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HISTÓRIA DA PALESTINA

Mossad: uma agência de sionistas assassinos

Ao longo de décadas, esteve à frente de centenas de assassinatos, em especial de líderes palestinos da luta contra o sionismo

O Instituto para Inteligência e Operações Especiais, mais conhecido como Mossad, é a agência nacional de inteligência do Estado de “Israel”.

Compõe, junto com o Shin Bet e a Aman, a Comunidade de Inteligência Israelense, isto é, seu aparato de espionagem. Das três agências, é a mais conhecida, pois ao longo de décadas, esteve à frente de centenas de assassinatos, em especial de líderes palestinos da luta contra o sionismo.

Ao contrário do Shin Bet, que é um órgão de inteligência voltado à atuação interna (considerando os territórios palestinos), o Mossad é uma agência de espionagem que atua oficialmente em operações externas. É uma espécie de CIA israelense.

Oficialmente, suas funções são coleta de inteligência, operações secretas e combate ao terrorismo. O que significa dizer que os agentes do Mossad são responsáveis por coletar e sistematizar informações sobre as organizações que compõem a resistência a “Israel”, com a finalidade de perseguí-las. E, nessa perseguição, estão inclusos assassinatos dos militantes e lideranças.

O Mossad foi criado em 13 de dezembro de 1949 por recomendação de Davi Ben Gurion, fundador do Estado de “Israel”. A agência, basicamente um órgão de espionagem política, inicialmente tinha o nome de Instituto Central de Coordenação, e era subordinada a um órgão chamado Vaadat, cujo equivalente hoje em dia é o Ministério da Inteligência.

Contudo, no ano de 1951, houve uma reorganização do aparato burocrático do Estado israelense, e o Mossad passou a ser subordinado diretamente ao primeiro-ministro de “Israel”, continuando assim até hoje. Uma medida de centralização para que suas decisões não tenham que ser submetidas ao parlamento israelense. Não que o parlamento sionista seja democrático, muito pelo contrário. Mas a subordinação ao primeiro-ministro serviu para eliminar uma série de contradições e tornar o Mossad um aparato de perseguição política mais eficaz.

Desde então, “Israel”, com o apoio do imperialismo (Estados Unidos, especialmente), fez do Mossad uma das maiores agências de espionagem do mundo. Embora o número exato de funcionários seja sigiloso, estima-se que seja algo em torno de sete mil. Comparando, a CIA tem aproximadamente 21 mil, apenas o triplo, para um país que tem uma população trinta vezes maior do que a de “Israel”.

Além de ser um dos maiores órgãos de perseguição política do mundo, é também um dos mais sinistros. Basta observar sua estrutura interna. Ou ao menos o que se conhece dela, pois se trata de algo sigiloso. Contudo, ao que se sabe, o Mossad é composto das seguintes divisões:

Tzomet: a maior delas, responsável pela coordenação dos espiões que atuam nos outros países. Os funcionários da Tzomet atuam à paisana, por exemplo, como diplomatas;

Cesaréia: divisão encarregada de conduzir as ditas operações especiais, as quais, no Mossad, frequentemente acabam sendo operações para assassinar líderes e combatentes da resistência palestina ou contra o sionismo em geral. Para isto, dentro da divisão, há uma unidade chamada Kidon, voltada exclusivamente para o treinamento de assassinos de elite (Israel vs. Irã: A Guerra das Sombras, Potomac Books, Inc, 2012, página 91, por Yaakov Katz, Yoaz Hendel).

No mesmo sentido, segundo reportagem do jornal London Times, há outra unidade especializada em “assassinatos e sabotagem” chamada Metsada (Exposto o funcionamento do serviço secreto de Israel, London Times, 2 de agosto de 1996).

Ainda, segundo a própria imprensa sionista (jornal Yedioth Ahronoth), há uma divisão dedicada especialmente à vigilância eletrônica e a escutas telefônicas. No caso, o artigo fala especificamente sobre uma “revolução de gênero” nos quadros do Mossad, relatando casos de mulheres assumindo cargos de chefia nas divisões da agência de espionagem. Uma demonstração de que o identitarismo é uma política presente nas principais instituições sionistas, sendo, portanto, uma política imperialista (Bergman, Ronen (2 de outubro de 2017). “Revolução de gênero nas fileiras do Mossad”. Ynet. Recuperado em 29 de agosto de 2023).

Os agentes do Mossad que trabalham para essas divisões são, dentre outros, os Katsas, isto é, os oficiais de inteligência, responsáveis pela coordenação dos agentes que atuam em campo. São eles que trabalham para a divisão Tzomet. Há também os Kidon, ou seja, os assassinos da agência, que fazem parte dos quadros da Cesaréia (Licença do Mossad para matar, The Daily Telegraph, 17 de fevereiro de 2010).

Vale mencionar ainda os Sayanim, palavra que significa “ajudante” ou “assistentes”. Basicamente, são civis judeus ou simpatizantes do sionismo que são recrutados pelo Mossad para auxiliar suas ações no campo da espionagem e da desinformação. Podem atuar de forma remunerada ou voluntariamente. Algo semelhante ao que a CIA, o National Endowment for Democracy e a USAID fazem com as ONGs e seus funcionários (remunerados e voluntários) em todo o mundo (inclusive no Brasil). Atualmente, estima-se que existam aproximadamente quatro mil sayanim na Inglaterra e 16 mil nos Estados Unidos.

