O mês de julho de 2024 é um marco para os trabalhadores do movimento sem terra. O MST está realizando ações em todo o país para demarcar a Jornada Nacional por Alimento Saudável e Reforma Agrária. As iniciativas são diversas e têm em comum a mobilização dos trabalhadores assentados e acampados pela pauta da Reforma Agrária.
O auge das mobilizações aconteceu entre os dias 23 e 27 de julho, período preenchido com palestras, reuniões, caminhadas e fechamento de rodovias federais, como o que ocorreu no dia 25, próximo à cidade de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. Os trabalhadores sem terra reivindicam a desapropriação das terras ocupadas, a construção de assentamentos e o direito ao crédito pelo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
Ainda no dia 25, os trabalhadores sem terra fizeram ocupações de prédios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Banco do Brasil e de outras rodovias em mais de 15 cidades em todo o País. O objetivo foi chamar a atenção para o fato de que a posse da terra não é o fim, mas o início do compromisso do governo com o movimento. A regularização do assentamento é o primeiro momento da garantia de direitos, vindo logo em seguida o direito ao crédito agrícola, educação, saúde e a razão social da terra, nesta última com destaque para a produção de alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxicos e que possam ser acessados pela população, especialmente a de baixa renda. Comer bem é um direito, e isso está muito claro para o MST.
Com o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular”, o MST retorna ao cenário nacional de mobilização popular e pauta governos das três esferas da federação sobre a importância e a urgência histórica de ser efetivada a Reforma Agrária neste país. A cesta de reivindicações não apresenta nada que fuja ao roteiro dos direitos fundamentais de um cidadão brasileiro: terra, comida, educação e condições de produzir seu alimento. É uma luta que perdura há décadas, com avanços, silêncios, prisões injustas, assassinatos encomendados e retrocessos que somam para a construção de cenários de miséria e fome ao longo das estradas.
O MST tem em sua plantação de lutas sementes estruturantes, que exigem uma decisão firme, mais justa do que corajosa, do governo, dado o enfrentamento com as burguesias agrária e financeira que dominam este país. É coragem forjada na caminhada e clareza construída a cada confronto. Essa jornada deveria ser de todos nós.