Na noite da última segunda-feira (6), uma mulher de 33 anos sofreu um aborto espontâneo após ser obrigada a esperar mais de quatro horas para ser atendida no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), em Brasília. Segundo seu irmão, Maria dos Santos, que estava grávida de cinco meses, chegou à unidade sentindo dores fortes.
“A minha irmã ficou horas na triagem, esperando atendimento, sentindo fortes dores. Eu nunca vi em nenhum lugar do mundo alguém estar perdendo um bebê e ficar no fim da fila. Em nenhum momento houve atendimento adequado. Qualquer outra narrativa que o hospital diga, é mentira”, afirmou o irmão.
Segundo o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IGES-DF), responsável pela administração do HRSM, o hospital estava com uma demanda “muito alta de pacientes na noite de segunda e atendia com lentidão devido à falta de médico neonatologista na maternidade do Hospital Regional do Gama (HRG)”.
O IGES ainda afirmou que a mulher teria sido reavaliada duas vezes em um prazo de 40 minutos após, ao chegar, ser classificada como verde (o menor nível de prioridade). Em nota, o instituto assegurou que, às 21h35, “a grávida já estava expelindo o feto, bolsa amniótica e placenta, comprovando um aborto em curso inevitável”. Então, afirma que a “paciente fez todos os exames necessários, foi medicada e, às 23h31, foi reavaliada pela médica, que ao ver que a paciente não apresentava mais sinais do aborto, deu alta médica e a orientou a procurar o hospital caso apresentasse algum sangramento ou dor intensa. Além disso, solicitou uma ecografia após dez dias”.
O caso deixa claro que a justificativa da direita em rejeitar o aborto é uma farsa. Afinal, se a burguesia realmente se preocupasse com a saúde da mulher e do feto, não deixaria que situações como esta ocorressem. Nesse sentido, o aborto é proibido para impedir que a mulher tenha mais direitos. Mas, na prática, ele ocorre quando ela nem mesmo o quer.