Nesta quarta-feira (11), morreu, aos 86 anos, o ditador fascista peruano Alberto Fujimori. Ele passava por um tratamento contra um câncer na língua e possuía uma série de problemas de saúde, como respiratórios e neurológicos, além de hipertensão.
No dia 19 de junho, Alberto Fujimori havia anunciado sua filiação ao partido de sua filha, Keiko Fujimori. Um mês depois, no dia 14 de julho, sua filha afirmou que ele concorreria à Presidência do país em 2026 pelo partido Força Popular.
No final de 2023, Fujimori foi liberto da prisão após cumprir 16 anos de uma pena de 25 anos por violação de direitos humanos e corrupção. O ditador governou o país latino-americano de 1990 até 2000, impondo um regime de terror contra o movimento operário e comunista, sendo o principal responsável pela repressão sanguinolenta ao partido peruano Sendero Luminoso.
A ditadura de Alberto Fujimori
No final da década de 1980 e início dos anos 1990, o Peru enfrentava uma situação revolucionária e crítica, marcada pela forte oposição ao governo, insurgências armadas e uma economia prestes a entrar em colapso. O grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, apesar de sua política confusa, conseguiu abrir uma guerra civil que revelou a profundidade da crise nacional.
Nesse cenário de caos, emerge Alberto Fujimori, um candidato inicialmente pouco conhecido, de origem nipo-peruana, que derrotou o renomado escritor Mario Vargas Llosa, um dos grandes nomes da direita peruana e internacional. Fujimori assumiu a presidência prometendo ordem e progresso, mas seu governo logo mergulhou em crises de diferentes naturezas.
Para atacar o Sendero Luminoso, Fujimori contou com a ajuda de Vladimiro Montesinos, um ex-militar e agente da CIA, que se tornaria o homem forte do regime. A estratégia do governo incluiu o aumento da repressão por meio dos esquadrões da morte e a organização de milícias no campo, conhecidas como rondas campesinas, que tiveram papel crucial no desmantelamento da guerrilha.
Paralelamente, Fujimori implementou políticas neoliberais drásticas que levaram a uma destruição total dos direitos trabalhistas e ao enfraquecimento da mobilização sindical.
O Sendero Luminoso, sem uma estratégia política concreta além da luta armada, foi derrotado. Sua política de equilíbrio e conciliação de classes, apesar da radicalização, leva à crise do movimento guerrilheiro, que é duramente perseguido. Os militantes do Sendero Luminoso sofrem execuções em massa, até dentro da prisão, e depois são caluniados. Os relatórios publicados pelo governo apontam que cerca de 60 mil pessoas morreram no Peru, mas, na realidade, morreram muito mais.
Depois de derrotar a guerrilha, o governo prendeu seus principais líderes e conseguiu retomar o controle da maior parte do Peru. A guerrilha do Sendero Luminoso no país foi completamente exterminada, embora ainda exista de forma minoritária.
O governo Fujimori, no entanto, enfrentou uma série de escândalos de corrupção. A burguesia começou a se desfazer de um instrumento extremamente violento como sua ditadura. Fujimori, apoiado por um golpe de Estado pouco depois de ser eleito, fechou o Congresso, foi chamado de ditador até mesmo pela Folha de S.Paulo na época.
No final do seu governo, ele estava com um poder exagerado, algo comum em governos ditatoriais, e isso levou à sua queda. O governo Fujimori terminou e voltou o governo de Alan García, que enfrentou uma situação mais estável.
A política de choque neoliberal do governo Fujimori colocou os sindicatos na defensiva e diminuiu a mobilização dos trabalhadores. Mesmo assim, o governo se desgastou muito e, no final, houve várias mobilizações enormes no Peru contra ele. Isso levou à vitória de um candidato ligado ao bloco nacionalista, Ollanta Humala, que foi um oficial do exército na época do Fujimori e organizou um levante fracassado.