Nesta segunda-feira (30), Andrii Sybiha, ministro das Relações Exterirores da Ucrânia, esteve em Damasco (capital da Síria), reunindo-se com o líder do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), Ahmed al-Sharaa (Abu Muhammad al-Julani) e outros membros do governo golpista.
Durante a reunião, o novo ministro das Relações Exteriores da Síria, Asaad Hassan al-Shibani, expressou ao seu homólogo ucraniano o desejo de estabelecer uma “parceria estratégica” entre a Síria e a Ucrânia. No mesmo sentido, Andrii Syhiba declarou que “estamos ansiosos pelo reconhecimento mútuo da soberania dos dois países para que possamos concluir a representação diplomática na Síria”, acrescentando que “acreditamos que as relações ucraniano-sírias testemunharão um grande desenvolvimento”.
Em demonstração da utilização da Ucrânia como ponta de lança do imperialismo, Syhiba afirmou que a Ucrânia busca o fim da presença Russa na Síria, e que “acreditamos que, de um ponto de vista estratégico, a remoção da presença da Rússia na Síria contribuirá para a estabilidade não apenas do estado sírio, mas de todo o Oriente Médio e África”. Em comentário à emissora Al Jazeera, analista político de nome Dmitry Bridzhe, avaliou que “se a Rússia perder a Síria e seus portos em Tartous e Latakia, isso criaria enormes problemas para os interesses russos também na África“. Sobre isto, circulam em canais de Telegram vídeos de autenticidade não confirmada, que mostram que postos de controle foram estabelecidos por mercenários do HTS em Lataquia, para supervisionar a saída de militares russos da Base Aérea de Khmeimim, e teriam vasculhado o local.
As ligações entre a Ucrânia e o Hayat Tahrir al-Sham não são recentes. Conforme noticiado em setembro de 2024 por órgão de imprensa turco, a ditadura de Zelenski estabelecera relações com o HTS, através das quais o país do leste europeu teria fornecido várias dezenas, ou mesmo algumas centenas de VANTs (drones) aos mercenários do HTS, e enviado militares ucranianos para treiná-los na operação das aeronaves não tripuladas e em outros métodos de guerra militar eletrônica. Em troca, o HTS teria libertado de suas prisões mercenários islâmicos chechenos, georgianos e outros para que a Ucrânia os utilizasse contra a Rússia e a Chechênia. Já em maio, conforme noticiado pelo órgão de imprensa Rybar, grupos de mercenários albaneses que haviam combatido na Síria nas fileiros do HTS foram capturados na Ucrânia.
Cumpre informar ainda que no domingo (29), dia anterior da visita do chanceler ucraniano, Ahmad al-Sharaa (Abu Mohammad al-Julani), líder do HTS, declarou que “o processo de redação da constituição pode levar cerca de três anos”. Quanto à organização de eleições, “pode levar quatro anos”, fato que não será condenado efetivamente pelo imperialismo, na medida em que Al-Julani e o HTS continuarem a serviço dos EUA e de “Israel” contra o Eixo da Resistência; da mesma forma que o imperialismo e seus órgãos de imprensa não condenam a ilegitimidade do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, cujo mandato já terminou há meses, e não há previsões concretas de novas eleições presidenciais na Ucrânia.