Há pouco mais de 40 anos, em 19 de julho de 1979, guerrilheiros da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), na Nicarágua iniciaram uma das mais importantes revoluções do século XX.
A revolução começou com um levante popular nas ruas de Manágua, capital do país caribenho e colocou fim à ditadura de Anastasio Somoza Debayle.
Os guerrilheiros da FSLN, que eram conhecidos como “muchachos” tinham em suas fileiras muitas mulheres. Essas mulheres passaram a aderir ao movimento armado de libertação por volta da década de 1960 e em 1979 já somavam milhares nas fileiras guerrilheiras. Dentre elas, estudantes, enfermeiras, professoras e mulheres das mais diferentes camadas sociais.
Mais precisamente, cerca de 30% do efetivo militar da guerrilha sandinista era composto por mulheres. A Frente Sandinista de Libertação Nacional era inspirada principalmente no exemplo da revolução cubana de 1961 que colocou fim ao governo ditatorial do fantoche dos norte-americanos Fulgêncio Batista.
Algumas das mulheres chegaram a tornar se oficiais de unidades da FSLN. Muitas outras eram combatentes além de colaboradoras essenciais dos guerrilheiros, fornecendo além de alimentação e medicamentos atuando na segurança das casas, esconderijo das armas e no transporte de mensagens, atividades que assim como a luta direta impunham grande perigo levando com que muitas dessas mulheres chegassem a ser torturadas e assassinadas pelas forças inimigas.
Quando o regime de Somoza foi derrubado, muitas mulheres da guerrilha iniciaram a sua desmobilização e algumas outras assumiram postos em cargos civis no novo governo liderado pela FSLN. Entretanto, pouco depois, com a criação do Exército Sandinista, muitas mulheres decidiram permanecer no exército e em 1980 cerca de 6% das oficiais e 40% dos soldados eram mulheres.
A grande maioria das mulheres manteve o apoio ao governo sandinista quando os contra-revolucionários, que ficaram conhecidos como “os contras”, se levantaram para tentar derrubá-lo na década de 1980.
No embate com “os contras”, a FSLN tentou manter as mulheres na posição de apoio e não de guerrilheiras. Dessa forma, enquanto os homens iam para a frente de batalha, as mulheres formavam milicias que ajudavam a proteger as cidades.
Uma das mulheres a lutar pela Nicarágua foi “Vicky”, filha de um trabalhador e sindicalista nicaraguense exilado na Costa Rica que retornou à Nicarágua para militar assim como o pai, após ter contato com o sandinismo enquanto estudava na Europa.
Antes de retornar à Nicarágua e se integrar a uma célula clandestina, Vicky foi treinada militarmente pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP).