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Eleições na Venezuela

Não apoiar incondicionalmente Maduro é apoiar os golpistas

Ninguém fora da Venezuela tem o direito de pedir satisfação sobre a eleição venezuelana

O jornalista Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, publicou coluna no portal Brasil 247 dando sua opinião sobre os acontecimentos na Venezuela.

Com o título de 2013 está Maduro, o companheiro, depois de tecer alguns comentários muito errados sobre o junho de 2013 no Brasil, diz o seguinte sobre a Venezuela:

“María Corina Machado foi cúmplice de Pedro Carmona Estanga, o breve, autoproclamado presidente da Venezuela para um mandato de malditos TRÊS DIAS. Ela era, é e continuará sendo golpista. E essa oposição venezuelana é cem por cento golpista. 

“A lástima é que o povo venezuelano, em parcela aparentemente enorme, caiu na lábia dessa gente. Talvez porque a obra social e econômica de Hugo Chávez esteja virando poeira junto com o espírito heróico e humanista da corajosa revolução boliviariana”.

Guimarães, corretamente, afirma que Corina e essa oposição é “100% golpista”. Faltou apenas dizer claramente que esses golpistas são financiados pelo imperialismo, particularmente o norte-americano. E por que isso é importante?

Entender que o imperialismo, ou seja, a mais poderosa máquina econômica, militar e política, está por trás da oposição golpista evita que cheguemos a conclusões erradas como a de Guimarães:

1) a de que o povo teria “caído na lábia” da oposição, coisa que devemos olhar com muita desconfiança, já que quem está dizendo isso são os próprios Estado Unidos; 2) tentar explicar o problema como uma espécie de falência da das políticas chavistas.

O primeiro ponto é fácil de entender. Guimarães acaba tomando por verdadeira a campanha produzida pelo imperialismo desde antes das eleições dizendo que a oposição teria maioria. Tal coisa só existe na propaganda imperialista, não há nada até agora que sustente tal coisa.

O segundo ponto é decorrente do primeiro. Se acreditamos, como faz o companheiro Guimarães, que a oposição teria maioria ou próximo disso, então deveríamos aceitar que o regime chavista está falido e que realmente Maduro deveria cair. Que Maduro é um ditador, como diz o imperialismo, já que ele nem consegue mais implantar as políticas sociais chavistas, nem mesmo ganhar a eleição. E é exatamente essa a conclusão de Guimarães:

“Mas Maduro deu um golpe. O povo foi engabelado pela oposição golpista e pelo péssimo governo atual, conduzido por um truculento que está levando a Venezuela à ruína, e votou na oposição. 

(…)

“Seja como for, equivoca-se quem acha que Maduro venceu e, portanto, não tem que dar satisfação a ninguém. Isso só acontece em ditaduras. Nas democracias, todos os candidatos derrotados têm direito a exigir a recontagem dos votos.”

Guimarães caiu na armadilha montada pelo imperialismo. Vejam só o perigo de tal raciocínio: “a oposição é golpista, mas Maduro é um ditador, como ele é um ditador, ele teria que aceitar as chantagens dos golpistas”. Guimarães não se dá conta, mas com essa política ela está obrigado e ficar do lado da oposição “100% golpista”. Qualquer coisa que tenha feito Maduro justifica tal posição? É claro que não.

Nem precisamos dizer que a acusação de que o regime é uma ditadura também é feita pelos norte-americanos, mas suponhamos que Maduro fosse um monstro como pintam. Isso seria justificativa para trocá-lo pela oposição “100% golpista” e fascista apoiada pelos Estados Unidos? Acreditamos que nem mesmo Guimarães defende isso.

Guimarães afirma que os “candidatos derrotados têm direito a exigir a recontagem dos votos”. Isso é fato. O que não é fato é que essa oposição fascista esteja fazendo isso. Dar o golpe de Estado é muito diferente de pedir recontagem de votos.

O que a oposição está fazendo é chamar a derrubada do governo por meio das guarimbas, manifestações violentas da extrema-direita e pior, a oposição foi incrivelmente declarada vencedora nos escritórios do Departamento de Estado Norte-americano. Isso não é direito de pedir recontagem, é golpe abertamente patrocinado por um governo estrangeiro. E isso é mais do que motivo para prender, sim, os golpistas que estão agindo com violência.

A comparação que Guimarães faz com 2013 no Brasil é até inexplicável. Para ele, as manifestações teriam sido contra a prefeitura e o governo federal, na época ambos do PT, quando, na verdade eram manifestações que começaram contra a direita, contra Geraldo Alckmin do PSDB e sua polícia repressiva. A coisa só descambou para o golpismo quando a direita percebeu a possibilidade de sequestrar aquela mobilização, usando o aparato de propaganda da Globo e toda a imprensa burguesa, e voltá-la contra o governo do PT.

Os que hoje chamam Maduro de ditador e defendem a “oposição 100% golpista” são os mesmos que sequestraram aquelas manifestações. Os mesmos que derrubaram Dilma, agora querem derrubar Maduro.

Então, qual é a dúvida? Porque deveríamos dar qualquer concessão, por mínima que seja, a essa oposição golpista, fascista e apoiada pelo imperialismo? Nós, brasileiros, que já levamos golpe dessa corja, não devemos exigir nada de Maduro, devemos dar-lhe apoio incondicional e dizer claramente que o imperialismo e nenhuma nação estrangeira devem intervir na Venezuela.

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