O Oriente Próximo foi sacudido nesta terça-feira (1°) pela mais contundente ofensiva iraniana contra o Estado artificial de “Israel” desde o início das hostilidades na região, no dia 7 de outubro de 2023. Sob o nome de “Operação Promessa Cumprida II”, o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC) disparou cerca de 180 mísseis balísticos contra três bases militares israelenses próximas a Telavive. O ataque ocorreu como resposta aos contínuos assassinatos de figuras proeminentes da resistência, coordenados pelo serviço secreto sionista, e trouxe um novo patamar de pressão sobre o governo de Benjamin Netaniahu.
Relatos iniciais indicam que os mísseis lançados saíram diretamente do território iraniano, atingindo as bases militares israelenses em questão de minutos. Um desenvolvimento estratégico notável, pois contradiz a prática usual de ataque a partir de territórios próximos, como Síria e Líbano, utilizada em ocasiões anteriores. Esta mudança demonstra o aumento de confiança de Teerã e a precisão operacional alcançada pelo IRGC. As instalações militares e de inteligência atingidas incluíram a base Negev, que abriga esquadrões de caças F-35, e a sede do Mossad, alvo principal da ofensiva.
A resposta israelense à operação iraniana foi marcada pela confusão e falta de estratégia. As sirenes de alerta antiaéreo ecoaram ao longo do sul e do centro do país, e a suposta invulnerabilidade do sistema de defesa aérea “Domo de Ferro” mostrou-se ineficaz diante de projéteis hipersônicos iranianos, como os mísseis Ghadr, Emad e Fattah-1. O IRGC empregou esses diferentes tipos de mísseis, variando de alcance de 1.350 km a 1.950 km, e atingiu a impressionante marca de 80% de acerto nos primeiros alvos.
A magnitude dos danos causados pela ofensiva é ainda maior considerando que, segundo fontes iranianas, o quartel-general do Mossad foi inteiramente destruído. A ausência de qualquer confirmação oficial do lado israelense, somada ao silêncio da imprensa no que diz respeito às fotografias ou vídeos do local atingido, levanta suspeitas de que a extensão dos danos foi, de fato, catastrófica. “Israel” tem controlado rigorosamente as informações para mitigar o impacto psicológico sobre a população e evitar uma desmoralização maior.
O resultado militar e simbólico dessa operação coloca o Estado sionista em uma posição ainda mais delicada. Ao contrário das retaliações realizadas por facções aliadas do Irã em abril, que demoraram para alcançar o território israelense, os mísseis desta vez chegaram ao destino em 20 minutos, sugerindo um grau de evolução técnica e tática na resposta iraniana que pegou o Estado-maior israelense completamente desprevenido. Mesmo os alvos mais protegidos não escaparam da precisão dos mísseis iranianos.
O ataque é um claro cumprimento da promessa iraniana de retaliar pela execução de líderes do Hesbolá, como Sayyed Hassan Nasseralá, morto na última semana em um ataque aéreo israelense em Beirute. A execução do líder do Hesbolá, um dos mais respeitados e proeminentes combatentes anti-imperialistas do Oriente Médio, foi um movimento que já se sabia que geraria uma resposta contundente. O IRGC havia prometido vingar a morte de Nasseralá e de outras figuras assassinadas pela máquina de guerra israelense, e a operação de terça-feira mostrou que a promessa não apenas foi cumprida, mas superou as expectativas.
O pânico causado pela vigorosa e fulminante ação iraniana levou o jornal israelense Haaretz a expor o desespero e o desconforto que se espalharam pela liderança e pelas forças armadas sionistas após a retaliação iraniana. Intitulado Where Is Israel Heading, When the Only Horizon Its Leaders Offer Is War?, o editorial de Haaretz critica abertamente a incapacidade de Netaniahu em formular uma estratégia que não se resuma a “vamos continuar a matar este e aquele”. A crítica do editorial é um retrato fiel da profunda crise enfrentada pelo país: “Israel” não tem um plano de paz e está totalmente isolado politicamente. A liderança sionista, hoje mais do que nunca, vê como única saída a expansão de suas agressões na região.
