O imperialismo vive hoje uma das maiores crises que já viveu na história. Após a derrota no Afeganistão e na Ucrânia, agora o mundo assiste sua derrota contra a resistência palestina e sua face mais sanguinária. Não é à toa, que o movimento estudantil nos Estados Unidos, centro do imperialismo mundial, está hoje em sua maior mobilização desde a guerra do Vietnã contra o governo Biden, que mesmo com toda propaganda de civilizado, mostra ser um dos governos mais brutais da história humana.
Já são quase 2000 estudantes que se manifestam em defesa da Palestina presos nos EUA, e seu movimento já se tornou internacional e conta com mais de 50 universidades ocupadas ou mobilizadas. Além disso, somam-se as manifestações gigantescas que ocorrem não só nos países próximos à Palestina, mas por toda a Europa e no próprio EUA.
No Brasil o movimento em defesa da Palestina nas ruas, com a exceção do Partido da Causa Operária, é ainda quase nulo. Isso se deve, principalmente, a capitulação do PT diante dos sionistas, que se recusa a chamar uma manifestação, uma conferência ou tomar qualquer atitude diante do ocorrido, mesmo sendo o maior partido da esquerda brasileira.
Outro problema são os setores da esquerda que até defendem os palestinos, e fingem fazer algo nas ruas, mas se recusam a defender qualquer medida mais ativa, especialmente no sentido de mobilizar o povo. E, para piorar, mesmo se declarando organizações revolucionárias, caíram na armadilha do identitarismo e não defendem, nem mortos, os grupos que hoje pegam em armas para defender os palestinos. Nenhuma destas organizações, PSTU, PSOL, PCB, UP, etc, se esforça para tirar um panfleto, um cartaz, um adesivo, gravar um vídeo para levar a campanha para o povo e para os estudantes.
Sendo assim, o problema aqui é justamente que os estudantes, mesmo querendo lutar pela Palestina, não são convocados ou organizados para tal. É mais uma expressão da crise nas direções da esquerda e, em particular, do movimento estudantil.
A solução é clara! Os estudantes devem fazer como estão fazendo nos EUA, Alemanha, França, Canadá, Austrália, Irlanda, México e Suíça. É preciso ir para as bases, reconstruir as organizações estudantis brasileiras de sala em sala, de CA em CA. Ocupar as universidades, escolas, museus e o que mais for preciso para que os palestinos sejam vitoriosos e o genocídio na Palestina termine de uma vez por todas.
Só nos Estados Unidos, país que se reivindica como mais democrático e libertário do mundo, vários acampamentos foram desmantelados a força bruta, e milhares foram presos e agredidos. Na Universidade da Califórnia, Los Angeles, centenas de policiais esvaziaram um acampamento, derrubando barreiras e detendo mais de 200 manifestantes. Já na Universidade de Virgínia, dezenas de policiais em trajes de proteção usaram sprays químicos para dispersar os alunos, como informou o jornal estudantil The Cavalier Daily.
Manifestantes acampados dentro da Universidade Columbia, o epicentro em Nova York dos protestos estudantis, reclamaram da brutalidade policial quando as forças repressivas desocuparam a faculdade.
Na França, A polícia evacuou à força os manifestantes de uma ocupação pró-palestinos na Sciences Po em Paris, a principal escola de ciência política do país. Autoridades disseram que 91 pessoas foram presas.
O administrador interino da Sciences Po, Jean Basseres, rejeitou uma demanda estudantil para examinar os vínculos da instituição com universidades israelenses.
Na Universidade Paris-Dauphine, os administradores proibiram uma conferência envolvendo Rima Hassan, uma especialista franco-palestina em direito internacional que tem sido vocal na condenação do genocídio em Gaza.
Na Alemanha, a polícia interveio na sexta-feira (3) para evacuar os manifestantes do lado de fora da Universidade Humboldt, no centro de Berlim. Os manifestantes foram removidos à força. O prefeito de Berlim, Kai Wegner, criticou o protesto, dizendo no X que a cidade não queria ver eventos como os nos EUA ou na França.
No Canadá, os estudantes protestaram contra o genocídio em Gaza em várias cidades, incluindo Montreal, Ottawa, Toronto e Vancouver. Centenas de manifestantes se juntaram ao primeiro e maior acampamento, na Universidade McGill, em Montreal, diante de ameaças de desocupação policial. Eles prometeram permanecer lá até que McGill corte todos os laços financeiros e acadêmicos com Israel.
Na Austrália, na Universidade de Sydney, manifestantes pró-Palestina estão acampados há 10 dias em um gramado verde em frente à universidade. Eles querem que ela corte os laços com instituições israelenses e rejeite financiamento de empresas de armas.
Na Irlanda, estudantes da Universidade Trinity College Dublin começaram um senta-se na sexta-feira, descrevendo o protesto como um “acampamento de solidariedade com a Palestina”.
No México, dezenas de estudantes da maior universidade do país, a Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), montaram um acampamento na capital, cantando “Palestina Livre” e outros slogans pedindo justiça para o povo palestino.
Eles querem que o governo mexicano corte todos os laços com Israel.
Na Suíça, aproximadamente 100 estudantes ocupam desde quinta-feira a entrada de um prédio na Universidade de Lausanne, pedindo um boicote acadêmico a Israel e um cessar-fogo imediato em Gaza.
Os exemplos ao longo do mundo deixam o recado. Nos principais países imperialistas, a juventude se levanta e com ela, chama toda a classe trabalhadora a se levantar contra o imperialismo, como já fez outras vezes na história. No Brasil a juventude deve fazer o mesmo!
É hora de reconstruir a UNE e a UBES pela base. Se as grandes entidades estudantis, que contam com milhares de estudantes em suas bases, não vão fazer nada, os estudantes devem fazer com as próprias mãos. Se você é estudante, ou não, entre em contato com o PCO para se armar de materiais e convencer cada vez mais jovens a também ingressarem nesta luta.