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Luta pela terra

MST denuncia ação da PM contra acampamento ‘Palestina Livre’

A organização sem terra afirma que mais de 60 barracos foram danificados e que as famílias sofreram tortura física e psicológica

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) denunciou que, na madrugada de segunda-feira (8), o Acampamento Palestina Livre, no município de Juscimeira, foi invadido por forças policiais do estado. A organização sem terra afirma que mais de 60 barracos foram danificados e que as famílias sofreram tortura física e psicológica.

Confira, abaixo, a nota que o MST endereçou a diversos órgãos públicos em denúncia ao caso:

Denuncia Pública do MST no Mato Grosso

À Corregedoria Geral da Polícia de MT

Ouvidoria de Polícia de MT

Ministério Público Estadual de MT

Ministério Publico Federal

Fórum Estadual e Conselho Estadual de Direitos Humanos de MT,

Hoje, 8 de julho de 2024 por volta das 4 horas da manhã, o Acampamento Palestina Livre, localizado dentro do Assentamento Egídio Brunetto, Municipio de Juscimeira-MT em uma área cedida para o mesmo, foi invadido por uma operação truculenta das várias forças policiais do MT: Força tática, Rotan, Patrulha Rural, PM, Polícia Civil… essas que conseguimos identificar.

Segundo o Comandante Handson, “essa operação era para capturar e prender Rafael Amorim de Brito, um bandido foragido e perigoso da qual suspeitavam que estivesse no acampamento”.

A ação foi de forma violenta, com tortura psicológica, física e com danos em mais de 60 barracos, o qual detalhamos abaixo:

As famílias foram brutalmente despertadas com ameaças e levadas para o barracão comunitário sem saber o que estava acontecendo. Um morador em especial foi pego e queriam que dissesse onde estava o bandido, o acusando de estar mentindo, o mesmo foi chamado várias vezes de vagabundo, ameaçaram que iam dar “uma taca” aí queriam ver se ele não falava, em um momento das ameaças um dos policiais deu um soco nas costas do mesmo. Outro morador que também suspeitavam que poderia ter informações sobre o procurado foi buscado no seu local de trabalho que é o frigorífico na vila nova em Juscimeira, trazido de camburão, levaram o mesmo numa estrada a margem do rio prata e fizeram muitas ameaças, o mantiveram sentado ao chão sobre muita pressão, pois afirmavam que o mesmo estava junto com o bandido no domingo, esse mostrou no celular a foto do amigo que estava junto, só aí viram que tinha semelhança, nesse momento pediram desculpa e levaram o mesmo novamente ao seu trabalho.

Em outra situação, um policial ao chegar no barraco de uma família, saiu o pai, a mãe e uma adolescente de 14 anos assustados e o policial de forma truculenta e arrogante pediu somente para a adolescente levantar a blusa, numa atitude de assédio e de total falta de respeito.

Mais de 60 barracos foram arrombados e cortados as lonas em vários locais, mesmo os que estavam fechados com cadeado pra fora, outros nem porta tinham, outros as pessoas estavam no barraco e prestaram as informações e mesmo assim tiveram as lonas cortadas, essa atitude demonstra o total despreparo e desrespeito das forças policiais em lidar com trabalhadores e trabalhadoras. Cada barraco com mais de um corte na lona, sendo que de cara já viam que não tinha ninguém dentro. É verdade, são barracos, mas é a nossa casa, compramos as lonas e agora, quem vai nos dar outra?

Além de toda truculência com as famílias acampadas, fecharam a MT 373 em frente ao acampamento impedindo muitas pessoas irem ao trabalho na cidade e região, igualmente o ônibus escolar não pode passar e as crianças do Assentamento Beleza e Egídio Brunetto não puderam ir às aulas hoje, nessa que é a última semana antes das férias.

Mais uma vez a Polícia age com truculência e preconceito contra as famílias Sem Terra do MST, que estão na luta reivindicando junto ao Incra e o Gov. Federal seu direito a ter um pedaço de Terra pra viver e produzir alimentos. O acampamento é uma luta legítima para que a Constituição Federal seja cumprida e que as terras que não estão cumprindo sua função social sejam desapropriadas para fins de Reforma Agrária.

Quanto será que essa operação custou aos cofres públicos? Por que será que a polícia continua agindo e tratando trabalhadores como bandidos?

Nossa luta é legítima, no acampamento vivem mulheres, homens e crianças trabalhadoras, que acreditam na justiça e, portanto, pedimos que sejam apuradas todas essas irregularidades cometidas pelas polícias nessa operação desastrada e que a SETAC – Secretaria de Assistência do Estado reponha as lonas que foram rasgadas pela ação truculenta dos policiais.

Direção Estadual do MST no Mato Grosso

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