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EUA

Não é preciso identidade para votar em estados onde Kamala venceu

A lisura do processo eleitoral americano já está virando piada. Não bastassem os muito controversos votos pelos correios, há ainda o voto de pessoas sem a identificação do eleitor

Eleição Fraudulenta

Um dos apoiadores do presidente eleito do EUA Donald Trump, Elon Musk publicou em seu perfil no X uma foto mostrando que Kamala Harris venceu nos estados onde não se exigia identificação para votar. Para ironizar, Musk publicou também a seguinte mensagem: “deve ser coincidência” seguida de uma figurinha com rosto pensativo.

A mensagem que o bilionário passa é a de que houve fraude por parte do Partido Democrata, caso contrário, Trump venceria, se não em todos, na maioria dos Estados. É claro que não podemos dizer que tenha havido fraude, porém, é muito estranho esse fato.

Outra coisa que causa estranheza é parte da esquerda brasileira e até mesmo da imprensa alternativa tratarem como esquerdistas o Partido Democrata, o atual presidente dos EUA Joe Biden e a vice-presidente derrotada Kamala Harris, coisa que nem por acaso foram algum dia.

Os Democratas são responsáveis pela morte de milhões de pessoas, a maioria civis. Bombardearam países, patrocinaram golpes de Estado, estão por trás da operação Lava Jato e pela prisão de Lula. Esse partido tem uma lista interminável de crimes.

Crise política nos EUA

Com a vitória de Trump e da maneira como venceu, abre-se uma etapa de crise no Partido Democrata, e não se descarta que o sistema bipartidário nos EUA tenha entrado em xeque. Em um futuro próximo, é provável que vejamos muita movimentação na formação de novos partidos nos Estados Unidos. Parlamentar do Partido Democrata e ex-candidato à presidência, Bernie Sanders lançou uma nota que diz:

“Não deveria ser uma surpresa que o Partido Democrata, que abandonou a classe trabalhadora, iria descobrir que a classe operário o abandonou. Primeiro foi a classe trabalhadora branca; agora, foram as classes trabalhadoras latina e negra. Enquanto a liderança democrata defendo o status quo, os americanos estão com raiva e querem mudanças. Eles estão certos. (…) Irão os interesses do grande capital, e dos consultantes muito bem pagos que controlam o Partido Democrata, aprender alguma lição dessa campanha desastrosa. Irão eles compreender a dor e a alienação política que dezenas de milhões de americanos estão sentindo? Eles têm alguma ideia de como podemos enfrentar a oligarquia cada vez mais poderosa que tem tanto poder econômico e político? Provavelmente, não! Nas próximas semanas e meses, aqueles de nós preocupados com a democracia a partir da base, e a justiça econômica, precisamos ter algumas muito sérias discussões políticas. Fiquem ligados”.

Essa fala demonstra o que a esquerda brasileira, em geral, não entende que a política dos democratas americanos completamente anti-operária. Basta ver a situação social nos Estados Unidos, grave o bastante para colocar o principal país imperialista do mundo sob constante ameaça de convulsão.

Os democratas aplicaram uma espécie de estelionato político ao apresentarem o identitarismo como se fosse a luta pelos oprimidos. Mas, na verdade, foi apenas uma isca para fisgar uma parcela da esquerda e de setores muito minoritários na sociedade. Essa política, no entanto, está fracassando e encontra uma forte rejeição na classe trabalhadora.

A culpa é de quem?

O jornalista Glenn Greenwald vem publicando artigos onde desmonta a farsa que a grande imprensa montou para tentar emplacar a candidatura Harris. Ele diz que a imprensa culpa a política woke (“despertar”, em português, nome dado pelos norte-americanos ao identitarismo) pelo fracasso; no entanto, segundo ele, é fruto da política econômica e militar dos democratas.

A crise de fato se deve a um fracasso generalizado, além dos gastos astronômicos com as guerras, um tema recorrente da propaganda de Trump, que se mostra favorável a acabar com a política belicista do imperialismo. Não se pode descartar, ainda, o repúdio da população com o massacre em Gaza.

Os democratas confiaram demais na proteção que a grande imprensa dispensa para os sionistas; apenas se esqueceram uma brecha que são as redes sociais. Esses veículos de informação por fora dos controles dos monopólios têm um papel fundamental para as pessoas adquirirem consciência do que realmente acontece pelo mundo. A imprensa está perdendo a guerra contra a internet.

Eleições democráticas

Não menos importante, nesta suspeita de fraude que Elon Musk levanta, é a posição da esquerda, que chama Nicolás Maduro de ditador, de fraudador de eleições, etc., e com isso, exigem atas e comprovantes da lisura do processo eleitoral.

Nos Estados Unidos, a probabilidade de fraude é alta, ainda mais com os famosos votos pelo correio e com os estados que não exigem identificação na hora de votar.

Ao abraçar o Partido Democrata, a esquerda afunda no mesmo barco e, consequentemente, abre caminho para o crescimento da extrema direita. A continuar assim, não podemos descartar a vitória de Bolsonaro para as próximas eleições. E, para piorar, tudo com apoio popular, que vê a extrema direita como sendo uma alternativa fora do sistema.

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