Já a análise publicada no órgão iraniano Tehran Times, por outro lado, enaltece a resposta iraniana como um marco na mudança do equilíbrio de forças no Oriente Médio. O jornal destacou que a operação, conduzida sob o codinome “Ó Mensageiro de Deus!”, mostrou que Teerã não só está disposto a assumir riscos, como também está plenamente preparado para uma escalada total contra “Israel”, caso o regime colonial insista em seguir com as provocações, além de ressaltar as diferenças entre a forma de ação do Irã com a dos sionistas:
“Este discurso, que associa a República Islâmica à violência e à irracionalidade, foi desafiado pela forma como a resposta iraniana se desenrolou. Em um momento de tensão regional elevada, gerada pelo comportamento provocativo de Israel, o Irã demonstrou um nível de contenção e visão estratégica que merece destaque. Também é relevante apontar uma diferença fundamental na maneira como Irã e Israel gerenciam a divisão entre amigos e inimigos.
Enquanto Israel busca maximizar as baixas em cada ataque, fazendo tudo o que pode não apenas para evitá-las, mas também para aumentá-las, o Irã, como visto neste ataque, evitou conscientemente direcionar suas ações contra o que são considerados objetivos ‘civi'” (embora, em um contexto colonial como o da Palestina, a categoria de ‘civil’ se torne nebulosa, uma vez que todos os colonizadores se beneficiam, em graus variados, da ocupação).”
Enquanto o Haaretz expõe a debilidade do governo Netaniahu, o Tehran Times exalta a posição do Irã como defensor legítimo dos povos oprimidos da região. A retaliação contra “Israel” foi categórica e cirúrgica, direcionada a objetivos militares sem atingir alvos civis. Essa postura estratégica foi louvada pela imprensa iraniana como um sinal de contenção e responsabilidade, evitando fornecer pretextos para que as potências imperialistas escalem ainda mais o conflito.
Como era de se esperar, as potências imperialistas imediatamente se alinharam à sua colônia no Oriente Médio. Os líderes do G7 — França, Canadá, Japão, Reino Unido, Itália e Alemanha — emitiram uma declaração conjunta reconhecendo o “direito de Israel de se defender”. No entanto, um ponto relevante foi a recusa explícita do presidente dos EUA, Joe Biden, em apoiar uma retaliação israelense contra instalações nucleares iranianas. Biden afirmou que um ataque dessa natureza “não teria apoio dos Estados Unidos”, uma resposta que claramente expõe a fragilidade de “Israel” e a extensão das preocupações em Washington quanto a um agravamento sem precedentes do conflito.
Não há dúvida de que a operação minou severamente a percepção de invulnerabilidade israelense e colocou em xeque a eficácia do sistema de defesa do país. Além disso, demonstrou que o Irã, quando provocado, é capaz de responder de maneira devastadora e direta. Se a operação anterior em abril visava apenas enviar um recado, a Operação Promessa Cumprida II evidenciou que Teerã está preparado para levar adiante uma ofensiva militar de larga escala se necessário.
A postura norte-americana é reveladora nesse sentido. A decisão de Biden de dizer que não apoiará um ataque aos sítios nucleares iranianos mostra que, ao contrário do que ocorreu anteriormente, os EUA entendem que a atual crise tem potencial de levar o regime sionista a uma crise insustentável e, finalmente, apoiam a reação sionista. Resta saber se essa decisão será mantida ou se, pressionado pelos setores mais belicosos do imperialismo, Biden irá ceder.
O que está claro é que o conflito no Oriente Médio tende a se acirrar nos próximos meses. O cerco ao regime israelense está se fechando cada vez mais, e a vitória iraniana é um alerta de que “Israel” não poderá mais agir impunemente. A região entrou em uma nova fase e a ditadura sionista terá que reavaliar seus planos se quiser sobreviver à ofensiva que se desenha.