policial, que foi prontamente defendido pela PM do estado.
Dois anos atrás, no Sergipe, Genivaldo de Jesus Santos foi assassinado por policiais da Polícia Rodoviária Federal, que o colocaram no porta-malas de um carro e depois atiraram gás dentro do veículo, asfixiando a vítima.
Os casos servem para demonstrar como não é somente a polícia paulista ou a polícia de Tarcísio de Freitas, ou, melhor, não é somente a polícia de estados governados pela extrema direita que assassina sistematicamente o povo brasileiro. Todo o aparato policial do Brasil, incluindo a Polícia Civil, a Polícia Federal e as guardas civis, são um instrumento da burguesia para matar a população do próprio país.
A violência policial tem sim aumentado, mas em todo o Brasil. Tentar culpar apenas Tarcísio por esse aumento é uma tentativa de se esconder os crimes no restante do país, além de dar a ideia de que possa existir uma polícia democrática, quando governada pela direita tradicional.
A única solução para acabar com a violência contra o povo brasileiro é o fim de todo o aparato policial no Brasil, já que sua única serventia é o assassinato em benefício da burguesia. Qualquer outra medida, como a de tentar democratizar a polícia ou educar a polícia através de cursos sobre os direitos humanos, por exemplo, são tentativas de salvar o aparato policial que merece ser completamente derrubado.
Alternativas como colocar câmeras corporais nos policiais servem apenas para que se utilize posteriormente as imagens como prova dos crimes da polícia, mas apenas depois que esses crimes, como a morte do menino Ryan, já aconteceram e não se pode fazer mais nada, além de que é muito fácil burlar o sistema de câmeras, visto que muitas vezes os policiais agem à paisana, quando não estão fardados e, portanto, não levam câmeras consigo.
A única solução para a polícia e para o fim da violência no Brasil é o fim da polícia em todo o Brasil e sua substituição por uma organização de defesa do povo controlada pela própria população brasileira.