Munido desse enorme aparato de espionagem – o qual só foi possível de se construir com financiamento do imperialismo – “Israel” conseguiu, ao longo de décadas, assassinar centenas de líderes, combatentes, militantes, cientistas, poetas e personalidades que, de uma forma ou de outra, faziam da luta contra o sionismo. Segue abaixo a lista das pessoas assassinadas covardemente pelo Mossad:

  • 08/07/1972 – Ghassan Kanafani – Escritor Palestino – Membro da FPLP
  • 16/10/1972 – Abdel Wael Zwaiter – Poeta Palestino – Funcionário da Embaixada Líbia – Primo de Yasser Arafat – Representante da OLP
  • 08/12/1972 – Mahmoud Hamshari – Representante da OLP
  • 24/01/1973 – Hussein Al Bashir – Representante do Fatá
  • 06/04/1973 – Basil Al Kubaisi – Membro da FPLP – Professor da Universidade Americana de Beirute
  • 09/04/1973 – Kamal Advan – Membro do Comitê Central do Fatá e Comandante do Setembro Negro
  • 09/04/1973 – Muhammad Youssef Al-Najjar – Oficial do Setembro Negro e da OLP
  • 09/04/1973 – Kamal Nasser – Porta-voz da OLP – Poeta cristão palestino
  • 11/04/1973 – Zaiad Muchasi – Representante do Fatá
  • 28/06/1973 – Mohammad Boudia – Oficial do Setembro Negro
  • 27/03/1978 – Wadie Haddad – Comandante da FPLP
  • 22/01/1979 – Ali Hassan Salameh – Líder do alto comando da OLP e do Setembro Negro
  • 13/06/1980 – Yehia El-Mashad – Cientista Nuclear Egípcio
  • 01/09/1981 – José Alberto Albano do Amarante – Tenente-Coronel da Força Aérea Brasileira
  • 21/08/1983 – Mamoun Meraish – Oficial sênior da PL
  • 09/06/1986 – Khalid Nazzal – Secretário da FDLP
  • 21/10/1986 – Munther Abu Ghazaleh – Líder de alto escalão do Fatá e do Conselho Militar Supremo das Forças Revolucionárias Palestinas.
  • 16/04/1988 – Abu Jihad – Segundo no comando de Yasser Arafat
  • 14/07/1989 – Said S. Bedair – Cientista egípcio
  • 26/10/1995 – Fathi Shaqaqi – Fundador e Secretário-Geral da Jiade Islâmica
  • 12/01/2010 – Masoud Alimohammadi – Físico iraniano
  • 19/01/2010 – Mahmoud al-Mabhouh – Comandante militar sênior do Hamas das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam
  • 23/07/2011 – Darioush Rezaeinejad – Engenheiro elétrico iraniano
  • 12/11/2011 – General Hassan Tehrani Moghaddam – O principal arquiteto do sistema de mísseis iraniano e o fundador/pai das forças de mísseis balísticos com poder de dissuasão do Irã. Igualmente, líder da unidade de “autossuficiência” do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica
  • 11/01/2012 – Mostafa Ahmadi-Roshan – Cientista nuclear iraniano
  • 04/12/2013 – Hassan al-Laqqis – Comandante Militar Sênior do Hesbolá entre outros

Curiosamente, após os anos 2000, a maioria dos assassinatos pontuais perpetrados por “Israel” passou a ficar sob o encargo das Forças Israelenses de Ocupação, isto é, as próprias Forças Armadas.

Por um lado, é uma demonstração de que o sionismo não procura mais esconder a natureza nazista de sua perseguição aos palestinos. Por outro, mostra que a resistência palestina avançou e mudou de qualidade. Afinal, se antes sua base de organização era em outros países (como a Jordânia e o Líbano), agora a resistência encontra-se organizada na própria Palestina, diretamente vinculada às massas.

Alguns assassinatos continuaram a ser realizados pelo Mossad, com destaque para os de cientistas iranianos que trabalharam no programa nuclear do país persa. Da mesma forma, assassinato de militares iranianos de alta patente. Em outras palavras, como Irã ao longo dos anos conseguiu se tornar um Estado forte, com amplo desenvolvimento de sua indústria militar, a ponto de ser capaz de reagir a uma investida direta de “Israel”, os sionistas continuaram a usar o Mossad e suas operações secretas para assassinar pessoas importantes para o desenvolvimento e soberania no Irã.

Contudo, todos esses assassinatos foram e continuam sendo inócuos para derrotar a resistência palestina e de todos os povos árabes e muçulmanos que travam a luta contra o sionismo. Pelo contrário, os assassinatos só serviram para enfurecer ainda mais esse povo martirizado. Após centenas de assassinatos, o Hamas é maior do que jamais foi, e segue impondo a “Israel” derrotas atrás de derrotas desde o dia 7 de outubro, data da Operação Dilúvio de al-Aqsa.

O mesmo vale para as demais organizações que compõem o Eixo da Resistência, em especial o Hesbolá e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, que viram dezenas de seus líderes e combatentes serem assassinados ao longo dos anos pelo Mossad. Contudo, seguem mais forte do que nunca, em especial o Hesbolá, que graças aos seus ataques revolucionários contra o norte de “Israel”, presta valoroso auxílio militar à resistência palestinas e aprofunda a crise entre a população do Estado sionista e os seus governantes.

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