Na última quinta-feira, dia 4 de abril, uma porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI), declarou que “o progresso alcançado pelo governo do presidente ultraliberal argentino, Javier Milei, é ‘impressionante’, mas ‘o caminho para a estabilização nunca é fácil”. (Portal MSN, 05/04).
O organismo financeiro, responsável pelo receituário que levou diversos países (particularmente os pobres) à devastação econômica, endividamento extremo e à pobreza, apoia o tresloucado mandatário argentino desde que ele assumiu o cargo, em dezembro, com o objetivo de atingir um déficit zero em 2024, ainda que isso venha a custar a destruição da economia nacional, o ataque brutal aos trabalhadores e aos direitos sociais, às aposentadorias, de liquidação do parque industrial do país com as privatizações e o leilão do patrimônio público portenho; ou seja, o FMI apoia o plano “motosserra” de Javier Milei para cortar gastos públicos, empurrando a Argentina para uma etapa de completa bancarrota social e econômica.
Julie Kozack, diretora de comunicações do Fundo Monetário Internacional, disse que “o progresso até agora tem sido impressionante” (idem, 05/04). Impressionante para quem, fica a pergunta. O governo Milei vem atacando impiedosamente todas as conquistas sociais das massas populares do país. A pobreza atingiu 41,7% de argentinos. Esse percentual significa, em números, que mais de 12 milhões estão na linha de pobreza. Milei atacou as estatais, cortando 53% dos gastos com as empresas públicas. Os sindicatos do setor público protestam nas ruas contra a demissão de quase 15 mil funcionários.
No início da década de 80 do século passado, o Brasil – ainda sob o regime dos generais golpistas de 1964 – recorreu ao Fundo Monetário Internacional, sob o argumento (falacioso) de que era necessário “equilibrar as contas públicas do país”. O que se viu, no entanto, foi o aprofundamento da dependência nacional em relação à banca financeira internacional, com consequências desastrosas para a economia brasileira, e particularmente para os trabalhadores, que amargaram um dos mais brutais ataques às suas condições de vida, com o poder de compra dos salários despencando o poder; uma inflação galopante que chegou aos 80% ao mês, percentual nunca antes visto, política essa que teve continuidade mesmo com o encerramento do ciclo dos governos militares, com a presidência sendo entregue a um civil através de eleições indiretas, que nada mais era do que um aliado serviçal da ditadura, José Sarney. Não por acaso, os anos oitenta ficaram conhecidos como a “década perdida”.
O atual modelo econômico argentino, que vem sendo implementado pelo governo ultraneoliberal de Milei, e que vem merecendo rasgados elogios do FMI é o sonho dos economistas do fundo, que desejam o mesmo receituário para os países das Américas; vale dizer, uma política de terra arrasada contra o país e os trabalhadores; rebaixamento salarial; desemprego; corte nos gastos públicos (déficit zero) e o desmantelamento das estatais para beneficiar o grande capital privado. Será que no Brasil estamos indo para o mesmo caminho?